11 Casos da série “História Mal Contada” que seu professor de história esqueceu de mencionar

Curiosidades
13 horas atrás

Com frequência, os filmes de ficção moldam nossas ideias sobre eventos históricos e figuras do passado. Mas é importante lembrar que o objetivo principal dos cineastas é tornar a história atraente — e só depois, se possível, fiel aos fatos. Quando esses dois objetivos entram em conflito, acabamos guardando na memória versões distorcidas, e às vezes até absurdas, do que realmente aconteceu.

Calígula era um louco

Se acreditarmos na adaptação cinematográfica de 1979, Calígula era tão insano que chegou a ordenar que seu exército atacasse o mar. De fato, existiu essa ideia, mas ela tinha um caráter muito mais simbólico. Conhecido por seu humor satírico, Calígula usava essas ordens para construir uma imagem enigmática e provocadora de si mesmo.

Outros deslizes históricos do cinema sobre a Grécia e a Roma podem ser encontrados aqui.

Na Idade Média, as pessoas acreditavam que a Terra era plana

Uma ilustração do Códice Latino, do século XII, mostra a Terra com forma esférica

Às vezes se ouve dizer que Cristóvão Colombo realizou sua viagem para provar que a Terra era redonda. Na verdade, naquela época, as pessoas já sabiam muito bem que nosso planeta não era plano. Esse conhecimento vinha desde a Antiguidade.

Já no século IV a.C., Pitágoras, seguido por Aristóteles e Euclides, descrevia a Terra como uma esfera. Ptolomeu, em sua obra Geografia, tratava a esfericidade do planeta como um fato. Esse trabalho foi escrito 1.300 anos antes da viagem de Colombo e serviu como uma das principais referências para o lendário navegador português. O verdadeiro objetivo de sua expedição não era provar o formato da Terra, mas sim descobrir a extensão do oceano que pretendia atravessar.

Vestidos com amarração possuíam ilhós de metal

A amarração era uma parte essencial das roupas medievais, tanto masculinas quanto femininas, e é frequentemente utilizada por figurinistas no cinema. No entanto, os ilhós de metal, por onde se passa o cordão, só foram inventados no século XIX. Antes disso, os artesãos costuravam manualmente as bordas dos furos com linha, reforçando-os com pontos para evitar que se desfizessem.

Maria Antonieta disse “Que comam brioches”

Maria Antonieta é frequentemente retratada como alguém extravagante, cínica e indiferente ao sofrimento alheio. É a ela que se atribui a famosa frase “Qu’ils mangent de la brioche” (“Que comam brioches”, em português), supostamente dita ao saber que o povo passava fome e não tinha pão. Embora os historiadores concordem que os gastos da corte eram, de fato, exorbitantes, muitos contestam que a rainha tenha proferido palavras tão chocantes.

A biógrafa Antonia Fraser argumenta que essa frase seria completamente fora de caráter para Maria Antonieta — uma mulher inteligente, que ajudava os necessitados e contribuía generosamente com a caridade. Expressões como essa já haviam sido atribuídas a outras figuras históricas antes dela. Um exemplo é Maria Teresa, princesa espanhola que se casou com o rei Luís XIV em 1660.

James Cook descobriu a Austrália

Muitos ainda lembram dos tempos de escola que o capitão James Cook foi o descobridor da Austrália. Mas, na verdade, os europeus já sabiam da existência desse continente antes dele. A primeira chegada documentada de europeus ao território australiano ocorreu em 1606, quando o navegador holandês Willem Janszoon desembarcou por lá.

No mesmo ano, o explorador espanhol Luís Vaez de Torres atravessou o estreito que hoje leva seu nome. Ao longo do século XVII, outros 29 navegadores holandeses exploraram as costas oeste e sul da Austrália, batizando o território de Nova Holanda. Somente em 1770 James Cook cartografou a costa leste do continente.

O castelo medieval cheirava mal

Tanto nos livros escolares quanto em muitos filmes, a Idade Média é retratada como uma época sombria, marcada por falta de higiene e odores desagradáveis. Na realidade, as pessoas daquele período eram bastante cuidadosas com a higiene. A nobreza, por exemplo, tomava banho regularmente, muitas vezes utilizando infusões de ervas e se perfumando com água de rosas.

