Zombavam do albinismo dela e do sonho de ser modelo, mas ela venceu tudo

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há 3 dias

Diandra Forrest é uma atriz afro-americana e a primeira modelo com albinismo a assinar contrato com uma grande agência de modelos. Sua beleza impressionante e carreira de sucesso ajudaram a trazer visibilidade para pessoas com essa condição genética. Atualmente, ela participa de uma campanha global que busca promover mais inclusão e representatividade para quem tem albinismo — uma causa que conhece de perto, já que enfrentou desde cedo os desafios de crescer em um mundo onde sua aparência sempre a fez se destacar dos demais.

Diandra Forrest nasceu em 22 de outubro de 1989, em Nova York. Desde o nascimento, a futura estrela das passarelas já chamava atenção pelos cabelos e pele extremamente claros, combinados com olhos verdes marcantes. Ela não é a única portadora de albinismo da família — seu irmão mais novo também possui a condição, ao contrário dos outros irmãos e da irmã.

Segundo a própria modelo, ela só entendeu que tinha albinismo aos 9 anos. E como cresceu em um bairro predominantemente afro-americano e latino, desde cedo se sentia deslocada. Além da pele e dos cabelos muito claros, Diandra também tem nistagmo — uma condição que faz os olhos se moverem involuntariamente.

Nas ruas, era constantemente alvo de provocações e zombaria por causa da aparência. “As pessoas me chamavam de ’Gasparzinho’ e ’Branca de Neve’, e diziam: ’Por que você é tão branca? Você é esquisita’”, contou a modelo. Amigos da vizinhança chegaram a perguntar ao irmão mais velho se ela era adotada. Quando Diandra estava na escola ou no trem, os adultos olhavam torto e riam dela. Ela mesma admite que fazer amizades naquela época era extremamente difícil.

Diandra Forrest com sua irmã e irmãos

Os pais de Diandra pouco sabiam sobre o albinismo e, por isso, nunca conversaram com ela sobre sua condição. O contraste dentro da própria família chamava ainda mais atenção: seu pai e seu irmão mais velho têm a pele escura, o que levava muitos a se espantar e questionar — “Como isso é possível?”

Diante do bullying constante na escola, os pais optaram por transferi-la para o Instituto de Educação Especial de Nova York, onde ela pôde conviver com outras crianças com albinismo. Com o tempo, a rejeição foi dando lugar à admiração: já na adolescência, a atitude das pessoas em relação a Diandra começou a mudar, e desconhecidos passaram a abordá-la nas ruas e no metrô, intrigados e encantados com sua aparência única.

Diandra teve seu primeiro contato com o mundo da moda aos 14 anos, quando conheceu a designer Shannaine Eans. Na época, Shannaine estava organizando um desfile e queria apresentar Diandra a um instrutor de passarela. A jovem estava extremamente nervosa — a sala estava cheia de garotas lindas de salto alto, e o coach observava a postura das modelos ao andar, fazia críticas e dava conselhos.

Enquanto esperava sua vez, Diandra notou que o homem sequer olhava em sua direção, o que aumentou ainda mais seu nervosismo. Ela conta: “Ele puxou minha amiga de lado e falou algo do tipo ’Por que ela está aqui? Essa garota nunca vai dar certo na moda. Não quero perder meu tempo com ela’”.

Após ouvir isso, Shannaine expulsou o instrutor e disse: “A aula acabou. Como você ousa?” Em seguida, virou-se para Diandra e falou: “Quero que você saiba que vão ter pessoas que não vão acreditar em você, mas você precisa acreditar em si mesma. Você é linda, é forte, e vai conseguir. Use isso como combustível para impulsionar você”.

Anos mais tarde, já na faculdade, Diandra foi abordada por acaso por um fotógrafo chamado Shameer Khan enquanto fazia compras. Fascinado com sua beleza, ele perguntou se ela já havia pensado em trabalhar como modelo e disse que, se ainda não, definitivamente deveria tentar. Ele, então, tirou algumas fotos dela e, pouco tempo depois, a levou até a agência Elite Models NY. Isso foi em janeiro — e, em fevereiro, Diandra Forrest já estava nas passarelas da Semana de Moda Europeia.

