Scheila Carvalho remove ácido hialurônico do rosto e se choca com o resultado: “Meu olhar abriu”

Graças ao avanço da ciência moderna, hoje conhecemos muitos prós e contras dos procedimentos de higiene e cosméticos. As mulheres de séculos passados também desejavam manter a saúde e, ao mesmo tempo, parecer atraentes. No entanto, para atingir esses objetivos, às vezes recorriam a meios totalmente desconcertantes.
Costuma-se acreditar que na Idade Média havia uma terrível falta de higiene nas ruas e que as pessoas faziam suas necessidades onde bem entendessem. No entanto, na realidade, a lei obrigava moradores e visitantes a usarem banheiros públicos ou dependências próprias. Os infratores podiam acabar levando uma bela bronca. Muitas vezes, o banheiro era instalado no segundo ou terceiro andar e conectado por um cano de drenagem a uma fossa.
Alguns espertinhos tentavam economizar e não instalavam os canos, fazendo com que todos os dejetos escorressem diretamente para o pátio, acumulando-se junto às paredes dos prédios vizinhos. Outros proprietários limpavam as fossas com pouca frequência, o que levava ao seu transbordamento. Tudo isso causava sérios conflitos entre vizinhos, e por isso, no século XIII, foi criada em Londres uma legislação que regulamentava a localização de fossas e latrinas.
Muitos prédios em bairros pobres eram construídos sem banheiros. Mas isso não significava que os moradores ficavam sem saída. Na maioria das grandes cidades sempre havia alguns banheiros públicos. Normalmente, eles eram construídos às margens de rios ou sobre pontes, para que os dejetos fossem lavados diretamente pela água. Muitos desses locais eram erguidos com dinheiro de benfeitores e eram gratuitos.
Outros eram alugados a empresários por longos períodos, e estes tinham a obrigação de manter os banheiros limpos e em ordem. Por isso, os arrendatários provavelmente cobravam uma pequena taxa dos visitantes. O maior banheiro público de Londres foi construído na década de 1420. O prédio era dividido em duas partes: uma feminina e outra masculina. Cada lado tinha 64 assentos, ou seja, o banheiro podia acomodar até 128 pessoas simultaneamente.
Na Idade Média, seios fartos não eram admirados. As mulheres nobres geralmente contratavam amas de leite para alimentar os filhos, então seios volumosos eram considerados vulgares. Um modo de contornar isso era usar uma toalha grossa; por isso, as jovens eram aconselhadas a enfaixar o busto para não parecerem plebeias. Outras mulheres usavam roupas íntimas semelhantes aos sutiãs modernos.
Costuravam-se dois saquinhos na camisa de baixo, que podiam ser ajustados com alças. As moças vestiam essa camisa pela manhã, colocavam os seios nos saquinhos e apertavam as alças. Algumas chegavam a levantar o busto para chamar a atenção dos homens — algo considerado extremamente indecente. Já as que tinham seios maiores costuravam saquinhos menores para escondê-los.
Na era do Renascimento, a verdadeira beleza feminina era representada por seios pequenos e perfeitamente arredondados, lembrando maçãs. Se a moça não tinha esse tipo de busto, ela era aconselhada a esfregá-lo com uma pasta feita de cominho moído e água, depois envolvê-lo com um pano embebido em vinagre e ficar assim por três dias. Mais tarde, os espartilhos entraram na moda e livraram as damas de muitos desses problemas.
No final do século XVI, o açúcar começou a ficar mais barato, tornando-se acessível até para a classe média. Com isso, cresceu o número de pessoas na Europa com problemas dentários. No entanto, os médicos da época não relacionavam o consumo de açúcar com a deterioração dos dentes. Pelo contrário: propunham tratar doenças dentárias com ele.
Um dos enxaguantes bucais mais populares era feito com pedra moída, resina de árvore, açúcar de confeiteiro e água de rosas. O produto refrescava o hálito por um tempo, mas com o uso contínuo só piorava a saúde bucal. Para conseguir um sorriso branco, as pessoas esfregavam os dentes com pó de alume triturado ou pérolas moídas. Isso realmente removia a placa, mas também destruía o esmalte.
No século XVII, barbeiros usavam limas de metal para branquear os dentes. Infelizmente, o efeito era o mesmo do pó de pérola: o esmalte era danificado e, depois, os próprios dentes se perdiam.
