11 Fatos sobre a civilização harapeana — um povo tão desenvolvido quanto os maias ou sumérios, porém ainda desconhecido para muitos

A civilização do Vale do Indo, também conhecida como civilização harapeana, existiu no vale do rio Indo entre os anos 2500 e 1700 a.C. Os historiadores discutem até hoje o que pode ter causado o fim de uma sociedade tão desenvolvida, responsável por dar ao mundo as bases da metalurgia, dos conhecimentos agrícolas e da construção. Seu período de apogeu foi relativamente curto, e as cidades que outrora eram densamente povoadas acabaram encobertas pela areia no decorrer dos séculos.

Nós, do Incrível.club, ficamos impressionados como uma civilização tão antiga já tinha conhecimentos tão desenvolvidos e condições básicas de qualidade de vida que ainda hoje não estão disponíveis em muitas cidades ao redor do mundo. Confira!

Cada residência tinha seu próprio banheiro

Foi a civilização harapeana que presenteou a humanidade com o primeiro sistema de esgoto do mundo. Quase 4 mil anos atrás, praticamente todos os prédios de suas cidades eram conectados por uma rede unificada de tubulações, através das quais os resíduos líquidos eram recolhidos para um reservatório e, depois de limpos, eram descartados. Além disso, toda residência tinha seu próprio toalete.

A tubulação era feita com tijolos cuidadosamente alocados de forma a impedir que os resíduos vazassem. E toda a rede era construída obedecendo um certo ângulo, para que todo o esgoto pudesse escorrer facilmente até cair no tanque principal ou ser descartado fora da cidade. O sistema era protegido dos resíduos sólidos por telas de madeira especiais. No mais, os próprios moradores levavam seus resíduos sólidos para o reservatório principal para não entupir o encanamento.

Claro, o sistema precisava de limpezas frequentes. Mas isso não era trabalho para escravos ou servos, e sim para trabalhadores da administração municipal. Em termos de desenvolvimento, o sistema de esgoto daquela época supera o de muitas cidades nos dias de hoje.

Alguns amuletos populares hoje em dia também podem ter nascido por lá

O nazar — também conhecido como olho grego — pode ser encontrado em feirinhas e lojas de artesanato ao redor do mundo hoje em dia, especialmente na Turquia e na Grécia, onde se popularizou. Esse amuleto costuma ser pendurado na porta de casa, no carro e até no chaveiro. Segundo a crença popular, ele protege o seu dono do mau-olhado.

É possível que essa tradição tenha sido criada pela civilização harapeana. Representações de um olho redondo com uma pupila no meio são encontradas frequentemente em artigos daquela época encontrados na região do vale do Indo. A propósito, também é possível vê-lo na famosa estátua do Padre Sacerdote.

Os harapeanos levavam o casamento bastante a sério

O relacionamento familiar e as cerimônias de casamento daquele período certamente apresentam algumas similaridades com as tradições encontradas atualmente no território da Índia moderna. Ao casarem, os homens colocavam um colar especial com a imagem de um animal no pescoço de sua esposa. A representação de determinado animal era o equivalente aos sobrenomes nos dias de hoje. Eles também podiam ser encontrados nos selos representativos daquela família, usados para marcar suas mercadorias e produtos. Dessa forma, era possível diferenciar os clãs entre si.

Os comerciantes costumavam casar-se com esposas de terras distantes como uma forma de garantir as relações comerciais com outras regiões. Quanto às mulheres, elas eram bastante respeitadas pela sociedade, como evidenciado pelas descobertas arqueológicas em antigos enterros nas cidades harapeanas.

Muitas cidades modernas têm infraestrutura urbana inferior à dos antigos assentamentos harapeanos

Todos os assentamentos harapeanos eram construídos seguindo um planejamento bastante rígido, e tinham um sistema administrativo bastante desenvolvido. A administração municipal, por exemplo, era responsável pelo sistema de esgotos e remoção dos resíduos sólidos. A largura das ruas e tamanho das fachadas das edificações eram estritamente regulados, e os cidadãos seguiam as regras rigorosamente. Extensões de fachada ou qualquer construção que avançasse ilegalmente sobre a área da rua eram impensáveis.

Aparentemente, não havia a figura de um governante central, embora existisse um sistema único de leis. Além disso, não havia uma divisão clara entre ricos e pobres: todos os cidadãos tinham o mesmo acesso aos benefícios da civilização.

Todo mundo tinha um ofício

As cidades harapeanas eram divididas em bairros, nos quais os cidadãos moravam de acordo com o seu ofício. Essa civilização dominava os fundamentos da metalurgia, e foi ela que desenvolveu a técnica da microfundição, da lapidação da cornalina e da escultura em ossos. No mais, eles sabiam fundir bronze, cobre, chumbo e estanho.

Nas cidades existiam joalherias e até fábricas de miçangas. A civilização harapeana era famosa por suas incríveis estatuetas. É até difícil de acreditar que elas foram feitas manualmente por pessoas que viveram mais de 4 mil anos atrás. A propósito, já existiam dentistas nas cidades do vale do Indo. Foram descobertos vestígios de tratamentos dentários nas escavações arqueológicas.