Diandra tinha 18 anos quando se tornou modelo oficialmente: “Assinei com uma grande agência logo de cara. Foi muito empolgante para mim, porque eu ainda não tinha certeza de nada” contou. “Quando as agências demonstraram interesse, me senti bem. Aquele instrutor estava errado. As agências foram muito receptivas, e os clientes estavam interessados”.

Ainda assim, ela não se sentia 100% confortável. Viajando para outros países e trabalhando com diferentes agências, Diandra frequentemente ouvia comentários dos agentes lhe dizendo que deveria usar rímel sempre que chegava sem maquiagem — assim como as outras modelos.

Os looks ousados de Diandra Forrest chamaram a atenção de nomes como Jean-Paul Gaultier, Vivienne Westwood, V Files e Ralph Rucci. A modelo foi destaque em revistas como Interview, Glamour, West End, OOB e Portrait. Participou de clipes de artistas como Beyoncé e apareceu em programas como o de Tyra Banks e também em uma palestra TED Talks, onde compartilhou sua experiência de crescer no Bronx.

No verão de 2016, Diandra lançou e liderou a campanha Beyond My Skin (“Além da Minha Pele”, em tradução livre). Dentro do projeto, participou de um curta-metragem criado para celebrar o albinismo: “Queria que as pessoas com albinismo pudessem ver um rosto para elas, alguém que pudesse representá-las”, disse. “Queria que o mundo visse e ouvisse o que elas passaram. Somos humanos, somos lindos e merecemos ser valorizados — não julgados”.

Diandra acredita que os padrões tradicionais de beleza estão mudando — e, segundo ela, estão seguindo na direção certa. A modelo afirma que, quanto mais modelos com aparências diversas surgirem, mais referências positivas haverá para as novas gerações: “E eu acho isso ótimo. Com meu albinismo, recebo tantas mensagens de pessoas que ficam felizes [ao me ver]. As pessoas estão se tornando muito mais mente aberta, tolerantes, compreensivas — e, de modo geral, melhores”, disse ela.

Diandra também trabalha com a organização Assisting Children in Need (“Assistência a Crianças Necessitadas”, em tradução livre), com um projeto na Tanzânia voltado ao combate à discriminação contra pessoas com albinismo no país.

Diandra com sua mãe

Diandra conta que foi sua mãe — sempre presente e acolhedora — quem a ajudou a enxergar sua beleza, apesar de tudo. A modelo incentiva outros pais a também apoiarem seus filhos: “Elevem seus filhos e deem a eles autoestima, para que não cresçam buscando aprovação em outros lugares. É isso que planejo ensinar para a Rain também.”

Hoje, Diandra Forrest tem cerca de 138 mil seguidores no Instagram, de onde recebe inúmeras mensagens carinhosas de fãs do mundo todo. Além também de pedidos de conselhos — por exemplo, como explicar o albinismo para os filhos e os colegas de classe, ou até qual o protetor solar mais adequado para peles sensíveis.

Diandra foi casada com um homem chamado Forrest Renaissance. Em 2015, o casal teve sua primeira filha, chamada Rain, e alguns anos depois nasceu o segundo filho, o Rocky. Atualmente, Diandra vive como mãe solo.

A beleza, certamente, está nos detalhes que nos tornam únicos — e foi exatamente isso que a fotógrafa Yulia Taits conseguiu capturar em seus retratos de pessoas com albinismo. Com delicadeza e sensibilidade, ela transformou suas lentes em uma celebração da singularidade, revelando rostos tão raros quanto inspiradores. Confira aqui essa série de fotos que encantam pela estética e emocionam pela mensagem, afinal toda beleza merece ser vista e valorizada.

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