“Tudo o que sou é graças ao esforço dos meus pais” A história de Silvero Pereira, filho de pedreiro e lavadeira, que hoje é premiado nacionalmente
Quem assiste a vida de glamour de um artista, comumente esquece que sua trajetória até o sucesso pode ser difícil e cheia de adversidades. É o caso, portanto, de Silvero Pereira, um ator multifacetado que saiu dos palcos de teatro do Ceará para conquistar os holofotes do cenário artístico brasileiro, e segue ganhando corações com sua versatilidade e talento ímpar — características resultantes de uma jornada de muita superação e esforço, que começa ainda na infância, e se alastra até as grandes premiações do país.
Apesar da infância humilde no interior, deu os primeiros passos na vida artística com maestria
Natural de Mombaça, Ceará, e filho de uma lavadeira e de um pai pedreiro, Silvero Pereira sabia desde muito novo que precisaria ser resiliente para alçar os grandes voos que a vida preparava para si. Não é à toa que, já na adolescência, viu-se dividido entre o trabalho e os estudos, assumindo a responsabilidade de ajudar a família com as despesas mensais. Apesar de difícil, o período também serviu para refletir acerca de sua própria vida, e o jovem talento percebeu que seus sonhos ultrapassavam as fronteiras da cidade onde nasceu, impulsionando-o a se mudar para a capital cearense — local onde ingressou na escola técnica federal e no ensino médio integrado.
Foi nesse ambiente, portanto, que teve o primeiro contato com a arte, através da companhia de teatro da escola, que abriu portas para que ele pudesse se reinventar e descobrir seu potencial como ator, culminando no estupendo artista que conhecemos hoje. Mais tarde, Silvero ingressou no curso de Artes Cênicas, sob a modalidade de graduação, no mesmo Instituto, permanecendo ali por mais 5 anos e consolidando ainda mais sua paixão pela atuação e seu caminho brilhante no mundo das artes.
O papel da educação em sua trajetória rumo ao sucesso
“Até os meus 14, 15 anos, pensava que eu tinha que mudar de vida para me tornar um doutor. Aí sou arrebatado pelo teatro aos 17 anos de idade.” Conta em entrevista. No Instituto, participou de um projeto alcunhado como “Escola dentro da Escola”, em que dava aulas de teatro em outras instituições e que lhe deu o seu primeiro salário como artista. Ao ser questionado sobre quem seriam os responsáveis por impulsioná-lo na vida artística, sem pestanejar, Silvero responde que são seus professores, além de seus pais, é claro. E finaliza contando que a mãe disse ser a educação a única e toda herança que poderia prover ao filho. E não há dádiva maior, certo?
Ao longo da carreira, portanto, o ator fundou algumas companhias de teatro e realizou pesquisas sobre as mais diferentes linguagens artísticas, sendo todas elas enfatizadas pela sua identidade social e política — o que reforça o seu compromisso com a provocação social através da arte e suas origens. Sobre os estereótipos que permeiam sua vida, comenta: “Todo esse estereótipo cearense para mim, não é estereótipo não, isso é verdade! Isso aconteceu comigo. Já lutei contra a fome, a seca e para conseguir o que beber, entrava em cacimbas, que são escavações utilizadas para armazenar água”.
A chegada às grades emissoras, produtoras, e o reconhecimento nacional de seu talento
Depois de uma longa trajetória nos palcos e até algumas indicações às principais premiações de teatro no Brasil, Silvero Pereira, em 2013, estreou nos cinemas, no longa-metragem Serra Pelada, responsável por inseri-lo no âmbito do audiovisual. Contudo, foi em 2017 que ganhou uma maior visibilidade, quando passou a ingressar o elenco da novela global A Força do Querer, na qual interpretou “Nonato” — personagem que lhe rendeu uma indicação ao “Prêmio Melhores do Ano”, na categoria “Ator Revelação”. E não é para menos, não é? De lá para cá, propostas de bons papéis foram o que não faltaram para Pereira. Inclusive, o coadjuvante “Zaquieu” da prestigiada Pantanal.
Hoje, com mais de 20 anos de atuação, Silvero tem alcançado lugares antes impensáveis, e realizado sonhos que pareciam ainda muito distantes. Dentre eles, a casa própria. “Esse lugar do sonho da casa própria, sempre esteve muito presente na minha vida pela minha mãe e, pelo meu pai, pelos lugares que vivi, que eram sempre casas alugadas, isso é a realização de um grande sonho. E esse sonho só acontece em consequência das escolhas que fui tomando profissionalmente. Essas escolhas me trouxeram oportunidades de realizar o sonho da casa própria.” revela, sem dúvida alguma, com bastante emoção.
O reconhecimento pelo esforço dos pais para que conquistasse tudo o que tem e o que se tornou
Mesmo com o prestígio nacional e uma carreira consolidada, Silvero nunca esquece suas origens e exalta constantemente o papel fundamental de seus pais em sua trajetória artística, construída com muito esforço e dedicação. Durante sua participação emocionante no programa Altas Horas, em 2022, o ator, que também é músico, decidiu soltar a voz com a canção “Sujeito de Sorte”, de Belchior, seu conterrâneo. Contudo, antes de entoar as notas, ele compartilhou sua profunda conexão com a música e revelou, comovido, que se considera um “sujeito de sorte” assim como o “Rapaz Latino Americano”.
Vindo de uma família pobre, muitas vezes excluída de festas de amigos por não poder presenteá-los, Pereira destacou que seus pais nunca deixaram de se esforçar para que ele pudesse se tornar um artista valorizado em todo o âmbito nacional. “Tudo o que conquistei foi graças ao esforço dos meus pais. Devo tudo a eles!” Hoje, ele sente orgulho de toda a sua história, honrando suas raízes com gratidão e reconhecimento.
Nas redes sociais, ele que também é diretor, figurinista, produtor, maquiador, iluminador, cenógrafo e professor de teatro, enfatiza: “Ouvir minha mãe falar de todas as dificuldades que passou para tentar educar os filhos, das diversas humilhações que enfrentou por ser de origem pobre e mesmo assim não baixar a cabeça e seguir firme construindo uma família com base na honestidade e no amor. Ouvir essas coisas me faz botar o pé na terra e perceber de onde vem minha força, meus medos , minha dor e, principalmente, porque toda vez choro com as conquistas que realizo, pois elas não são minhas, elas são por tudo que tivemos que passar. Quem vê glória ou fama, não se importa com sua história, com sua origem. Na maioria das vezes, só te cobram pelo lugar que chegou, não de onde saiu ou do seu percurso!”
Ademais, mesmo com as conquistas grandiosas, Pereira mantém os pés no chão, sem deixar que a fama e a vida confortável subam a sua cabeça. Assim, visita a sua família em sua cidade natal sempre que possível, com o objeto de buscar uma conexão verdadeira consigo mesmo, e ir de encontro às pessoas que sabem exatamente as dores que passou para chegar às conquistas que têm. Ali, portanto, é onde se sente amado e feliz.
No Brasil, há outros exemplos de atores que passaram por uma infância humilde e por uma trajetória realmente árdua para alcançar o estrelato. Como por exemplo, Maisa Silva, atriz e apresentadora prestigiada em todo o país, que começou a carreira com 3 anos de idade, e hoje, reconhece que seus pais abriram mão de muitas coisas por ela e foram figuras definidoras em sua ascensão, apesar de todas as dificuldades pelas quais passaram. Confira aqui os detalhes dessa história emocionante!