20+ Curiosidades sobre a vida universitária contadas por pessoas que tiveram a chance de estudar fora

Curiosidades
há 3 anos

A época da faculdade é provavelmente a fase da vida que mais nos deixa com saudades. Embora esse tempo tenha sido difícil e financeiramente instável, tivemos bons momentos que ficaram guardados no coração. Tornar-se um adulto independente e começar uma nova etapa é sempre empolgante. Mas estudar longe de casa, especialmente no exterior, traz mais emoções.

Além de se adaptar a um ambiente desconhecido e aprender um novo idioma, é preciso mudar seus hábitos de estudo, pois o sistema de educação muda de um país para outro. Nós, do Incrível.club, encontramos relatos de estudantes que tiveram coragem de cursar uma universidade estrangeira e queremos compartilhar com você os mais curiosos.

O processo de ensino

  • Finlândia. Mesmo reprovado em todas as disciplinas, o aluno não será expulso da universidade. No primeiro ano, frequentei as aulas de matemática junto com um aluno do quarto ano que tinha reprovado duas vezes na matéria. Se ele não passar depois da terceira tentativa, poderá fazer essa disciplina mais vezes, mas pagando aproximadamente 300 reais. É o que chamam de “direitos iguais para todos”. O importante é entrar na faculdade — a universidade fará de tudo para que você seja capaz de se formar. © Konopataja / Pikabu
  • Noruega. Não há um horário definido para o aluno comparecer à aula — é possível chegar mais tarde ou sair mais cedo. Além disso, é permitido comer ou usar o computador para trabalhar na sala, contanto que não fique distraindo o resto da turma. Por exemplo, os meus colegas franceses assistiam às aulas como se estivessem em um piquenique, absorvendo as informações com uma marmita e uma garrafa térmica ao lado. Um dia, até vi uma norueguesa tricotando durante a aula: ela estava sentada à mesa mais próxima do professor, escutando-o atentamente e TRICOTANDO. © Stallert / Pikabu
  • Alemanha. Se o estudante propuser uma ideia de pesquisa científica, poderá escolher um orientador para o seu projeto e receber um valor em dinheiro para realizá-lo. Ele também terá a oportunidade de escrever um trabalho científico relevante e receber uma avaliação profissional. Quando estudava lá, vi as pessoas dirigindo minicarros elétricos movidos a energia solar, criando galinhas, construindo turbinas, desenvolvendo protótipos eletrônicos na plataforma Arduíno e assim por diante. Apenas por diversão. Já eu fiz uma impressora 3D e até consegui ganhar um bom dinheiro com ela. © sapporro / Pikabu
  • Itália é o paraíso dos procrastinadores. A maioria das universidades não estabelece prazos restritos para fazer provas. O importante é passar nos exames antes da formatura, caso contrário o diploma não será entregue para o formando. Portanto, alguns alunos costumam colocar matérias atrasadas em dia somente no último mês de estudos, logo antes da apresentação do trabalho final. Quem não consegue entregar uma parte de trabalhos acumulados a tempo, pode pagar mais um ano de faculdade e aproveitar os próximos 12 meses para concluir o curso. Por exemplo, a Universidade de Bolonha oferece cinco vezes essa oportunidade para seus alunos. © vmikhailuk / LiveJournal

Pequenas surpresas agradáveis

  • Noruega. A biblioteca, um lugar enorme e confortável, merece atenção especial. Todos os computadores instalados lá eram novos, e o uso de plotadoras era gratuito. A universidade também estava equipada com salas reservadas para estudos individuais, que funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana. Para acessá-las, é necessário um cartão magnético especial, isto é, um cartão de estudante. Curiosamente, tanto a biblioteca quanto as salas estavam sempre lotadas. Era difícil encontrar um lugar vazio mesmo às 8h da manhã de um domingo! © Stallert / Pikabu
  • Alemanha. A relação professor-aluno é muito próxima e amigável. O estudante pode chamar o professor pelo nome e fazer qualquer tipo de pergunta, sabendo que terá uma resposta imediata. O estudante pode tranquilamente comer durante aulas (e provas) ou pôr os pés na mesa, sem que tenha medo de ofender o professor de alguma maneira. © sapporro / Pikabu
  • Inglaterra. Aqui, os alunos também podem tratar a maioria dos professores apenas pelo nome. E o professor pode ser dispensado por assédio moral a um estudante. © EuropeTraveller / Pikabu
  • Itália. O que me surpreendeu primeiro foi o fato de que 90% das matérias não possuem tarefas complementares. A nota da disciplina é a nota da prova final, que pode ser feita várias vezes. Ou seja, é possível refazer o exame no mesmo período caso não esteja satisfeito com os resultados. Essa é uma boa prática para acabar com o estresse e a ansiedade durante a prova. © AlarWhite / Habr

