14 Adaptações produzidas por Hollywood com base em filmes de fala espanhola

Arte
há 4 anos

O crescimento da indústria cinematográfica em países de fala hispânica durante a última década não passou despercebido pelos estúdios de Hollywood. Cada vez mais, a chamada “meca do cinema” observa a América Latina e a Espanha como fontes de inspiração para o desenvolvimento de adaptações, ainda que nem sempre conquiste o mesmo sucesso obtido pelos filmes originais.

A seguir, o Incrível.club traz uma lista com filmes que primeiro foram rodados em espanhol e que, anos depois, ganharam versões faladas em inglês. Será que você já viu algum deles? Confira!

1. Abre los ojos (1997 — Espanha) / Vanilla Sky (2001)

O filme de 2001 protagonizado por Tom Cruise é a versão americana do longa Abre los ojos (no Brasil, Preso na Escuridão), lançado em 1997 pelo diretor chileno-espanhol Alejandro Amenábar. Misturas de ficção científica com suspense psicológico, tanto a produção original quanto a americana obtiveram boas críticas e indicações para prêmios.

Uma curiosidade: a atriz Penélope Cruz interpretou o mesmo personagem em ambas as versões. Vale ressaltar ainda que a trilha sonora da adaptação virou ícone pop com uma canção original composta por Paul McCartney e ainda com uma seleção de grandes artistas como Radiohead, R.E.M. e Bob Dylan, entre outros.

2. Nueve reinas (2000 — Argentina) / 171 (2004)

O desejo de ganhar dinheiro sem fazer muito esforço não conhece fronteiras, e isso facilitou a adaptação de uma história argentina sobre golpes e vinganças familiares por parte de Hollywood. John C. Reilly, Diego Luna e Maggie Gylenhall encarnaram os personagens que originalmente foram interpretados por Ricardo Darín, Gastón Pauls e Leticia Brédice, respectivamente.

A versão original é considerada um clássico do cinema moderno argentino. Já a adaptação americana até conquistou boas críticas, mas não foi bem nas bilheterias. O roteiro ganhou também versões na Índia (Bluffmaster!) e na Malásia (Gulumaal: The Escape).

3. Somos lo que hay (2010 — México) / Somos o que Somos (2013)

A questão do canibalismo não costuma aparecer muito nas telonas, apesar de muita gente lembrar de produções como O Silêncio dos Inocentes Vivos. Mas Somos lo que hay, considerado obra-prima do diretor mexicano Jorge Michel Grau e lançado em 2010, traz uma nova abordagem ao mostrar o ritual do canibalismo não como uma prática isolada ou de sobrevivência, e sim como parte de uma tradição familiar. O cineasta americano Jim Mickle se interessou pelo conceito e resolveu fazer sua própria versão três anos depois.

O longa não é exatamente uma adaptação no sentido mais estrito do termo, possuindo algumas licenças poéticas. Está longe de ser uma cópia, já que apresenta diferenças consideráveis no roteiro e até no local onde a trama se desenrola: a versão mexicana ambienta os fatos em uma cidade, enquanto a americana optou por uma locação rural.

4. La casa muda (2010 — Uruguai) / A Casa Silenciosa (2011)

La Casa Muda é outro exemplo de filme latino-americano que serviu de inspiração para que a indústria em Hollywood voltasse a apostar pesado em longas de suspense. A produção uruguaia de 2010 baseou-se em fatos reais, e mostra o que acontece com uma jovem e seu pai quando eles passam a viver em um casarão antigo com o intuito de reformá-lo. Por ser rodado com poucas tomadas e em um único plano, o filme foi muito comentado internacionalmente.

adaptação estreou um ano depois da original, mas não foi muito bem recebida pela crítica. Em comum, ambas as produções possuem o fato de terem sido gravadas com a mesma câmera, uma Canon EOS 5D, para passar uma maior sensação de realismo.

