Uma cidade com 1 milhão de pessoas em Marte antes de 2050. Este é plano...
Você acorda na sua casa ultramoderna, sai na varanda e admira a incrível tempestade de areia à distância. Aquela muralha avermelhada está se aproximando e já alcançou o estacionamento onde fica o seu lustroso foguete espacial.
Quando a tempestade passa, você veste o seu traje espacial, entra no seu veículo espacial, e dirige para o trabalho. Sua tarefa hoje é monitorar os instrumentos na usina de extração de água doce. À noite, seu turno termina e é hora de voltar para casa. O robô cozinheiro já preparou o jantar: batatas fritas cultivadas aqui mesmo, em Marte.
Esse cenário pode ser real já em 2050, ou até mesmo antes. Elon Musk planeja enviar 1 milhão de pessoas para Marte até lá. Muito ambicioso, mas incrivelmente difícil de realizar. Viajar para o planeta vermelho é muito caro e demorado, e consiste em várias etapas.
Estamos indo para a plataforma de lançamento, onde a primeira nave espacial está sendo preparada para decolar. O foguete consiste em duas partes. A primeira é um impulsionador super forte. Isso ajudará a nave que é muito pesada a superar a gravidade da Terra e deixar o nosso planeta. Ele deve levá-la até ela entrar em órbita, então desacoplar e pousar de volta por aqui. Nesse momento, a espaçonave tem que pairar em órbita, já que esgotou quase todo o seu combustível durante a decolagem.
O próximo passo é reabastecer a nave espacial quando ela estiver em órbita. O impulsionador decola novamente da plataforma de lançamento e leva o combustível para o veículo, que ainda está vazio, pois não queremos gastar muito combustível para tirá-lo da órbita. Então agora é a vez de outro foguete impulsionador levar uma carga para a nave.
Alimentos, materiais de construção e equipamentos de pesquisa estão empilhados no compartimento de carga. Tudo pronto, finalmente, nossa nave inicia sua longa jornada em direção a Marte. É assim o planejamento para o lançamento de apenas uma dela. Que só pode acomodar 100 pessoas, enquanto planejamos enviar um milhão para o planeta vermelho.
Isso equivale a quase toda a população de Maceió, o que significa que precisaremos de pelo menos 10.000 naves para toda a missão! E ainda mais foguetes impulsionadores para reabastecer e enviar carga para a órbita. Considerando que uma nave espacial custa cerca de US$ 8 bilhões, esta missão custaria um bom dinheiro. A chave para resolver esse problema é a reutilização. Assim que uma levar as pessoas para Marte, ela deve ser reabastecida e enviada de volta à Terra para fazer a próxima viagem. Uma espécie de ônibus espacial.
Outro problema é o tempo. As órbitas da Terra e de Marte não são perfeitamente circulares. Elas têm comprimentos diferentes e fazem círculos ao redor do Sol em velocidades diferentes. Quando os dois planetas estão no seu máximo afastamento, a distância entre eles é de cerca de 400 milhões de Km. E a menor distância, quando a Terra está perfeitamente entre o Sol e Marte, é de 55 milhões de Km.
Esta é a nossa meta. Uma vez a cada 26 meses, a Terra e Marte se encontram a esta distância, então este é o momento perfeito para lançar um foguete para manter o menor tempo de viagem possível, entre 6 e 8 meses. Se o primeiro voo estiver programado para 2025 e planejamos concluir a missão em 2050, teremos apenas 12 janelas para lançamentos. Precisaremos enviar pelo menos 833 naves a cada janela.
Então vem a questão da ausência do peso. Em uma viagem para Marte, os astronautas passarão mais tempo em gravidade zero do que os que estão agora na Estação Espacial Internacional. Sem gravidade, os músculos enfraquecem. Até a distância entre as vértebras aumenta ligeiramente. Portanto, durante as missões, os astronautas ficam um pouco mais altos. Ao longo da jornada, a equipe terá que treinar constantemente na academia para estar pronta para o trabalho pesado quando chegar em Marte.
Além das naves com tripulantes a bordo, também as de carga serão necessárias. Quando as pessoas chegarem ao Planeta Vermelho, precisarão construir uma cidade inteira do zero. Materiais de construção, ferramentas, máquinas. O peso de carga que o veículo espacial pode levar a bordo é de cerca de 75 toneladas. Isso dá cerca de 30 carros SUVs. Portanto, precisaremos de vários deles para obter tudo o que precisamos. E isso dobra o custo de toda a missão.
