Internautas avaliam onde seus pais erraram em sua criação

Psicologia
há 5 anos

Ninguém nega que as mães e os pais dão o melhor na criação dos filhos, só que em alguns casos, o resultado obtido é o oposto daquele pretendido. Um dos resultados disso é que muitos adultos se sentem culpados por não atenderem às expectativas de quem os colocou no mundo. E daí surge uma tarefa em dose dupla: descobrir onde estão as raízes dos nossos complexos e evitar cometer os mesmos erros na criação dos nossos filhos e filhas.

O Incrível.club se propôs e descobrir se todos os nossos problemas realmente têm origem na infância. Para tanto, conferiu posts publicados por usuários do site The Question.

1. “Me criaram dentro de uma bolha”

Psicólogos dizem que uma das tarefas mais importantes na criação é ensinar a criança a ser independente. Os pais precisam aceitar o fato de que o filho se tornará uma pessoa adulta e viverá por conta. Infelizmente, algumas famílias tratam as crianças como se elas fossem de vidro, protegendo-as de qualquer impacto “destrutivo” que a vida real possa causar.

  • “Minha mãe me criou dentro de uma bolha, me protegendo de todas as coisas ruins. Não me deixava ir a nenhum lugar, não me contava nada. E quando enfrentei uma coisa chamada vida, todos os problemas eram totalmente novos para mim, e eu simplesmente não estava preparada para eles. Foi muito difícil. Mas minha mãe sempre pensou — e continua pensando — que fez tudo do jeito certo, e que o problema sou eu”.

2. “Me ensinaram a sempre buscar o melhor resultado”

Alguns pais não prestam atenção aos esforços feitos pelos filhos para alcançar um objetivo. Um exemplo simples: a criança deposita suas energias se preparando uma competição, mas acabou sendo prejudicada pela timidez. Ainda por cima, precisa lidar com o interrogatório familiar. Essas tentativas de desvalorizar as conquistas da criança não costumam resultar em nada de bom.

  • “Me decepcionei com o critério tido como o mais importante pela minha mãe: só o resultado importava, independentemente de algo não ter saído como deveria. Ela mesma bateu a cabeça em todas as paredes que viu durante a vida. Era muito doloroso para mim ver que meus esforços não valiam de nada quando algo saía errado”.

3. “Nossa família não tinha o hábito de mostrar sentimentos”

Aquelas crianças que não receberam muitas demonstrações de carinho por parte dos pais geralmente se sentem desprotegidas, sem saber como lidar com as próprias emoções. E esses problemas não somem quando chega a idade adulta. Elas acabam se tornando pessoas que parecem frias e arrogantes, tendo dificuldades de manter contato com os outros.

  • “Não posso dizer que sinto saudades ou que amo alguém. Uma vez, uma amiga perguntou quando tinha sido a última vez em que disse para minha mãe que a amava. Respondi que não lembrava. Na verdade, eu lembrava: nunca. Me senti envergonhada quando minha mãe me deu um beijo na bochecha ao se despedir de mim, que estava na sexta série e iria estudar em outra cidade. E sim, preciso admitir que não sinto falta, não amo e não me preocupo com ninguém. Em nossa família, não se falava sobre nada disso”.

4. “Me ensinaram a ser útil e conveniente para os outros”

Psicólogos dizem que outro aspecto importante da criação é a socialização dos filhos. O pequeno precisa sentir que é um ser com plenos direitos. Isso significa que os pais não apenas devem acostumar os filhos a ter disciplina e dar uma boa educação, e sim estimular neles a capacidade de amar e respeitar a si mesmo, buscando a própria felicidade.

  • “Me criaram sob o conceito de que o importante é estudar bem e ser boazinha (fazer os deveres, não incomodar a professora, não questionar a mamãe). Virei uma pessoa boa e decente, com quem todo mundo se sente confortável. Mas não sei como me amar nem me respeitar, como dizer ’estou farta’ ou ’não quero fazer isso agora’ sem que me sinta a pior inimiga de todo mundo”.