5. REC (2007 — Espanha) / Quarentena (2008)

Em muitas ocasiões, o gênero terror é criticado pela falta de originalidade, e foi por isso que REC se destacou tanto em 2007. Filmado com uma câmera portátil, como se fosse uma matéria jornalística, esse falso documentário narra o que acontece om um grupo de pessoas que fica preso em um prédio de Barcelona por conta de uma epidemia provocada por um vírus. O sucesso foi tanto que, apenas um ano depois, Hollywood lançava sua adaptação: Quarentena.

As duas versões ganharam sequências, mas sem nenhum tipo de relação entre elas (Quarentena 2 teve roteiro e contexto totalmente diferentes de REC 2). O filme espanhol fez tanto sucesso que deu início a uma franquia composta por quatro filmes no total.

6. Elsa & Fred (2005 — Argentina) / Elsa & Fred (2014)

filme argentino e a adaptação americana têm em comum o título, boa parte do roteiro e boas atuações dos protagonistas (China Zorrilla e Manuel Alexandre no caso do primeiro, e Shirley MacLaine e Christopher Plummer no do segundo). A trama narra a história de amor e distância entre dois idosos, mostrando que não existe idade para o romance.

A versão original, lançada em 2005, fez grande sucesso em seu país de origem e quebrou um recorde em Porto Rico, onde ficou 74 semanas em cartaz. A adaptação americana, por outro lado, não foi muito notada nem naquele país nem em cinemas de outras partes do mundo.

7. En las afueras de la ciudad (2012 — Chile) / Hidden in the Woods (2014)

Duas irmãs que cresceram isoladas da sociedade conseguem escapar das garras de um pai abusivo, mas a violência que marca a família continua perseguindo-as e elas precisam fazer tudo que é possível para sobreviver. Esse poderia ser o resumo do filme chileno En las afueras de la ciudad, que estreou em 2012 e foi inspirado em fatos reais.

adaptação americana foi lançada dois anos depois, sem deixar de fora toda a violência e ação que marcaram o longa original. O fato de o chileno Patricio Valladares ter dirigido as duas produções pode explicar as semelhanças entre elas.

8. El secreto de sus ojos (2009 — Argentina) / Olhos da Justiça (2015)

Quando El secreto de sus ojos (No Brasil, O Segredo dos Seus Olhos) ganhou Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, já era possível prever que surgiria uma versão americana da história. E realmente, em 2015, Hollywood estreava sua adaptação, contando com um elenco de respeito: Julia Roberts, Nicole Kidman e Chiwetel Ejiofor, entre outros nomes. Mas apesar dessa lista de atores conhecidos, o longa acabou não sendo tão bem recebido pelo público nem pela crítica, ao contrário da versão original.

As diferenças entre as tramas são enormes, o que nos permite dizer que a produção americana é uma adaptação livremente inspirada, e não exatamente uma nova versão. Julia Roberts faz um papel que, no filme de 2008, é interpretado por dois atores diferentes (Guillermo Francella e Pablo Rago). Além disso, o assassinato, acontecimento crucial na história, ocorre em circunstâncias distintas. Por motivos óbvios, a versão de Hollywood eliminou todas as referências ao mais recente período de ditadura militar vivido na Argentina.

9. Miss Bala (2011- México) / Miss Bala (2019)

O título do filme dá uma boa noção do seu enredo: uma bela jovem que sonha em participar de um concurso de beleza é sequestrada por um grupo criminoso depois de testemunhar uma chacina. Ela aceita trabalhar para a gangue com o objetivo de salvar a própria vida. Porém, a situação fica mais complicada do que ela podia esperar.

longa mexicano, lançado em 2011, protagonizado por Stephanie Sigman e inspirado parcialmente em fatos reais, teve grande repercussão, sendo o eleito pelo país para concorrer ao Oscar. O sucesso levou Hollywood a realizar a própria adaptação este ano, trazendo Gina Rodriguez como atriz principal e obtendo críticas muito mais negativas em comparação com as recebidas pela produção original.

