Por que Dois Oceanos Não se Misturam

Curiosidades
há 1 ano

Quando você olha para os mares e oceanos no mapa, pode pensar que eles simplesmente fluem um para o outro. Parece que há apenas um grande oceano, e as pessoas deram nomes diferentes para cada parte. Bem, você ficará surpreso com as fronteiras entre cada um deles!

O limite entre os oceanos Pacífico e Atlântico é como uma linha entre dois mundos. Parece que eles se encontram em uma parede invisível que não os deixa fluir um para o outro, nem misturar suas águas. Por que isso acontece? Sabemos com certeza que não há parede invisível separando uma água da outra. O que poderia interferir na sua mistura?

O problema é que as águas também podem ser diferentes. Os oceanos Atlântico e Pacífico têm densidade e composição química diferentes, além do nível de salinidade e outras características. Pode-se ver pela cor que estão longe de ser iguais. As fronteiras entre os dois corpos de água tem características físicas e biológicas muito diferentes.

Haloclinas — fronteiras entre águas com salinidade diferente [nível do sal] [nível do sal] — são as mais espetaculares, e é isso que vemos quando os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram. O famoso explorador Jacques Cousteau descobriu isso enquanto mergulhava profundamente no Estreito de Gibraltar. As camadas de água com salinidade diferente pareciam divididas por um filme transparente, e cada camada tinha sua própria flora e fauna.

As haloclinas aparecem quando a água em um oceano ou mar é pelo menos 5 vezes mais salgada que no outro. Você pode criar uma delas em casa se derramar um pouco de água do mar ou [água] salgada colorida em um copo e depois adicionar um pouco de água fresca por cima. A única diferença é que sua haloclina será horizontal e as oceânicas são verticais.
Se você lembra de algumas coisas básicas da física, pode argumentar que um líquido mais denso deve ficar na parte de baixo e o menos denso em cima. Se isso fosse verdade, a fronteira entre os dois oceanos não pareceria uma linha vertical, mas sim horizontal, e a diferença entre a salinidade deles se tornaria menos óbvia quanto mais se aproximassem.

Então, por que isso não acontece aqui? Bem, primeiro, a diferença de densidade de água dos dois oceanos [>] não é tão boa para um deles descer e o outro se elevar. E, no entanto, é suficiente para não permitir que se misturem.
Um outro motivo é a inércia. Uma das forças inerciais conhecidas como a força inercial de Coriolis influencia os objetos quando eles estão se movendo em um sistema de eixos que, por sua vez, também está em movimento. Em palavras mais simples, a Terra está se movendo e todos os objetos em movimento nela serão impactados pela força de Coriolis, que os desvia de seu curso. Como resultado, os objetos na superfície da Terra não avançam, mas desviam no sentido horário no hemisfério norte e no anti-horário no sul.
Mas a Terra está se movendo lentamente, leva um dia inteiro para fazer um círculo completo em torno de seu eixo. É por isso que o efeito Coriolis fica óbvio apenas em longos intervalos de tempo: com ciclones ou fluxos oceânicos.

Essa é a razão pela qual a direção dos fluxos nos oceanos Atlântico e Pacífico é diferente. Ele também não deixa que se misturem.
Outra diferença importante entre a água dos dois oceanos é a força da conexão das moléculas, ou a resistência à tração superficial. Graças a essa força, moléculas de uma matéria se mantêm unidas. Os dois oceanos têm uma resistência à tração superficial totalmente diferente, o que também não deixa que se misturem.
Talvez eles possam gradualmente começar a se misturar com o tempo, mas como os fluxos neles têm direções opostas, simplesmente não têm tempo para fazer isso. Pensamos que é apenas água nos dois oceanos, mas suas moléculas separadas se encontram por um breve momento e depois são levadas pelo fluxo oceânico.