5. “Queriam fazer de mim a aluna perfeita”

Muitas vezes, na tentativa de criar o filho ideal, os pais obtêm o resultado oposto. Acreditam sinceramente que a criança deve tirar as notas mais altas, interpretar sempre os papéis principais nas peças de teatro escolares e ganhar todas as competições esportivas. Na verdade, esse tipo de comportamento super exigente pode levar a uma dificuldade de se alcançar o sucesso na escola (e também na vida adulta).

  • “Acho que meus pais, apesar do desejo sincero de me dar apenas o melhor, erraram em várias coisas. Nas reclamações pelos meus erros mais insignificantes, atrasos ou desobediências, ou nos escândalos que faziam mesmo quando eu tirava um 9, e não um 10. Hoje, não me interesso por provar nada a ninguém, não me interesso por conquistar nada, não me sinto motivada para nada. Dos três cursos universitários que comecei, não terminei nenhum, e não sei o que farei quando me formar”.

6. “Minha opinião não importava”

A criança não é obrigada a virar uma pequena cópia do pai ou da mãe. O pequeno pode se interessar por histórias de detetives (enquanto a mãe queria estimular nele o amor por ficção científica), ouvir rock em vez de música clássica e até se negar a dar seguimento à dinastia profissional da família. Pais amorosos e compreensivos devem respeitar essas escolhas.

  • “Desde que eu era muito pequena, meu pai me convencia de que meus passatempos eram uma perda de tempo. Em vez de ver filmes e animações, eu deveria ler livros sofisticados, ouvir música clássica, ficar em casa e estudar. Desde então, tenho uma espécie de complexo de inferioridade. E pelo mesmo motivo, deixei de compartilhar meus interesses com meus pais”.

7. “Minha infância foi acompanhada por castigos irracionais”

As feridas emocionais causadas por insultos sistemáticos feitos pelos pais dificilmente são curadas. As pessoas que crescem num ambiente familiar “explosivo” muitas vezes acabam crescendo e esperando agressões por parte dos outros. Ou, ao menos, alguma má intenção.

  • “Minha mãe tem uma mente instável. Por isso, minha infância inteira foi acompanhada por castigos irracionais. A mesma atitude poderia perfeitamente ser ignorada ou castigada, dependendo do ânimo materno, sem lógica alguma. Hoje, sei mentir muito bem e acreditar nas minhas próprias mentiras. E sempre sinto culpa, ainda que não exista motivo para isso”.

8. “Eu era sempre criticado e comparado com os outros”

Em algumas famílias, os pais acham que podem “melhorar” os filhos comparando-os o tempo todo com outras crianças, o que frequentemente leva a um triste resultado. O pequeno entende que está deixando os próprios pais sempre insatisfeitos, e acabam virando um adulto que não acredita em si mesmo. Afinal de contas, o hipotético “filho da amiga da mamãe” é sempre melhor e mais bem sucedido.

  • “Uma vez, fiz uma autoanálise para entender por que às vezes tinha um sentimento de ódio por motivos que não eram particularmente importantes. Me parecia que meu ódio estava voltado a alguém que inicialmente não era tão ruim assim. E acabei lembrando que minha avó me comparava o tempo todo com os outros. Dizia que eu era pior, ou perguntando “por que ele tirou um oito, e você ficou com sete?”

9. “Todas as minhas iniciativas eram cortadas pela raiz”

Claro que os adultos fazem as coisas de maneira mais rápida e eficiente que as crianças. Mas se você sempre tira das mãos do seu filho a vassoura (o prato, a escova, a chave de fenda), pode acabar tirando dele a vontade de ser útil. Já reservar parte das tarefas domésticas faz com que o pequeno se sinta um membro pleno da família.

  • “Eu era curioso e muito ativo, queria experimentar toda e qualquer atividade. Lavava a louça e a roupa, passava aspirador na casa, tentava fazer algo útil. Porém, muitas coisas davam errado. Por isso o ‘mas eu pedi que você fizesse isso?’ dos meus pais ficou arraigado em minha mente. Hoje, nunca ajudo, a não ser que a pessoa peça, ou se for uma questão de vida ou morte. E acabo sendo criticado por pessoas que acham que sou indiferente aos problemas dos outros”.

E você, enfrentou alguma dificuldade desse tipo durante a infância? Está disposto a compartilhar sua experiência conosco? Deixe seu comentário!

Ilustrador Igor Polushin exclusivo para Incrível.club

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