Cientistas detectaram um misterioso “Código Morse” no centro da Via Láctea
A Via Láctea, onde vivemos, parece um enorme cata-vento girando no espaço. É uma galáxia espiral que surgiu há cerca de quatorze bilhões de anos. Ela está repleta de muitas coisas: estrelas, nebulosas — que são nuvens de poeira e gás -, planetas, asteroides, você, eu, seus pais e aquela criança bagunceira da rua (você entendeu a ideia). E tudo isso se espalha a partir do centro da galáxia em longos braços em espiral — uma visão maravilhosa!
A Via Láctea tem cerca de cem mil anos-luz de diâmetro, e o nosso Sol (juntamente com todo o Sistema Solar) leva 250 milhões de anos para dar uma volta em torno dela. Uau, isso é um grande rolê. Olhe para o céu à noite, e a maioria das estrelas que você verá estará localizada em apenas um dos braços da Via Láctea. Antes da invenção dos telescópios, as pessoas não conseguiam ver as estrelas com clareza — elas se confundiam em uma única faixa branca que se estendia pelo céu. Parecia “um rio de leite”. Foi assim que surgiu o nome da nossa galáxia.
Agora, vamos às notícias recentes e muito empolgantes. Uma equipe internacional de cientistas descobriu algo que nunca havia sido visto antes, escondido no centro da Via Láctea, e que lembra o código Morse! Será que nossa galáxia está tentando se comunicar conosco? No início dos anos 80, os astrônomos descobriram filamentos gigantes e unidimensionais pendurados verticalmente perto de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo central da nossa galáxia. E recentemente, um novo tipo de filamento foi encontrado. Mas ele é muito mais curto e se encontra horizontal ou radialmente. Em outras palavras, está se espalhando como raios de uma roda, afastando-se do buraco negro.
É interessante notar que, embora os dois tipos de filamentos tenham certas semelhanças, os pesquisadores acreditam que eles provavelmente têm origens diferentes. Os verticais se estendem pela galáxia, elevando-se a até 150 anos-luz de altura. Mas os horizontais se assemelham aos traços e pontos do código Morse! Os cientistas ficaram muito empolgados quando fizeram essa descoberta. Mas tiveram que fazer muitas pesquisas para ter certeza de que as estruturas eram de fato o que pareciam. E conseguiram confirmar que os filamentos não eram aleatórios, mas estavam ligados ao fluxo de saída do buraco negro. Graças a eles, foi possível estudar o giro do buraco negro e a orientação de seu disco de acreção — um disco rotativo de matéria formado ao redor do buraco negro sob a influência de sua imensa força gravitacional.
Mas vamos dar uma olhada mais de perto nos filamentos de que falamos. Há cerca de mil verticais, que aparecem em pares e agrupamentos e geralmente estão igualmente espaçados ou lado a lado, como as cordas de uma harpa. Já as suas contrapartes horizontais parecem ter cerca de seis milhões de anos. Agora, ambos os tipos são unidimensionais. Eles podem ser vistos com ondas de rádio. E parecem estar ligados a processos que ocorrem no centro galáctico. É isso aí. As semelhanças terminam aí. Os filamentos verticais são perpendiculares ao plano galáctico. Os horizontais são paralelos. Mas, ao mesmo tempo, apontam radialmente para o centro da galáxia — e para o buraco negro.
Os filamentos verticais são magnéticos. Os horizontais parecem emitir radiação térmica. Os verticais contêm partículas que se movem em velocidades muito próximas à velocidade da luz. Os horizontais não fazem isso. Há muito mais filamentos verticais, e eles são muito maiores — 150 anos-luz contra 5 a 10 anos-luz, no máximo. De qualquer forma, a nova descoberta ainda está repleta de toneladas de coisas desconhecidas. E os astrônomos estão prontos para começar a desvendá-las. Mas os filamentos não são o único fenômeno inesperado e bizarro no Sistema Solar. Há algum tempo, pesquisadores australianos descobriram um estranho objeto giratório na Via Láctea — e ele era diferente de tudo o que haviam visto antes.
