O que aconteceria com o Planeta se todos parassem de comer carne? Não seria tão bom quanto parece

A pecuária causa tantos problemas para o meio ambiente por conta da emissão de gases poluentes quanto os automóveis. Por isso, atualmente os cientistas estão buscando formas de incentivo às pessoas para que reduzam o consumo de carne. Não importa o que cada um pensa sobre o tema. A questão é que é difícil contra-argumentar em relação às estatísticas: em 2014 a humanidade consumiu 317 milhões de toneladas de carne e o número de pessoas na Terra só aumenta. Quanto espaço será necessário para as pastagens para que possamos nos alimentar no final do século XXI ou até mesmo antes disso?

O Incrível.club descobriu quais áreas da nossa vida serão afetadas no futuro próximo. Consideramos duas opções: (1) a de que a humanidade continue a comer carne normalmente ou (2) que deixe de consumir esse produto, acabando com a pecuária.

O que acontecerá se continuarmos a comer carne nas mesmas quantidades?

Haverá grandes mudanças na fauna.

• Corremos o risco de perder não apenas animais exóticos, como os leopardos das neves ou os ursos-panda, mas também membros bastante comuns do reino animal, como flamingos, leões, girafas e até lobos. Nós não listamos todas as espécies que estão em perigo de extinção. Afinal, existem muitas;
• A humanidade ocupa cada vez mais espaço da Terra para a pecuária. Hoje, cerca de 1/3 de todo o Planeta é ocupado por pastagens. Com isso, os animais nativos dessas áreas estão indo embora, pois simplesmente não têm espaço suficiente para viver. E são extintos massivamente predadores como leões ou lobos, pois ameaçam o gado.

Alguns cientistas até acreditam que vivemos os tempos da chamada extinção em massa do Holoceno, mas não percebemos isso. Para avaliar a escala dos fatos, basta olhar para os seguintes números:

• Segundo várias estimativas, de 100 a 1.000 espécies por milhão desaparecem anualmente;
• 90% dos peixes grandes desapareceram dos oceanos devido à superexploração das reservas desses animais por parte das empresas de pesca;
• Apenas 4% de todos os seres vivos do Planeta são animais selvagens.

Existe uma maneira de resolver o problema, mas é bem difícil. Se toda a humanidade parasse de comer carne ao mesmo tempo, as áreas destinadas à pecuária deixariam de existir, o solo voltaria a se tornar fértil e os animais selvagens poderiam retornar a seus hábitats naturais.

O aquecimento global virá mais rápido do que o esperado.

• Poucas pessoas sabem que cerca de 5% das emissões globais de dióxido de carbono são provenientes da pecuária. Parece pouco? Mas 44% do metano (muito mais poluente) e 53% do nitrogênio entram na nossa atmosfera pelo mesmo motivo.
• Os cientistas até organizam conferências destinadas, entre outras coisas, a convencer políticos em diferentes países de que a produção de carne deve ser reduzida com urgência. Porque, sem essas medidas, será impossível impedir o aquecimento global, que avança rapidamente no nosso Planeta.

O abastecimento mundial de água diminuirá significativamente.

• Em 2012, apenas nos Estados Unidos, a pecuária produziu 369 milhões de toneladas de resíduos. Isso é 13 vezes mais do que o lixo produzido por toda a população americana no mesmo ano;

• Os resíduos da pecuária causam poluição do ar e da água. Um dos problemas óbvios é a alta concentração de animais em um só lugar. Grandes áreas podem conter dezenas de milhares de animais. As fossas sépticas onde são recolhidos os resíduos muitas vezes não tratam adequadamente o esgoto. Como resultado, as fezes e a urina que contêm substâncias químicas nocivas entram no lençol freático e, é claro, poluem as águas.

A condição da terra fértil se deteriorará.

• As terras de pastagem estão sujeitas à desertificação. Isso significa que o solo pode ficar seco e deixar de receber várias substâncias importantes. Em outras palavras, não será possível plantar nesses locais, até mesmo espécies vegetais menos “caprichosas”;
• Devido ao fato de que a humanidade continua a aumentar, é necessário expandir as áreas de pecuária e, com isso, haverá uma maior quantidade de terra destruída.

A foto acima mostra o Estado do Arizona, nos EUA. De 1947 a 1990 a terra foi usada para a pecuária. E só em 2013 (como se pode ver pelas fotos à esquerda), os ativistas cuidaram da recuperação do solo. E em 2014 (foto à direita) houve melhorias notáveis.

As terras cobertas por grama estão protegidas contra a água e o vento, que são as principais causas da erosão do solo. Além disso, a grama fornece a decomposição de matéria orgânica e carbono; em outras palavras, melhora a atividade biológica da terra.

A pastagem pode levar, eventualmente, ao desaparecimento da cobertura de vegetação. O solo se degrada e se torna inadequado para o cultivo de qualquer produto.

E o que acontecerá se trocarmos o consumo da carne por frutas e legumes?

Representante de uma das tribos da Mongólia ocidental

• As tribos nômades desaparecerão. A única maneira que elas têm de sobreviver é com a criação de gado. Caso a humanidade decida abandonar o consumo de carne, essas pessoas terão de se mudar para as cidades. E ali, inevitavelmente, vão se misturar à população local e perder sua identidade cultural;
• A área destinada ao cultivo de frutas, legumes e outras plantas terá de ser dramaticamente aumentada. E isso também causa danos à terra, uma vez que vários produtos químicos são usados ​​ativamente para a produção de certas culturas. Mas nem tudo é tão ruim, porque existem fertilizantes orgânicos que podem até melhorar a condição do solo;
• A humanidade será condenada a uma catástrofe econômica. Milhares de criadores de gado ficarão sem trabalho e um grande número de pessoas perderá a renda;
• Os animais selvagens, de qualquer maneira, terão pouco espaço, já que a maioria das antigas terras destinadas à pecuária será usada para plantar frutas, legumes, hortaliças e cereais necessários para os seres humanos.

Em qualquer caso, uma coisa é clara: a humanidade deve ter cuidado com a terra, a flora e a fauna. Se as pessoas vão deixar de consumir carne, é uma questão secundária. Embora seja óbvio que é preciso reduzir a quantidade de carne consumida.