10 Atores negros brasileiros que se transformaram em nome da arte

Há atores que não se conformam em apenas atuar. Para esses, um papel deve ser incorporado com convicção e dedicação, e por isso, fazem o que for preciso para entregar um bom trabalho, desde dominar habilidades desafiadoras, até modificar a própria aparência. Entre os artistas que se comprometeram a “viver”, de fato, os seus papéis, merecem destaque 10 atores negros brasileiros, que mostram ao público o porquê são tão icônicos. Confira só!

Taís Araujo em Da Cor do Pecado

Foram inúmeros os penteados e estilos capilares com os quais Taís Araujo já trabalhou. E o curioso é que com todos eles ela ficou maravilhosa! Contudo, quem a vê deslumbrante, não sabe que por trás de todo o glamour, há muito perrengue. Na novela Da Cor do Pecado, a atriz relatou que para viver a personagem “Preta”, ela precisou relaxar o cabelo e usar aplique, para que o cabelo natural coincidisse com as “mechas falsas”. Isso, contudo, acabou por prejudicar seus fios.

“Além de passar relaxante em meus fios naturais, eu usava um aplique para a ’Preta’, minha personagem. Daí um dia, quando fomos retocar o cabelo com o relaxante, o menino passou atrás, onde era usado o aplique, e caiu uma mecha. Na hora, falei: ’Bom, então vamos colocar só o aplique’, e foi aí que deixei de passar química.”, conta. O que uma verdadeira artista não faz em nome da arte, não é mesmo?

Babu Santana em Tim Maia

Um dos atores negros brasileiros mais prestigiados da atualidade, Babu Santana, já é antigo no cenário artístico, mas alcançou o seu apogeu quando deu vida à “Tim Maia”, no filme homônimo que retrata a trajetória do cantor tupiniquim. Engana-se, no entanto, quem acredita que foi fácil chegar à genialidade do rei brasileiro do soul.

Babu fez uma profunda incursão nas ruas do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, para conhecer e imergir no lugar onde Tim Maia cresceu. Leu e releu a biografia do cantor, além de engordar 15kg para chegar às telonas, passando de 112 kg a 127kg. Um processo nada fácil, estamos de acordo?

Lázaro Ramos e Luis Miranda em Mister Brau

Se você cresceu nos anos 2000, é bem provável que se lembre da irreverente personagem “Priscila”, vivida por Lázaro Ramos em Sexo Frágil, a famosa série produzida pela Rede Globo, que marcou uma época. Em 2018, portanto, ela apareceu novamente nas telinhas, mas em outra produção e com uma grande companheira: Sheylane, interpretada por Luís Miranda. Com o desafio de trazer a personagem feminina novamente às telinhas, Lázaro comenta: “Eu cheguei no set pela primeira vez, coloquei a peruca, a roupa e falei: ‘esqueci!’. Daí eu pedi um tempinho e assisti os vídeos na internet para lembrar como era”. Imaginamos que seja um processo realmente difícil, né?

Para Luis Miranda, interpretar uma personagem feminina não é algo tão complicado assim. Afinal, o seu currículo é recheado de papéis admiráveis e enigmáticos. Em 2014, ele trouxe à TV “Dorothy Benson”, uma mulher transexual que fazia parte da novela Geração Brasil, e que o tirou da zona de conforto da atuação: “O mais legal é acompanhar o desenvolvimento de uma trama, que nunca vivi. Filme você faz em um mês e não tem oportunidade de vê-lo em processo. Vejo a Dorothy em processo. Acho que fiz errado aqui e decido: ’Vamos pegar mais para o emocional’, ’Vamos brincar mais com isso’. Isso te dá um leque de oportunidades, é um prazer. As pessoas querem ver se ela vai namorar, se apaixonar. É uma mulher que atrai, tem uma beleza”, revela.

Solange Vega em Supermax

Uma das principais atribuições da carreira de um ator ou atriz é abrir mão de coisas que sejam realmente importantes, com a finalidade de deixar seu personagem o mais “real” e próximo do público possível, como por exemplo, os fios capilares. Esse é, portanto, o caso de Sol Vega, que participou da 4ª edição do Big Brother Brasil e se arriscou na atuação posteriormente, em 2016, na série Supermax. No realityshow, ficou conhecida e até virou meme cantando a irreverente canção “We are the World”. Você lembra?

