Cientistas drenaram as Cataratas do Niágara e fizeram uma incrível descoberta

Curiosidades
há 10 meses

Se você pudesse entrar na máquina do tempo e viajar de volta a 1969, veria algo espetacular! O que está diante de seus olhos não é um deserto aleatório. É uma das cachoeiras mais poderosas — completamente seca! No verão e no outono de 1969, o lado americano das Cataratas do Niágara ficou sem água. Isso durou 6 meses. Os pesquisadores queriam estudar a face rochosa das quedas. E temiam que se tornasse muito instável por causa da erosão, processo em que as forças naturais, como a água e o vento, desgastam os materiais de terra. Por exemplo, se você vir o gelo glacial ficar lamacento, isso significa que a erosão está acontecendo.

Três quedas d’água que cruzam a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos juntas formam algo que conhecemos como as magníficas Cataratas do Niágara: as canadenses, que ficam principalmente do lado do Canadá, divididas por Goat Island; as americanas, no lado dos Estados Unidos; e a Véu da Noiva, que é a menor de todas e fica do lado americano, mas separada das demais por Luna Island. Os Estados Unidos e o Canadá não têm uma fronteira natural legal?

Muitos não acreditavam que poderíamos realmente ir contra a natureza selvagem e impedir que quantidades tão insanas de água fluíssem. Mas conseguimos. Foi necessária uma barragem de 180 metros através do enorme rio Niágara para realmente obstruir essas cachoeiras surpreendentes. Isso significa que foi preciso desviar 270 mil litros de água a cada segundo para que o fluxo restante viajasse sobre as Canadenses. Mais de 27.000 toneladas de rocha foram usadas para construir essa barragem. E mais de mil caminhões carregaram as pedras no quente verão de 1969. Em 12 de junho, as Cataratas Americanas pararam depois de um fluxo contínuo de mais de 12.000 anos. Então, as Canadenses “pegaram” o volume extra e o absorveram para que a pesquisa pudesse ser feita.

Mas os moradores ainda estavam preocupados. Eles sabiam que não era possível controlar tamanha quantidade de água, temiam que ela tomasse um rumo diferente e causasse uma inundação catastrófica. Tinham receio também de que os turistas não fossem mais se as equipes não conseguissem fazer a cachoeira voltar a fluir como antes. Mas eles continuaram chegando, mesmo naquele verão. E tiveram uma chance única de ver algo que ninguém jamais havia visto antes ou depois. Durante esse período, havia até uma passarela temporária construída a apenas 5 metros de distância da borda das quedas que naquele período estavam secas. Ela ajudou os trabalhadores a limpar o fundo do que costumava ser um rio. Assim, os turistas podiam ir até lá e explorar a paisagem selvagem das cachoeiras que geralmente ficavam debaixo d’água — hostis e nada acessíveis aos visitantes.

Enquanto exploravam o fundo seco, os pesquisadores se depararam com milhões de moedas diferentes que as pessoas jogaram na água ao longo de décadas — talvez para fazer um desejo ou para algum outro propósito. Uau, um cofrinho das Cataratas do Niágara! Eles removeram a maioria delas. Eu me pergunto quem ficou com elas... Mas nas últimas duas décadas, mais e mais turistas têm ido para lá. Imagine todas as coisas que poderiam ser encontradas agora. Mais moedas, é claro, mas também câmeras perdidas, drones errantes, celulares e outras coisas que visitantes descuidados podem acidentalmente deixar cair. A ideia de retirar toda a água e transformar as Cataratas do Niágara em um deserto provou ser possível. Mas pode ser necessário fazer isso novamente. Em 2020, a mídia informou que duas pontes para pedestres precisavam ser substituídas ou consertadas. E não à toa, já que elas têm quase 120 anos. Essas pontes estão localizadas acima das corredeiras. Os especialistas discutiram se deveriam desviar a água mais uma vez ou não.

