10 Livros sobre a maternidade que rompem os clichês

Mulher
há 5 anos

Embora haja, no mercado, centenas, talvez milhares de livros sobre maternidade, a verdade é que o tema raramente é discutido na literatura. No entanto, graças a vozes femininas que cada vez mais se fazem ouvir, os livros de escritoras que são mães estão se tornando uma espécie de bússola, especialmente para quem procura ler sobre essa experiência através de um filtro mais real.

Incrível.club elaborou e compartilha uma compilação de 10 livros que não são convencionais e que desafiam os clichês com os quais o assunto costuma ser tratado.

Meu Nome é Lucy Barton

Elizabeth Strout
Publicado em 2016, é um romance que trata da convalescença pós-cirurgia de uma escritora chamada “Lucy”, operada de apendicite subitamente. Seu ex-marido cuida das duas filhas, mas pede à ex-sogra, a mãe de Lucy, para cuidar dela no hospital ao se dar conta de que realmente não tem ninguém. A ação dramática está no quarto de hospital, quando Lucy e sua mãe, que são absolutamente diferentes (Lucy é uma escritora reconhecida, bem-sucedida e um pouco esnobe, enquanto sua mãe é uma mulher séria e quieta, acostumada à vida no campo), começam a conversar sobre passado, vida, família e morte, entre muitas outras coisas. As anedotas e as reflexões compartilhadas, fazem desse romance uma obra literária emotiva e profunda.

The Millstone

Margaret Drabble
A história de uma mulher que engravida na primeira relação sexual de sua vida e que, além disso, decide continuar com a gravidez e ter o bebê sem o conhecimento do pai (que, na verdade, só vê uma única vez). No entanto, apesar da adversidade, ela luta para continuar com seus estudos de doutorado e sua tese enquanto se torna uma mãe completamente sozinha. O romance é uma espécie de crônica sobre a concepção do bebê, a gravidez e o nascimento e é escrito de uma maneira magistral. Em suas páginas, Margaret Drabble discute duas questões fundamentais: a solidão e a necessidade de estar com os outros.

Mamá

Glòria Vives
No livro, a maternidade é mostrada através de um romance gráfico. E, ainda que tornar-se mãe possa ser desgastante, esse também pode ser um processo divertido. Glòria Vives ilustra de maneira excepcional os processos cotidianos de seus dias com o bebê: o dia a dia da criança, as noites que parecem infinitas, a transformação do casal...enfim, tudo o que acontece em casa e que é uma revolução constante.

Sobre la espera

Montserrat Ocampo
A obra, escrita em formato ensaístico, toma como ponto de partida a gravidez e a maternidade para, a partir daí, falar sobre criação — a criação da própria literatura e a criação da maternidade, ambas como experiências totalmente complementares. O ensaio tem como protagonista o corpo feminino e tudo o que acontece dentro dele. Além disso, revela questões que importam na maternidade e que começam a ter peso assim que se faz uma ideia mais clara dela. Temas como a infância, a criação das avós, a configuração do casal e a incerteza em relação ao futuro também são abordados. Além disso, a obra expõe a vida de outras escritoras que, de maneira circunstancial, conseguiram continuar com suas carreiras literárias. Montserrat Ocampo desafia o papel passivo imposto às mulheres durante a gravidez e sugere que outra maternidade é possível através da criação.

O conto da aia

Margaret Atwood
Em um futuro distópico, a humanidade aboliu as liberdades das mulheres, tanto mentais quanto reprodutivas. A “aia” é uma criada, uma mulher considerada objeto e cujo único propósito é procriar com os homens que afirmam que são seus donos. O objetivo dos nascimentos é aumentar os números do censo demográfico no país para continuar com o modelo de sociedade ideal imposto. O romance conta a história de Offred, uma mulher que tem um passado e que deve superar as dificuldades de se tornar uma serva da família. Margaret Atwood faz uma analogia perfeita entre religião e política para expor a delicada situação da maternidade, das mulheres e sua exclusão de qualquer tipo de campo social, até mesmo quando há uma suposta civilização.

The pumpkin eater

Penélope Mortimer
O livro é uma comédia de humor negro e tem como personagem principal uma mulher grávida cujo casamento é afetado pela surpresa da gravidez. A sra. Armitage vive, então, uma diatribe. Afinal, ter ou não ter o bebê? Seu marido não quer mais filhos em casa e então começa uma série de manipulações sociais e psicológicas para lembrá-la de seu lugar de submissão. No entanto, a caneta leve de Penélope Mortimer, cheia de sarcasmo penetrante, expõe brilhantemente a rebeldia de uma mulher doméstica que apela para seu senso comum e busca, no senso de humor, uma forma de lidar com o assédio de seu parceiro. O romance expõe, com toda a sinceridade, o paradigma de que nem todas as maternidades são completamente felizes.

A rosa de Sarajevo

Margaret Mazzantini
Gemma é a mãe de Pietro, um adolescente insuportável, cuja vida oscila nos interesses fúteis da juventude. Uma noite, Gemma recebe uma ligação inesperada. Trata-se de um velho amigo que a convida para a abertura de uma exposição fotográfica em Sarajevo. A exposição pertence ao seu ex-parceiro, pai de Pietro. Gemma decide ir e levar seu filho e comunica a situação ao seu parceiro atual. Será a ocasião para voltar a enfrentar os fantasmas do passado e lembrar sua passagem por aquela cidade fantasmagórica. Além disso, parece ser a oportunidade perfeita para Pietro descobrir o lugar onde nasceu e do qual não sabe nada. No entanto, a história vai além: é a jornada de uma mãe que desejou fervorosamente ter um filho do homem que mais amou na vida e o conseguiu a um preço demasiadamente alto.

Casas vacías

Brenda Navarro
O que acontece com uma mãe que perde um filho? O livro foi descrito como o “romance incômodo”, quando se investiga uma das questões mais sensíveis da vida contemporânea: quando uma criança desaparece. É a história de uma mãe forçada a sobreviver apesar do infortúnio. Seu filho não está morto, está desaparecido e ela acha que não pode haver nada pior que isso. E é exatamente no meio dessa crise que as bases que parecem insondáveis, como família, casamento, trabalho, sociedade, são questionadas. Brenda Navarro faz um jogo de mensagens ocultas, desde a linguagem até a ação dramática. Os personagens também desaparecem entre a incerteza e a desolação.

Paula

Isabel Allende
Escrito na forma de memórias, o livro é a autobiografia da autora, que em 1991 sofreu ao ver sua filha entrar em coma. Para Isabel Allende, esse era o alívio perfeito antes da tragédia, como se ela pudesse registrar a dor, as lembranças, o passado e a incerteza nas páginas. O vínculo entre mãe e filha é inegável nessa linha de tempo em que ambas viajam por emoções e dores físicas.

Lo que no tiene nombre

Piedad Bonnet
O romance trata de um assunto tabu: suicídio. Mas, quando se trata do suicídio de uma criança, a vida é quebrada de outra maneira. Piedad Bonnet escreve sobre a experiência de perder seu filho, Daniel, que tirou a própria vida enquanto estudava na Universidade de Columbia, em Nova York. A história de um duelo que não acabou e que, além disso, tem mais incertezas do que respostas.

A literatura e a maternidade andam de mãos dadas nos trabalhos das mulheres mostradas neste post. O mais interessante é que as obras criam uma espécie de gênero literário único e pouco visto antes: o das mulheres falando sobre seus papéis, seus corpos e suas experiências mais fortes.

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