Como ocorrem as provas

  • Austrália. As universidades australianas são conhecidas por seus prazos rígidos. Se o aluno atrasar a entrega de trabalhos acadêmicos e, no final, reprovar na disciplina, terá de frequentá-la novamente no ano seguinte. © au4you / Pikabu
  • Alemanha. Os alunos estão livres para usar colas, desde que sejam fórmulas em uma folha A4 para uma prova escrita. Mas aqui está a pegadinha: sem saber usá-las, é quase impossível responder a todas as tarefas (e elas são muitas) em pouco tempo. É proibido colar do colega ou do celular. O aluno pode refazer o exame três vezes, mas só no próximo semestre. © sapporro / Pikabu
  • Noruega. As avaliações ocorrem em pavilhões esportivos, propositalmente equipados com mesas e divididos em áreas de acordo com as disciplinas. A universidade conta com um grande número de fiscais idosos. Também são eles que acompanham o estudante até o banheiro durante a prova final, que dura quatro horas. Os pertences que o estudante tem permissão de levar são materiais escolares (com exceção de cadernos com anotações), uma calculadora não programável, um manual de fórmulas matemáticas, um dicionário e um lanche. © Stallert / Pikabu

As casas de estudantes

Um quarto de um dormitório finlandês.

  • Finlândia. Não há guardas vigiando as casas estudantis, e o acesso aos prédios é livre — os pais e amigos podem tranquilamente passar uma noite lá. Os quartos são equipados apenas com um guarda-roupa e sem papéis de parede, um lustre ou ganchos para cortina. Os moradores têm acesso a uma despensa, garagem para bicicletas, sauna e uma lavandaria. © katieineurope / Pikabu
  • Alemanha. Muitos estudantes costumam dividir o aluguel, e cada um fica com seu quarto. Os estudantes de gêneros diferentes não se sentem constrangidos de conviver sob o mesmo teto. Cada morador contribui para a transformação do ambiente, deixando alguma lembrança antes de sair. Com o passar dos anos, o interior do apartamento fica tão aconchegante que dá vontade de morar nele pelo resto de sua vida. © sapporro / Pikabu
  • Japão. A vida dos calouros no dormitório tradicional japonês parece uma vida de escravos. O propósito deles é servir ao clã e fazer o que os veteranos mandarem: batem à porta para acordá-los de manhã, abrem as portas para eles, fazem limpeza, executam as tarefas delegadas e trazem comida para a “família” na hora do almoço. Fiquei muito feliz por ter me mudado para outro dormitório no segundo ano da faculdade. © Otawin / Reddit
  • Bélgica. O prazo mínimo de locação é de um ano. Para os estudantes de até 25 anos, existem duas opções de moradia: uma casa de estudantes (que custa de € 300 a € 500) ou um apartamento (um estúdio de 20–25 m² com um banheiro compartilhado) que custa € 800. No início do ano letivo, o aluno deve fornecer informações sobre o local de sua residência. Quem não conseguir encontrar um alojamento durante duas semanas é expulso da universidade. © deinekairena / Habr
  • França. É preciso escolher entre um quarto com ou sem cozinha e com banheiro incluso ou compartilhado. A entrada na casa estudantil é livre 24 horas por dia, 7 dias por semana. Não há ninguém controlando as visitas: embora seja proibido trazer alguém de fora do prédio, mas quem liga para as regras? Também é possível receber apoio financeiro do governo — cerca de 50% do valor do aluguel —, não importa a cidadania. Basta juntar e encaminhar todos os documentos necessários. © hello.itsme / Pikabu
  • Escócia. O dormitório fica no território do campus da universidade, ou seja, o caminho até qualquer sala de aula ou laboratório leva de 1 a 5 minutos. Os alunos moram em um apartamento de dois quartos e com um banheiro e uma cozinha compartilhados. Os quartos são grandes e espaçosos, equipados com uma cama, uma mesa, um armário, mesas de cabeceira e cadeiras (e eu até tive sorte de ter uma espécie de “vestiário”). © STAR_Academy / Habr