Os habitantes das cidades frequentavam banhos públicos. Já no século XIII, Paris contava com mais de 32 dessas casas de banho. Até mesmo cidades menores possuíam banhos públicos, que frequentemente funcionavam junto a padarias, aproveitando o calor gerado pelos fornos para aquecer a água.

Os faraós do Antigo Egito tinham ótimas condições físicas

Os faraós do Antigo Egito eram retratados como atléticos e musculosos. Na realidade, muitos deles tinham excesso de peso, frequentemente associado a problemas de saúde, como diabetes. Isso refletia o estilo de vida luxuoso e a indulgência alimentar. A lendária governante Hatshepsut, por exemplo, era visivelmente obesa e apresentava calvície, embora seu sarcófago tente nos convencer de que ela era uma mulher esbelta.

Roma foi um dos principais centros culturais da época do Renascimento

A época do Renascimento é fortemente associada à arte italiana, o que leva muitos a acreditar que Roma foi o principal centro cultural daquele período. Porém, a realidade foi outra: no início do século XIV, em 1309, o Papa transferiu sua residência para o sul da França, e a chamada Cidade Eterna começou a entrar em declínio. Durante o auge do Renascimento, a população de Roma caiu para apenas 10 mil habitantes, uma queda drástica, considerando que a cidade já abrigara cerca de um milhão de pessoas.

Da Vinci é o sobrenome do grande Leonardo

Na verdade, o icônico pintor não tinha sobrenome, pelo menos não no sentido moderno da palavra. “Da Vinci” pressupõe simplesmente “(natural) da cidade de Vinci”. Seu nome completo era Leonardo di ser Piero da Vinci, ou seja, “Leonardo, filho do senhor Piero, de Vinci”.

Os ninjas usavam roupas pretas e eram mestres em artes marciais

Graças aos quadrinhos e ao cinema, estamos acostumados a imaginar os ninjas como mestres invencíveis das artes marciais. De fato, eles sabiam lutar, mas sua principal função era a espionagem, não o combate direto, que evitavam sempre que possível, preferindo agir sorrateiramente.

Se os ninjas realmente usassem roupas pretas, seriam facilmente identificados, por isso seu visual variava bastante. Por exemplo, podiam se disfarçar com vestidos femininos, como na imagem acima. Frequentemente, usavam roupas de trabalho rurais em tons de azul escuro, que acreditava-se afastar cobras venenosas.

Joana D’Arc era uma pastora pobre

Na história da lendária Joana d’Arc, há muitos momentos sombrios, começando por seu próprio nome. A jovem nunca usava um sobrenome, apresentando-se como Joana, a Donzela. Muitos estudiosos afirmam que a grafia do sobrenome da heroína com apóstrofo está incorreta, e que o certo seria “Darc”. Outros, porém, defendem que a forma consagrada é a correta e que ela indica uma origem nobre para a Donzela de Orléans, jogando por terra o mito de que ela era uma simples camponesa. Na verdade, ela era uma mulher rica.

Com grande probabilidade, o verdadeiro sobrenome de Joana poderia ser o de sua mãe, de Romée, já que, na região onde nasceu a heroína nacional da França, era comum que moças solteiras fossem chamadas pelo sobrenome de solteira da mãe.

Além disso, a Donzela de Orléans não tinha um temperamento nada angelical, frequentemente era impulsiva e bastante difícil de lidar. Brigava com seus companheiros de batalha e causava grandes dores de cabeça a seus poderosos protetores. Joana também dominava a arte do sarcasmo. Quando, durante o julgamento, um padre com forte sotaque regional perguntou em que idioma as vozes falavam com ela, a jovem respondeu que em francês — e que, aliás, falavam muito melhor que ele.

A propósito, no filme de 1999 Joana d’Arc, Milla Jovovich viveu a Donzela de Orléans. Após esse papel, a atriz alcançou enorme sucesso. O trabalho é considerado um dos mais marcantes de sua carreira cinematográfica.

Embora alguns filmes não retratem fielmente os fatos históricos, muitos carregam significados profundos que, por vezes, passam despercebidos.

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