Mas não pense que apenas os oceanos Atlântico e Pacífico não se dão muito bem! Existem muitos lugares no planeta onde a água de dois mares ou rios não se misturam.
Existem também as termoclinas — fronteiras entre águas de diferentes temperaturas, como as quentes da corrente do Golfo, e as do Atlântico Norte, muito mais frias.
Entre os fenômenos mais surpreendentes estão as fronteiras entre águas com microclima e composição química diferentes. O Mar dos Sargaços é a maior e mais conhecida delas. É um mar dentro do Oceano Atlântico que não tem margens, mas é impossível de não ser notado.

Vamos dar uma olhada em outros espetaculares fenômenos desse tipo do planeta:
Mares do Norte e Báltico. Estes dois mares se encontram perto da cidade dinamarquesa de Skagen. A água neles não se mistura por causa da diferença de densidade. Às vezes você pode ver as ondas de um e de outro se chocando e fazendo espuma.
E, no entanto, a água deles se mistura gradualmente, por isso o Mar Báltico é levemente salino. Se não houvesse água vinda do Mar do Norte, o Báltico seria apenas um enorme lago de água doce.

Mar Mediterrâneo e Oceano Atlântico. Eles se encontram no Estreito de Gibraltar e têm densidade e salinidade diferentes, portanto a água também não se mistura.
Mar do Caribe e Oceano Atlântico. O local onde se encontram fica perto das Antilhas e parece que alguém pintou a água com diferentes tons de azul.
Outro lugar onde eles se dão um alô é na Ilha Eleuthera, nas Bahamas. A água do mar do Caribe é azul turquesa e a do Oceano Atlântico é azul escuro.

O rio Suriname e o Oceano Atlântico se encontram perto de Paramaribo, na América do Sul.
O rio Uruguai e seu afluente. Estes dois se topam na província de Misiones, na Argentina. Um deles é limpo para ser usado na agricultura, e o outro fica quase vermelho por causa do barro durante as estações chuvosas.
Rios Negro e Solimões (parte do rio Amazonas). A 9 km de Manaus, no Brasil, os rios Negro e Solimões se encontram um pouco, mas não se misturam por cerca de 4 km. O Rio Negro é escuro e o Solimões é claro. A temperatura e a velocidade de fluxo deles são diferentes.

Mosela e Reno. Eles se encontram em Koblenz, na Alemanha. O Reno tem água mais clara e o Mosel, mais escura.
Ilz, Danúbio e Inn. A junção destes três rios fica em Passau, na Alemanha. O Ilz é um pequeno rio de montanha à esquerda, o Danúbio fica no meio e o Inn é o rio claro, à direita. O Inn é mais largo do que o Danúbio nesse ponto, mas ainda é seu afluente.
Os rios Alaknanda e Bhagirathi se encontram na Índia. O Alaknanda é escuro e o Bhagirathi é claro.

Os rios Irtysh e Uba correm um para o outro no Cazaquistão, perto da cidade cujo nome você nunca será capaz de pronunciar, nem eu. Ok, me dê uma chance. O Irtysh tem água limpa, enquanto a do Uba é turva.
Os rios Jialing e Yangtzé se encontram em Chongqing, China. O Jialing é limpo e o Yangtze é marrom.
Irtysh e Om. Esses dois rios correm um ao encontro do outro em Omsk, na Rússia. O Irtysh é turvo e o Om é límpido e transparente.

Os rios Chuya e Katun se veem na República de Altai, Rússia. A água do Chuya tem uma cor branca turva incomum e parece densa e espessa. A do Katun é limpa e turquesa. Fluindo um para o outro, eles formam um fluxo único de duas cores que não se misturam por algum tempo.
Rios Green e Colorado. O local de sua junção é o Parque Nacional Canyonlands, em Utah, nos EUA. O Colorado é marrom e o Green — sim, verde. As corredeiras de ambos atravessam rochas com diferentes composições químicas, por isso eles têm um contraste tão grande de cores.
Rios Ródano e Arve. Eles fluem um para o outro em Genebra, na Suíça. O Ródano é um rio puro, que flui para fora do lago de Genebra, enquanto o Arve é turvo por receber água das geleiras do vale de Chamonix.

Então... você imaginava que existiam tantos tipos de água? Se aprendeu algo novo hoje, deixe um comentário!

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