No século XIX, para confeccionar apliques e perucas, era necessário uma quantidade absurda de cabelos. Comerciantes vasculhavam vilarejos em busca de jovens com longas tranças. As moças se submetiam ao corte de bom grado, pois recebiam uma quantia considerável pelos cabelos. Em algumas cidades, isso se tornava até um espetáculo público.
As garotas com longas madeixas subiam ao palco, e os interessados nos cabelos participavam de um leilão. Em alguns lugares, as autoridades proibiram cortes públicos e exigiram que as vendas fossem feitas apenas em feiras, em tendas específicas. Para que o cabelo crescesse novamente, era necessário de 3 a 4 anos. Alguns comerciantes espertos davam um adiantamento às moças e voltavam anos depois para comprar a nova remessa.
A situação mudou quando muitas moças deixaram os vilarejos e foram viver nas cidades. Queriam usar chapéus elegantes — que exigiam cabelos longos. Assim, elas passaram a permitir que apenas algumas mechas fossem cortadas na nuca, e escondiam isso com penteados elaborados.
No final do século XIX, quando os chapéus gigantes se tornaram moda, a demanda por cabelo aumentou ainda mais. Esses chapéus eram fixados com “ratos” — bolinhas feitas de cabelo. Foi então que os comerciantes encontraram uma nova fonte: os conventos. Dizem que um desses locais vendeu cabelos, nos anos 1890, por 657 mil libras esterlinas.
Até a segunda metade do século XIX, o papel higiênico não era muito popular em alguns países, embora os fabricantes se esforçassem para convencer as pessoas a comprar esse item de higiene. No entanto, muitos achavam um desperdício gastar dinheiro com papel quando havia alternativas gratuitas e bastante práticas. Por isso, as pessoas costumavam ir ao banheiro com espigas de milho. Muitos destacavam que a palha era suficientemente macia e o formato da espiga era ideal para essas finalidades.
Nos navios, em vez de papel higiênico, usava-se um “pano rebocador”. Uma corda gasta e macia era amarrada na parte do navio onde os marinheiros normalmente faziam suas necessidades. Depois de usada, a “corda rebocadora” era jogada de volta ao mar para que as ondas a limpassem. O banheiro geralmente ficava na proa, perto da base do gurupés, para que as ondas lavassem todos os resíduos.
Normalmente, havia um ou dois assentos de madeira com um tubo metálico para escoamento dos dejetos. No entanto, usar esse tipo de banheiro era perigoso, e os marinheiros corriam risco ao fazer suas necessidades ali. Ondas mais altas podiam facilmente passar pela grade na base do gurupés e arrastar alguém para o mar. Alguns marinheiros, com medo pela própria vida, preferiam procurar um canto escondido no porão. Para evitar a falta de higiene a bordo, havia na tripulação uma pessoa encarregada de flagrar esses infratores.
Antes do avanço da medicina moderna, os pesquisadores entendiam muito pouco sobre a menstruação feminina. Muitos estudiosos acreditavam que todo alimento ingerido pelo corpo humano se dividia em quatro fluidos básicos. Os homens, devido às suas características físicas, conseguiam absorver esses fluidos, mas as mulheres precisavam se livrar do excesso — e assim surgiriam as menstruações. Acreditava-se, inclusive, que as moças nesse período não deviam se olhar no espelho, pois ele se quebraria, nem caminhar sobre a grama, pois toda a vegetação murcharia.
Mas, de um jeito ou de outro, as mulheres precisavam sair de casa. Para evitar constrangimentos, no século XVIII elas usavam absorventes caseiros. Um palito esculpido do tamanho de um dedo mínimo era enrolado com panos de linho, bem costurados. Prendia-se um cordão comprido à peça, e algumas mulheres, por segurança, amarravam os absorventes à perna. Eram descartáveis. Outra opção era um saquinho recheado com algodão ou esponja. Esses podiam ser reutilizados, desde que o saquinho fosse fervido e o enchimento substituído.
