Irlandês desempregado surpreende o mundo e é destaque no Oscar

Arte
há 5 anos

Este escritor, diretor e produtor renomado é chamado de “a sensação da Europa”, sendo considerado o dramaturgo mais importante do século XXI. Todos esses títulos foram dados a ele por um motivo: o homem se tornou o primeiro autor desde a época de William Shakespeare a ter quatro obras apresentadas simultaneamente no repertório do London Royal National Theatre, um dos mais importantes centros de artes cênicas do mundo.

“Chegou o momento de falar sobre biografias inspiradoras!”, decidiu o Incrível.club. Por isso, contaremos aqui a extraordinária história do desempregado irlandês que se tornou o grande vencedor do Oscar no ano passado.

Um menino chamado Martin nasceu em Londres em 1970. Seu pai trabalhava na construção civil. Sua mãe, como faxineira. Quando ele tinha 16 anos, seus pais se aposentaram e voltaram para a terra natal, a Irlanda. A partir daquele dia, Martin e seu irmão mais velho, John Michael, ficaram completamente sozinhos. Nosso protagonista abandonou a escola, se inscreveu numa agência de empregos e, seguindo o exemplo do irmão, de repente começou a... escrever histórias. Durante os 10 anos seguintes, os dois moraram juntos num apartamento alugado, tendo como única renda o seguro-desemprego, escrevendo todos os dias.

Para não deixar a mãe chateada com aquela ociosidade literária, às vezes fazia bicos como coletor de lixo ou montador de móveis, mas sempre por pouco tempo. Acabava pedindo demissão e voltando a passar o dia inteiro em casa, inspirando-se em grandes escritores como o argentino Jorge Luis Borges e o russo Vladimir Nabokov. Ele e seu irmão ficaram oito preguiçosos anos nesse esquema, recebendo uma recusa atrás da outra por parte das editoras.

E então chegou o verão de 1994. Na competição não declarada entre os irmãos para ver qual deles se tornaria escritor primeiro, o mais velho saiu na frente: recebeu uma bolsa para estudar em Los Angeles, e se mudou para os Estados Unidos para passar um ano. Martin ficou no mesmo apartamento alugado, com o mesmo seguro-desemprego e as mesmas recusas. Obviamente, precisava fazer algo urgentemente. Ele decidiu que precisava ter mais disciplina: se comprometeu a escrever ’X’ páginas por dia, independentemente da inspiração, estado emocional, saúde ou do que quer que fosse. Durante o ano em que John Michael estudou nos EUA, Martin escreveu sete obras.

O trabalho árduo rendeu frutos: em 1997, o sucesso finalmente chegou. Sua obra A rainha da beleza de Leenane estreou na Broadway. Foi assim que o mundo do teatro descobriu seu talento. Ele ganhou os prestigiados prêmios Evening Standard e Tony. Depois de uma estreia tão espetacular, as obras do jovem dramaturgo passaram a ser montadas em teatros de todo o mundo. Seu sobrenome tornou-se famoso: McDonagh. Martin McDonagh.

Assim, quando tinha 27 anos, McDonagh passou a ser considerado pelos críticos como o dramaturgo mais importante do século XXI. Suas obras se destacavam especialmente no contexto teatral: eram absurdas, cheias de humor negro e, ao mesmo tempo, trágicas. Falavam das pessoas comuns de um pequeno povoado irlandês, mas comoviam muito os espectadores que viviam a milhares de quilômetros de Dublin.

E chegou 2004. E McDonagh foi levado ao mundo do cinema.

Aos 34 anos, ele explodiu com seu Six Shooter. O curta-metragem rendeu um Oscar ao autor. A magnífica estreia cinematográfica inspirou-o a fazer um longa; assim, três anos mais tarde estreava a tragicomédia Na Mira do Chefe, que escreveu para sempre o nome desse irlandês na história do cinema.

O trabalho detalhado, interativo e realmente teatral foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original. Além de conquistar a Academia, o filme foi um sucesso de público, que passou a comparar McDonagh aos irmãos Cohen, diante da forma cruelmente cômica de contar histórias.

Em 2012, Martin McDonagh escreveu e filmou o também bem sucedido Sete Psicopatas e um Shih Tzu, que contou com um elenco impressionante. E em 2017, já com seu filme seguinte, saiu como grande vencedor do Oscar.

Seu novo filme, Três Anúncios Para Um Crime, finalizou sua imponente carreira nos cinemas mundiais, sendo indicado para nada menos que sete categorias do Oscar e seis do também prestigiado Globo de Ouro. As placas vermelhas que aparecem no longa viraram meme. E hoje em dia, isso é o maior símbolo de sucesso.

“Olá Ed, Edd e Eddy. Muitas portas, sim?”

Por que decidimos contar a biografia justamente desse diretor? Porque ele foi um adolescente que cresceu sem nenhum apoio, desempregado e acreditando num sonho quase impossível de realizar. Foi um jovem escritor que não tinha educação nem pais poderosos, que tornou-se o que queria graças à disciplina, ao trabalho duro, sem desistir diante dos oito anos de fracassos e acreditando no próprio talento. Vale a pena ressaltar que seu irmão, John Michael McDonagh, hoje em dia também é um dos roteiristas e diretores mais reconhecidos.

Martin (à esquerda) e John Michael.

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