10. Gloria (2013 — Chile) / Gloria Bell (2018)

A protagonista da história dá nome ao filme. Trata-se de uma mulher divorciada, à beira dos 60 anos, que conhece um homem extremamente dependente dos filhos e da ex-esposa. A trama mistura drama com pílulas de humor, caindo nas graças da crítica internacional e rendendo um prêmio de melhor atriz para a protagonista, Paulina García.

O diretor, Sebastián Lelio (o mesmo do premiadíssimo Uma Mulher Fantástica), ficou encarregado de levar seu próprio longa para Hollywood em 2018, cinco anos depois da estreia da versão original. A adaptação trouxe vários astros (Julianne Moore, John Turturro e Michael Cera), conquistando elogios por parte de veículos especializados em cinema.

11. Rompecabezas (2009 — Argentina) / O Quebra-Cabeça (2018)

Vício em quebra-cabeça é algo que realmente existe? A resposta é “sim”, ao menos se levarmos em consideração o que descobre María del Carmen, uma mulher perto dos 50 anos que ganha um quebra-cabeça de aniversário. A personagem, interpretada por María Onetto, se destaca montando as figuras, e é assim que conhece um homem solteiro que estava em busca de uma parceria para disputar um campeonato mundial.

história sobre uma dona de casa dedicada à família que, enquanto monta quebra-cabeças acaba reunindo também novas peças de sua própria vida, rendeu elogios em festivais internacionais de cinema, como o de Berlim. Em 2018, oito anos após o lançamento do filme original, estreava a versão americana, revelando-se um reflexo fiel da produção argentina.

12. La otra (1946 — México) / Alguém Morreu em Meu Lugar (1964)

La otra é um filme mexicano de 1946 que conta a história de María, mulher que mata a própria irmã gêmea para assumir sua identidade e ficar com sua fortuna. A adaptação ganhou o título de Dead Ringer (no Brasil, Alguém Morreu em Meu Lugar), estreou em 1964 e foi estrelada por ninguém menos que Bette Davis. A atriz interpretou os papéis de ambas as irmãs, assim como Dolores del Río fez na versão original. Isso exigiu um árduo trabalho de edição em uma época em que os efeitos especiais não eram tão avançados quanto hoje. À época, computadores eram coisas estranhas restritas aos universos científico e militar.

13. Enamorada (1946 — México) / The Torch (1950)

Enamorada estreou em 1946, e é tido como um dos filmes mais conhecidos da chamada “Época de ouro” do cinema mexicano. Ao tomar a cidade de Cholula, um general zapatista se apaixona pela filha do homem mais rico do local. Inicialmente, a jovem despreza o revolucionário, mas acaba correspondendo ao seu amor.

Quatro anos depois, com o mesmo diretor (Emilio Fernández) e o mesmo protagonista masculino (Pedro Armendáriz), era lançada a versão americana. Já a estrela feminina, María Félix, foi substituída por Paulette Goddard, que foi casada com Charles Chaplin e o acompanhou em longas como Tempos ModernosO Grande Ditador.

14. Romance musical (1947 — Argentina) / Romance em Alto-Mar (1948)

Em 1947 chegava aos cinemas argentinos a produção Romance musical. A trama gira em torno de um marido que desconfia de que sua esposa seja infiel e contrata um detetive para que a vigie durante um cruzeiro, mas ela se faz substituir por uma cantora.

O roteiro foi comprado pela produtora Warner Bros., que levou a história às telonas americanas com o título Romance on the high seas (no Brasil, Romance em Alto-Mar). O sucesso foi tanto que rendeu duas indicações ao Oscar. Foi com esse filme que Doris Day estreou no cinema, para mais tarde passar a ser considerada uma das melhores atrizes de Hollywood na década de 1960.

Você chegou a ver algum desses filmes em espanhol? Acredita que algum longa brasileiro poderia ganhar uma versão produzida em Hollywood? Qual seria seu palpite? Comente!

Comentários

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No último cartaz, a atriz Libertad Lamarque, q é a eterna Vovó Piedade da novela A Usurpadora.

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Hollywood é sempre bem visto, mas eu particularmente prefiro os espanhóis

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