Os harapeanos lutavam principalmente contra a natureza, e não contra os vizinhos

Ao que tudo indica, a civilização harapeana não era beligerante. E embora as cidades fossem cercadas por muralhas, aparentemente os principais inimigos não eram povos vizinhos ou invasores, mas a própria natureza. As muralhas, primeiramente, deveriam salvar os moradores da cidade das enchentes. Além de todos os edifícios serem construídos sob elevações especiais de tijolo.

Os harapeanos mantinham um comércio bastante ativo com seus vizinhos. Em terra, as mercadorias eram transportadas em carroças movidas por touros. Esse método de transporte ainda é usado em algumas regiões até hoje. No caso de destinos mais distantes, como a Mesopotâmia, Egito e Creta, os produtos eram entregues por navio.

No mais, a civilização do Vale do Indo também foi a primeira a usar um método de cultivo de cereais pioneiro, que permitia fazer duas colheitas por ano plantando tipos de cereais diferentes. E tudo isso para evitar a ameaça da fome.

Todo cidadão tinha uma casa

Apenas as ruínas dos antigos edifícios harapeanos sobreviveram até hoje (foto à esquerda). No entanto, antigamente havia cidades bem planejadas e construídas seguindo um planejamento rígido em seu lugar (foto à direita).

Os edifícios eram construídos usando tijolos cozidos. E, curiosamente, a comida era preparada em fogões a lenha abertos localizados no pátio entre as casas. Os telhados costumavam ser planos, fazendo com que fosse mais fresco dormir à noite. Além de edifícios residenciais, as cidades também contavam com prédios municipais, lojas, fábricas, armazéns e templos. No mais, os primeiros escritórios também podem ter surgido por lá.

Na região do Vale do Indo, o período chuvoso poderia ser substituído por longas secas, que às vezes chegavam a durar algumas estações. Por causa disso, cada casa tinha também o seu próprio poço.

O banheiro não tinha muito luxo

Toda casa dispunha de um banheiro, porém ele era dividido em dois cômodos independentes: um para o banho e outro para a latrina. O ambiente para banho costumava ficar próximo da latrina e adjacente à parede externa da casa. Nas cidades harapeanas, além dos banheiros privados, também existiam as piscinas públicas.

Os historiadores, contudo, têm dificuldade para explicar o porquê de sua existência. É possível que para banhos públicos ou fins ritualísticos. As paredes e o fundo das piscinas eram forrados com tijolos e cobertos com betume para evitar vazamentos.

Brinquedos infantis já existiam naquela época

Muito provavelmente, o artesanato era uma atividade majoritariamente masculina, enquanto as tarefas domésticas ficavam sob a responsabilidade das mulheres. Apesar disso, elas eram bastante respeitadas e dispunham praticamente dos mesmos direitos que os homens. As crianças, por sua vez, frequentavam a escola ou ajudavam seus pais.

No mais, brinquedos encontrados por arqueólogos indicam que as crianças não se dedicavam apenas às tarefas escolares ou a ajudar os pais, mas também passavam o tempo brincando.

Alguns truques de beleza dos harapeanos são usados até hoje

Certamente, é difícil definir com precisão como eram as roupas usadas pelos harapeanos. A maioria das estátuas retrata homens e mulheres sem nenhuma vestimenta identificável. É sabido, porém, que essa civilização sabia como processar o linho e o algodão, e a lã podia ser comprada dos antigos sumérios. No mais, os tecidos para roupas eram certamente tingidos com substâncias naturais, como o açafrão, por exemplo.

Tanto homens como mulheres tinham apreço pelas joias, e usavam colares, anéis e braceletes. As mulheres embelezavam seus cabelos fazendo penteados rebuscados com a ajuda de alfinetes de osso. Para cuidar dos cachos e aplicar maquiagem, as harapeanas usavam pentes e outros instrumentos que ainda hoje podem ser encontrados nas bolsas de cosméticos das mulheres indianas. Durante as escavações, foram encontrados vasos que eram usados para guardar diferentes tipos de cosméticos.

Onde foi parar a civilização harapeana?

Até o momento, ninguém ainda encontrou a resposta para o desaparecimento da civilização harapeana. Alguns pesquisadores culpam a invasão da tribo ariana, que migrou para as terras onde viviam os harapeanos. No entanto, nenhum vestígio de grandes batalhas foi encontrado nas escavações.

Acredita-se também que uma mudança climática tenha motivado a decadência dessa civilização. Algumas cidades sofreram com fortes secas, enquanto outras acabaram destruídas pelas enchentes. Além disso, os rios mudaram seu curso, o que acabou enfraquecendo as relações comerciais com o Egito e a Mesopotâmia. Assim, as pessoas começaram a abandonar as cidades, fazendo com que os assentamentos harapeanos ficassem vazios.

Provavelmente, os harapeanos se deslocaram para o leste. A busca por vestígios dos representantes dessa civilização demorou muito tempo, mas os últimos resultados mostrados por exames genéticos permitem supor que os habitantes da Ásia Meridional certamente descendem dos antigos harapeanos.

Caso fosse possível viajar no tempo, que civilização do passado você gostaria de visitar? Já tinha ouvido falar na civilização harapeana e suas incríveis cidades? Conte para a gente na seção de comentários.