Muito se fala sobre as Cataratas do Niágara, e alguns acreditam que estão entre as mais altas do mundo. Mas a verdade que é não são. Elas são famosas, preciosas e de tirar o fôlego, mas quando se trata de altura, existem quase 500 outras em todo o planeta que são maiores. Tomemos como exemplo o Salto Ángel, na Venezuela, com mais de 975 metros. Mas o que torna as Cataratas do Niágara tão especiais é a quantidade de água que flui por elas. Cachoeiras muito altas não costumam ter grandes volumes. A combinação de toda aquela imensidão de água e a altura é o que torna as do Niágara tão impressionantes. Além disso, elas podem estar entre as mais rápidas do nosso planeta. O Rio Niágara surgiu após a última Idade do Gelo, junto com toda a Bacia dos Grandes Lagos — o Rio Niágara faz parte dela. 18.000 anos atrás, esta incrível cachoeira não existia.

Mantos de gelo cobriram a área do sul de Ontário, e tinham de 1 km e meio a 3 metros de espessura. À medida que as camadas de gelo se moviam para o sul, foram criando bacias dos Grandes Lagos, que então derreteram, liberando enormes quantidades de água. Geralmente, a que bebemos é “fóssil”. Apenas 1% se renova ao longo do ano, sendo os 99% restantes provenientes de mantos de gelo. A Península do Niágara não fica sob o gelo há quase 12.500 anos. À medida que ele derreteu, as águas resultantes começaram a fluir para o que mais tarde se transformou no rio Niagara, nos lagos Erie e Ontário. Demorou muito, mas o volume acabou erodindo as falésias e formando essas cachoeiras espetaculares. Você já deve ter notado que o rio Niagara é incrivelmente verde. Essa cor específica nos diz o quão poderosa é a água quando se trata de erosão. A cada minuto, as Cataratas do Niágara expelem mais de 60 toneladas de minerais dissolvidos. Tudo isso, junto com o sal também dissolvido e rocha finamente moída, torna a cor tão magnífica.

Quem vive nos Estados Unidos e no Canadá — ou, mais precisamente, mais de um milhão de pessoas que têm acesso à área — utilizam o Niágara para diversos fins. Por exemplo, pescar, obter água potável, fazer atividades recreativas — incluindo natação, passeios de barco e observação de pássaros — produzindo energia hidrelétrica e muito mais. A primeira usina do mundo foi construída no final do século 19 e ficava bem ao lado das cataratas.

Logo começou a valer a pena porque as pessoas estavam recebendo eletricidade dela. Mas ela podia viajar por apenas 90 metros, então algo precisava ser melhorado ali. Nikola Tesla foi quem aceitou o desafio e fez as mudanças necessárias. Ele descobriu que a eletricidade poderia percorrer longas distâncias se uma corrente alternada fosse usada. Hoje, várias usinas de energia das Cataratas do Niágara fornecem mais de 2 milhões de quilowatts de energia.

Ok, vou te contar outra coisa interessante — 1969 não foi a única vez em que essas cachoeiras pararam. Em 1848, a água não fluiu por lá por até 40 horas. Elas já eram muito populares entre os turistas e uma fonte útil de energia para a população local, então não é de admirar que tenham surtado. A culpa foi da natureza desta vez — o gelo bloqueou a nascente do rio. Um fazendeiro americano foi o primeiro a perceber isso. Era 29 de março e ele saiu para caminhar pouco antes da meia-noite. Logo, percebeu que não conseguia ouvir o poderoso rugido das cataratas, então rapidamente foi até a beira do rio e ficou lá em estado de choque — quase não havia água.

Fábricas e usinas tiveram que fechar porque dependiam dela. Tartarugas estavam apenas vagando, peixes não sobreviveram. Algumas pessoas passeavam pelo fundo do rio, levando pequenas coisas que encontravam de recordação. Mas dois dias depois, em 31 de março, ouviu-se um estrondo distante vindo dali — ele foi ficando mais próximo e mais alto até que uma parede de água apareceu diante dos olhos do público. Assim, uma das maiores atrações do mundo, visitada por milhões de turistas todos os anos, voltou a funcionar — magnífica e, no final, invencível. Como deveria ser.

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