Esse objeto liberou enormes explosões de energia de rádio três vezes a cada hora. E, embora existam outros objetos que ligam e desligam, por exemplo, os pulsares, uma pulsação tão frequente nunca havia sido observada antes. Alguns astrônomos admitiram que esse achado foi bastante assustador, pois nenhum objeto conhecido no céu poderia fazer tal coisa. As equipes de pesquisa começaram a trabalhar nisso e descobriram que o objeto provavelmente está a quatro mil anos-luz de distância da Terra. Ele também é superbrilhante e tem um campo magnético incrivelmente forte. E ainda assim, se você fizer todas as contas (não eu), descobrirá que ele não deve ter energia suficiente para produzir essas ondas de rádio a cada 20 minutos.
As teorias sobre a origem desse objeto misterioso variam. Alguns especialistas afirmam que ele pode ser um “magnetar de período ultralongo”, seja lá o que isso for. Outros acreditam que pode ser uma anã branca ou os restos de uma estrela que entrou em colapso. Mas também algo de que nunca ouvimos falar — um tipo de objeto totalmente novo. Porém, uma coisa é certa: os astrônomos conseguiram observar o sinal em uma ampla gama de frequências. Isso significa que ele tem uma origem natural e não é artificial.
Agora, há outro mistério sobre a Via Láctea. O que posso dizer? Bem, é um lugar misterioso. Há cerca de quinze anos, os astrônomos lançaram o telescópio espacial Fermi de raios gama. Estes são uma forma de luz de energia incrivelmente alta. É por essa razão que quando você observa o céu por meio desse telescópio, em vez de usar os próprios olhos, a diferença é impressionante. Assim, quando os astrônomos começaram a utilizar o aparelho, notaram que o centro da nossa galáxia emitia muito mais radiação gama do que, por exemplo, seus arredores! Para simplificar, algo está brilhando incrivelmente bem no meio da Via Láctea! Mas o mais desconcertante é que ninguém conseguiu encontrar uma explicação plausível para esse fenômeno por quase uma década!
Alguns astrônomos sugeriram que a região central da Via Láctea estava brilhando com tal intensidade porque a matéria escura estava sendo destruída ali. Embora ninguém jamais tenha observado a aniquilação da matéria escura, os cientistas têm levantado hipóteses sobre esse fenômeno há muito tempo. Naturalmente, não seríamos capazes de ver a matéria escura em si, mas o processo poderia estar produzindo a radiação que o Telescópio de Raios Gama detectou. É assim que isso poderia estar acontecendo: se as partículas de matéria escura colidissem (assim como as de matéria comum fazem nos aceleradores de partículas), elas se aniquilariam umas às outras.
Como resultado, explodiriam em uma chuva de outras partículas, incluindo as que compõem os raios gama. Mas é aí que está o problema. Se o brilho misterioso fosse criado pela aniquilação da matéria escura, então as partículas de raios gama seriam distribuídas uniformemente no espaço. Em vez disso, se juntam em grupos. É por esse motivo que, para a grande decepção de vários defensores, essa teoria não deu certo
Há uma explicação alternativa para o fato de a Via Láctea estar brilhando. O culpado pode ser um grupo de pulsares de milissegundos, que são estrelas de nêutrons girando incrivelmente rápido. E quando digo “rápido”, quero dizer cerca de mil vezes por segundo! Essa hipótese é bastante plausível. Como mencionei anteriormente, a luz que vem de lá é irregular em vez de suave, o que geralmente acontece quando a fonte dela é um objeto individual, como um pulsar. Vários estudos concluíram que, devido à natureza da luz, os pulsares de milissegundos são a melhor explicação para esse fenômeno.
Entretanto, muitos cientistas ainda não estão convencidos. Esses teimosos querem provas, certo? Em primeiro lugar, afirmam que os aglomerados de luz podem aparecer devido à interação do gás entre as estrelas e os raios cósmicos. Além disso, a teoria do pulsar tem mais um problema: por que tantos deles estariam agrupados em uma esfera perfeita ao redor do centro da Via Láctea? Provavelmente, os aglomerados de estrelas que orbitam a Via Láctea podem ter sido perturbados pela gravidade da galáxia. Como resultado, essas estrelas “derramadas”, incluindo os pulsares, formaram posteriormente uma concha esférica ao redor do centro dela. Mas, na verdade, o quadro geral parece ser algo completamente diferente dos pulsares e da matéria escura. Isso deixa os cientistas com mais perguntas do que respostas, e tudo o que resta a fazer é muito mais pesquisas e testes.