Alimentação

  • Noruega. O preço médio do café da manhã (um café com folhados) chega a 200 coroas (120 reais). Mas também há a opção de pagar as mesmas 200 coroas para almoçar à vontade em um dos vários restaurantes de buffet livre. Por exemplo, há um sushi bar, um dos estabelecimentos favoritos dos estudantes, em que você pode passar o dia inteiro, comendo e bebendo apenas água. Todos os cafés e restaurantes que conheço servem água da torneira de graça. © Stallert / Pikabu
  • Alemanha. Na cantina da universidade, cada prato tem três preços que dependem do cliente: o primeiro e o mais barato é para estudantes, o segundo é para funcionários, e o terceiro e o mais caro é para todos os outros. O preço do almoço é sempre fixo. © GelbeEule / Pikabu
  • Bélgica. Como outras instituições de ensino superior europeias, a Universidade de Gante possui um grande número de cantinas. O horário delas varia de uma para outra, mas sempre há uma aberta a qualquer hora do dia. Os preços de lá são duas vezes menores do que os em cafés e bistrôs. Por exemplo, um prato de sopa custa € 0,6, e uma minibaguete com queijo e ervas, € 2,5. © deinekairena / Habr
  • República Tcheca. Comemos principalmente na menza (cantina de estudantes), que funciona de segunda a sexta e serve almoço e jantar. Existem dois preços diferentes (veja a foto abaixo): à esquerda está o preço para alunos (é preciso mostrar seu cartão de estudante), e à direita, para o público em geral (nesse caso, a refeição precisa ser paga em dinheiro). O preço para estudantes é mais baixo porque as cantinas são subsidiadas pelo governo. © bataman / Pikabu
  • França. A cantina estudantil é o lugar preferido dos universitários e o mais barato se comparado com os preços nos restaurantes da França. Via de regra, é um edifício de dois andares que possui a própria sala da cantina e um refeitório — uma espécie de lanchonete que vende lanches, sanduíches, salgadinhos e outras refeições rápidas. © anton-andreyev / LiveJournal
  • Israel. O almoço no McDonald’s custa US$ 20, mas outros estabelecimentos, dependendo do local, oferecem um preço até 1,5 vez mais alto. As lanchonetes que servem falafel (bolinhos fritos de grão-de-bico) são as mais baratas nessa categoria — você paga US$ 10 por uma refeição generosa, mas muitos cozinheiros, infelizmente, acabam ignorando algumas regras básicas de higiene. © Mehdzor / Habr
  • Austrália. As universidades costumam oferecer um lanche grátis — pão com salsicha acebolada, grelhada na churrasqueira — para os alunos bem na entrada da universidade. É um prato típico australiano. Poucos param para pensar nas origens desse costume, mas nunca recusam a refeição gratuita. © au4you / Pikabu
  • Noruega. Somos 15 pessoas morando no mesmo andar de uma casa de estudantes, 12 dos quais são noruegueses. Um se mudou na semana passada, e um francês passou a morar no lugar dele. É um rapaz sorridente, amigável e com uma barba parecida com a do Gandalf, por isso pensamos que seria uma boa ideia fazer amizade com ele. A primeira vez em que percebemos que ele não era um vizinho tão perfeito assim foi quando confessou que se incomoda quando lhe dão ordens. Ele também admitiu que se sente desconfortável com as placas de aviso sempre no imperativo na nossa sala de estar. Tenho uma visão progressista, mas ontem entendi que ainda tenho muito a aprender. O nosso vizinho tirou da parede todas as placas que o irritavam, incluindo um papel com números de emergência e uma lista de regras de convivência em norueguês (é um detalhe importante), que nos permitia distribuir as tarefas domésticas de forma organizada. Mas mesmo sendo uma pessoa tolerante e paciente, fiquei extremamente irritado quando descobri o motivo de seu comportamento. Ele TRADUZIU a nossa lista de regras que estava em NORUEGUÊS, ficou ofendido com as indicações no imperativo e decidiu descolá-la! Sim, traduziu o texto intencionalmente para se sentir ofendido! © Stallert / Pikabu

Depois de ter lido os relatos acima, gostaria de voltar para a época da faculdade? Qual atitude as universidades brasileiras poderiam adotar das instituições estrangeiras? Você também já estudou fora do país? Compartilhe sua história nos comentários.

Imagem de capa Stallert / Pikabu

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