Na segunda metade do século XIX, muitos moradores das grandes cidades sofriam com a poluição, já que a maioria das casas era aquecida por fornos a carvão. Preocupados com a saúde dos pacientes, os médicos recomendavam aos homens que deixassem crescer barbas espessas. Acreditava-se que os pelos impediam a entrada da fumaça nociva e de bactérias no organismo dos cavalheiros. Outros pesquisadores diziam que a barba ajudava a relaxar a garganta, o que evitaria dores após discursos públicos. Infelizmente, a medicina moderna refutou ambas as teorias.
Na era vitoriana, surgiram muitas invenções curiosas destinadas a melhorar a saúde de homens e mulheres. Infelizmente, muitas delas não pegaram por vários motivos. Por exemplo, no século XIX, uma das doenças mais comuns e perigosas era a cólera. Os médicos não sabiam como combatê-la, mas acreditava-se que o frio contribuía para a enfermidade. Por isso, inventaram o chamado “cinto contra a cólera”, que deveria manter o estômago aquecido.
Nos anos 1870, a moda ditava que a mulher ideal devia ter cintura fina e seios volumosos. Para conseguir esse efeito, as damas se apertavam cruelmente em espartilhos. Isso causava enorme desconforto, mas nenhuma mulher se atrevia a aparecer em público sem ele — seria vista como devassa. Para aliviar um pouco esse sofrimento, inventaram o espartilho com seios infláveis. Dois sacos de borracha eram costurados na peça e conectados a um tubo. Assim, a mulher podia inflar os sacos para aumentar os seios quando desejasse.
Até o século XVIII, cuidar dos cabelos significava basicamente pentear, alisar e tentar evitar a calvície. Os fios eram penteados não apenas para desembaraçar, mas também para remover parasitas e sujeira. Um dos mais antigos artefatos com inscrições do primeiro alfabeto foi encontrado justamente em um pente. A peça foi feita entre 1700 e 1550 a.C., e o artesão gravou nela a seguinte bênção: “Que ele elimine os piolhos de sua barba e cabelo”.
Essas ferramentas continuaram sendo usadas na Idade Média. Além disso, espalhava-se pó perfumado na cabeça para que os cabelos exalassem um aroma agradável. As mulheres usavam toucas e gorros — não apenas como enfeite. O tecido absorvia a oleosidade, protegia do pó, e os fios não encostavam na pele suada do rosto e pescoço, mantendo-se limpos por mais tempo.
Para engrossar os cabelos, recomendava-se uma mistura de pão de cevada queimado, sal e gordura de urso. Para dar um tom dourado, usava-se uma máscara de repolho triturado com pó de buxo ou marfim — a pasta deveria ter um tom amarelo intenso.
O xampu só se popularizou no século XVIII e veio da Ásia. Curiosamente, a palavra originalmente significava “massagem”. Um dos viajantes decidiu experimentar o procedimento e teve o corpo e a cabeça completamente massageados, e até os ouvidos limpos. O “lavar com xampu” lhe pareceu uma verdadeira provação.
A partir do século XII, fez muito sucesso entre as mulheres o livro Trotula. Ele reunia receitas médicas e cosméticas para todas as ocasiões. Mas algumas delas hoje parecem, no mínimo, questionáveis. Na Idade Média, acreditava-se que pelos escuros e espessos no corpo feminino eram sinal de desequilíbrio, e muitas tentavam se livrar deles.
Um dos métodos mais eficazes (e perigosos) era uma solução de arsênico com cal virgem. O mais difícil era lavar o produto a tempo — caso contrário, surgiam sérios problemas de pele. Outro método, mais recente, propunha uma pasta feita com banha de porco, mostarda e zimbro.
Sanguessugas medicinais já eram usadas no Egito, na Grécia e em Roma, mas foi no século XIX que a demanda por esses animais atingiu o auge. Um médico francês afirmava que as sanguessugas podiam curar qualquer doença. Como resultado, só um hospital, entre 1830 e 1836, usou mais de dois milhões delas.
Foram criados recipientes especiais para transportá-las através do oceano. Farmacêuticos exibiam vasos decorativos com sanguessugas em suas lojas, e as damas até bordavam sua imagem em vestidos de festa. Esse fascínio generalizado levou à quase extinção das sanguessugas em várias regiões da Europa. Assim, governos de vários países passaram a restringir sua coleta para preservar a espécie.
Aliás, muitos dos procedimentos de beleza do passado hoje nos deixam cheios de perguntas.