Na época, Sol participou do 9º episódio do seriado e trouxe um grande hype para a trama, já que o público ansiava em ver o resultado da sua atuação. Sobre o desafio, ela salienta: “Fiquei com um pouco de medo na época e até chorei quando tive que raspar a cabeça por completo, mas depois, acabei me acostumando e senti uma sensação de liberdade. Não me arrependo. Apesar de eu aparecer pouco, foi um trabalho incrível, em que aprendi muito. Foram vinte dias gravando com ótimos profissionais. E a gente raspava a cabeça toda semana. Foi uma grande experiência”.

Erika Januza em Amor de Mãe

Foi para a novela Amor de Mãe que Erika Januza, conhecida pelos seus lindos cachos, adotou um novo estilo capilar. Embora pareça uma mudança “radical”, para Januza, o corte de cabelo “estilo Joãozinho” é uma reafirmação de que a beleza é diversa, e ela não se arrepende nem um pouco de ter mudado: “Meu desejo é além de viver um novo momento, celebrar a diversidade capilar, digamos assim. Você pode ser linda de qualquer forma. Que isso venha de dentro de você. Ouse! Vamos juntos! Você pode se surpreender”. Isso é o que chamamos de uma grande profissional, certo?

Zezé Motta em Xica da Silva

A personagem “Xica da Silva” já foi retratada em muitas obras brasileiras, pelas mãos de diversos artistas. Mas foi Zezé Motta quem deu vida a uma das mais famosas: a que aparece no filme homônimo de 1976. Para vivê-la nas telonas, a atriz conta que precisou cortar o cabelo — naturalmente cheio — bastante curto e com “direito a um bico de viúva”. Além disso, revela que a forte maquiagem, assim como o traje extravagante faziam com que ficasse bastante diferente da sua versão natural: “Fiquei andrógena, e na época, chegaram a discutir se eu era mulher ou não. Um taxista, uma vez, chegou a questionar se eu era realmente a Zezé Motta. Achava que era brincadeira”. Quanta história essa incrível essa atriz negra brasileira carrega, não é?

Ailton Graça em Império

Um dos atores negros brasileiros mais prestigiados das telinhas, Ailton Graça, também viveu um papel feminino bastante famoso, na novela Império. Ele deu vida à personagem “Xana Summer”, que ganhou o público pela simpatia, delicadeza, afetuosidade e profissionalismo. Em entrevista, Graça comentou que o papel foi uma das coisas mais difíceis que já fez na carreira, pois Xana não só transbordava carinho, como ela, por si só, é um acontecimento. “Xana é uma grande homenagem às minhas irmãs e irmãos. Ela é a junção de muitas coisas. É acolhedora, alguém que transborda zelo pelo outro, e ela faz isso não para ser aceita, mas porque a alma dela é isso. As pessoas estão vendo a Xana com outro olhar”, reitera.

Thalma de Freitas em Malhação: Intensa como a Vida

Tendo feito muito sucesso nos anos 2000 com a personagem “Zilda” de Laços de Família, Thalma de Freitas voltou às telinhas em Malhação: Intensa como a Vida, para dar vida, dessa vez, à ricaça “Luiza”. Na trama, a atriz aparece com um visual totalmente repaginado: de cabelo raspado e loiro. E conta ainda que a intenção era deixar a personagem com cara de rica, como uma mulher chique que acabara de chegar da Suécia, moderna e antenada na moda. O que, é claro, aconteceu.

“Está todo mundo deslumbrado com o meu cabelo, estão achando incrível. (...) Há um tempo, estava pensando em pintar porque uma amiga minha fez igual à Grace Jones. Desde aquela época, eu pensava: ‘Na próxima novela, vou ficar loira’. Aí, quando eu cheguei para a preparação da personagem, a figurinista me mostrou um painel de referências e tinha uma negra de cabelos loiros. Eu adorei e decidi que queria aquilo mesmo.” revela.

Ícaro Silva no Domingão do Faustão

Falar em Malhação é falar também em Ícaro Silva. O ator, que fez parte do seriado global por 5 temporadas, é considerado por muitos um dos rostos mais marcantes da trama. E não é para menos, certo? Mas foi durante a sua participação no quadro “Show dos famosos”, exibido no extinto programa Domingão do Faustão, que Silva, um dos atores negros brasileiros mais versáteis da indústria, mostrou que talento é o seu sobrenome.

Ele fez um cover da cantora Beyoncé e arrasou tanto na performance quanto na coreografia e no visual, que ficou idêntico ao da norte-americana. Nas redes sociais, comemorou e agradeceu o apoio popular: “Seja você mesmo. A não ser que você possa ser Beyoncé. Nesse caso, seja Beyoncé. Muito obrigado pelos votos, pelas mensagens, por essa enxurrada de positividade. Estou muito feliz!”