O passado as vezes perturba, a melhor coisa é deixá-lo para trás e seguir em frente
Uma história que prova que é importante deixar o passado para trás para seguir em frente
Ela tinha 30 anos e saía à noite para trabalhar enquanto seu marido roncava e sua filha a segurava pelo casaco, gritando: “Não quero que você vá!” Já seu filho, um ano e meio mais velho, não fazia birras. Depois de dois dias, ela viu uma vaga de emprego de enfermeira em uma cidade vizinha. Candidatou-se e foi contratada. Pegou um empréstimo e conseguiu comprar uma casa velha na periferia. Ela não desistia fácil e continuava seguindo em frente, sem pensar nas dificuldades. Só ficou tranquila quando viu o caminhão trazendo a enorme pilha dos pertences dela e de seus filhos para seu novo lar, uma casa pequena com teto baixo. A tranquilidade foi aumentando quando tirou seu primeiro balde de água saborosa e cristalina do poço e acendeu a lareira pela primeira vez, que aqueceu a casa inteira. Essa casinha velha tinha tudo para deixá-los mais felizes!
O ar estava repleto de alegria. Os raios de sol batiam nas janelas todas as manhãs. Tomar um banho refrescante na água do rio e depois sentir o chão quente da varanda com os pés descalços era uma sensação ímpar. A primeira colheita de endro e cenoura foi inesquecível. Cada refeição era especial. Apesar de a família tomar café solúvel, o mais barato que tinha no mercado, e jantar apenas macarrão, seus corações estavam cheios de paz. A dona da casa fazia todo o possível para não deixar seu ex-marido, que tentava reconquistar a confiança deles, entrar no seu pequeno mundo, lembrando-se do choro desesperado de sua filha todas as noites. Ela tomou a decisão de nunca mais voltar para ele!
Ela gastava boa parte do salário para pagar os juros do empréstimo imobiliário, mas depois de alguns meses, entrou na rotina e aprendeu a guardar dinheiro para comida e roupas. Tornou-se mais autoconfiante, parou de reclamar da vida e continuou sua jornada com persistência.
Certa vez, seus filhos trouxeram um filhote de cachorro abandonado, que mal conseguia ficar em pé, cambaleava de fraqueza e estava com os olhos inflamados. Primeiro, ele tomou dois goles de leite morno e caiu. Após dez minutos, sentiu-se melhor e bebeu mais um pouco. No final, o cachorrinho sobreviveu. Em seguida, um gatinho apareceu na casa deles, à beira da morte, com uma ferida grave e o bigode queimado. Mas ele também sobreviveu.
A mãe acreditava que quem tem uma casa e um terreno deve ter uma macieira. Por isso, assim que a vida financeira da família se estabilizou e ela percebeu que eles fariam a própria colheita de legumes no outono, decidiu plantar uma.
— Qual espécie você quer? — perguntou a atendente.
— Não sei — respondeu a mãe, sorrindo.
— Então pegue esta.
Voltou para casa sem sequer imaginar que, em poucos anos, todos ficariam apaixonados por suas maçãs brilhantes e apetitosas, que serviriam também para fazer bolos extremamente saborosos e potes de uma geleia incrivelmente cheirosa.
Porém, uma parte da horta, sempre ensolarada, aberta e coberta de musgo verde, parecia ser mal-assombrada. Os galhos dos arbustos da framboesa ficaram raquíticos e secos, como se tivessem crescido no deserto do Saara, e não em um solo úmido e fertilizado. Uma muda de cedro estava em fase de dormência por três anos, um enorme tumor cresceu em seu galho, e a árvore murchou sem desabrochar. Ela passou dias chorando, como se tivesse perdido um ente querido, e depois plantou uma muda de ameixeira, que encontrou à venda em uma praça barulhenta e movimentada da cidade. A planta foi regada com muita água fresca do poço e parecia estar gostando muito de sua casa nova. Depois de três anos, a ameixeira agraciou seus donos com os primeiros dez frutos e congelou no inverno, porque não aguentou as baixas temperaturas. Mas não morreu. No verão, apareceram os primeiros galhos grossos nos restos do tronco, e no ano seguinte, cresceu uma ameixeira surpreendentemente frutífera que deu frutos grandes, suculentos e doces.
Um dia, ela ganhou uma muda de cerejeira. Depois de três anos, a árvore cresceu, mas deu poucos frutos. No início da primavera, sua dona estava prestes a cortá-la, mas decidiu lhe dar mais uma chance.
Em agosto, a árvore estava adornada com grandes frutos cor de beterraba que brilhavam ao sol, deixando todos encantados com sua beleza.
Ela nunca mais namorou ninguém. Seu filho adolescente cuidava de todas as tarefas domésticas pesadas. Por mais difícil que fosse, não se arrependeu de ter deixado seu passado para trás. Preferiu se sentir feliz, tranquila e em paz em uma pequena casa velha a morar com seu marido alcoólatra em um apartamento requintado, e provou que fez a escolha certa.
Agora ela toma o melhor café. É caro, mas são seus filhos que costumam comprá-lo para sua mãe. Ela gosta de ficar com uma xícara na mão olhando pela grande janela. Aquelas janelinhas, assim como a casa velha com teto baixo, ficaram no passado. Ela agora tem uma casa nova, espaçosa e com janelas grandes.
Outro cachorro está deitado na varanda quente, bem como outro gato está acomodado na cadeira...
Mas as mesmas árvores vão florescer na próxima primavera, alegrar todos com maçãs doces, ameixas grandes e cerejas cor de vinho. Ela vai voltar a fazer potes de geleia e bolos de maçã. E a casa vai estar repleta de um doce aroma de baunilha, canela e felicidade...
O Incrível.club publica a tradução deste texto
com autorização da autora Anna Bogdanova (Gansefedern).
Comentários
O melhor a se fazer é focar no presente
O PASSADO QUE CONSTROI NOSSO FUTURO E O QUE NO DEIXA MAIS FORTE NAO PODEMOS SIMPLESMENTE ESQUECER ELE SEMPRE FARA PARTE
Passado é passado