No entanto, há uma maneira mais barata de chegar a Marte: a Estação Gateway na Lua. Ela é tipo a ISS, só que orbitando nosso satélite natural. E também terá muitos módulos para astronautas. Salas de estar, locais para armazenamento, docas para naves e unidades de pesquisa.
A questão toda é que é muito mais fácil para uma espaçonave ser lançada de uma estação como essa, pois não há gravidade. E então ela não precisa usar uma quantidade gigante de combustível para deixar a atmosfera da Terra. A construção da EEI custou cerca de US$ 150 bilhões, e a Gateway poderia ser ainda mais cara. Mas isso deve poupar dinheiro no futuro.
A pequena espaçonave Orion levará os astronautas da superfície até a estação. Então, após a preparação, eles farão uma longa viagem até Marte. Vamos avançar um pouco no tempo. As primeiras naves entregaram as cargas na superfície do planeta vermelho. Guarda-sóis e espreguiçadeiras vão ter que esperar, pois é hora de construir a cidade e se preparar para a chegada do próximo grupo de pessoas.
A prioridade é energia. Para isso, podemos usar painéis solares como na Terra, ou usinas nucleares. O próximo passo é construir casas. Por causa da falta de atmosfera marciana, nada nos protegerá da radiação do Sol. Portanto, uma ótima opção é construir casas no subsolo. Agora, precisamos cuidar da extração de água. Existem calotas polares nos polos de Marte. Podemos tirar água de lá.
E então, o oxigênio. As plantas devem nos ajudar a fazer isso. Há muito dióxido de carbono no ar do planeta, o que serve como uma espécie de alimento para as plantas verdes. E como um produto residual, elas liberarão oxigênio. Tudo o que precisamos fazer é coletar esse oxigênio e usá-lo para respirar. Mais cedo ou mais tarde, a comida que levamos vai acabar. Portanto, teremos que cultivar alimentos. Isso requer fertilizantes e estufas.
Agora que todo o resto está resolvido, a principal tarefa é produzir combustível para os veículos em Marte e para os foguetes voltarem para casa. Ele pode ser extraído do dióxido de carbono da atmosfera e da água. Tudo isso deve ser feito em condições completamente desconhecidas. A gravidade em Marte é três vezes mais fraca do que aqui. Você conseguirá pular mais alto e levantar objetos mais pesados. Mas a exposição prolongada a essa gravidade fraca pode prejudicar nossos corpos.
Agora que existe uma cidade inteira na superfície do planeta, é hora de transformar Marte em algo mais confortável, parecido com a Terra. Isso é chamado de terraformação. É necessário aumentar a pressão na atmosfera para que a água possa existir lá não apenas como vapor ou gelo, mas também na forma líquida. Também é preciso aumentar a temperatura na superfície.
O objetivo é ficar em torno de 20 graus. No momento, está em cerca de menos 63, em média. Então entra a necessidade de uma camada de ozônio, como na Terra. Ela irá proteger da radiação solar. Finalmente, pode-se começar a criar a biosfera, que consiste em todos os organismos vivos, plantas e animais. Aos poucos, Marte começará a se parecer com a Terra nos seus melhores anos.
Para tudo isso, os cientistas encontraram muitas soluções. Por exemplo, um asteroide grande poderia ser largado na superfície de Marte. Isso aqueceria a atmosfera e levaria mais água e gás para lá.
O planeta também pode ser povoado por diferentes bactérias. Em laboratórios na Terra, os pesquisadores simularam as condições da superfície de Marte e perceberam que muitas bactérias podem sobreviver lá. Enquanto viverem, elas podem liberar oxigênio e outros gases no ar. Além disso, é possível construir “biodomos”, espécies de estufa com as condições favoráveis. A vida se desenvolverá neles, e o solo de Marte gradualmente se tornará adequado para a vida.
E uma das maneiras mais fáceis é o efeito estufa. Na Terra, ele contribui para o aquecimento global. Mas, em Marte, as emissões de gases dos carros e fábricas podem ajudar a criar uma atmosfera.
De maneira otimista, pode levar de 300 a 1.000 anos para mudar a cara do planeta vermelho. Outros cientistas dizem que levaria milhões de anos. Só então os humanos finalmente poderão tirar seus trajes espaciais e máscaras de oxigênio e chamar Marte de casa.