Por que algumas mulheres optam por viver sem um parceiro, enquanto todos ao seu redor continuam a procurar um marido para elas

Mulher
há 1 ano

Estamos prontos para apostar o que for: qualquer mulher solo já ouviu, pelo menos uma vez na vida, críticas sobre seu status. Afinal, muitas pensam que é necessário se casar (e ter filhos) somente até os 30 anos. Mas se uma mulher já passou dos 30 ou dos 40 e ela estiver satisfeita em se manter sozinha? Nossa autora de hoje enfrentou muitas reviradas de olhos por conta de sua posição sobre o assunto, e agora ela decidiu compartilhar suas experiências.

No final do artigo, você verá histórias felizes de usuárias que decidiram levar um estilo de vida sem um parceiro ao lado.

Decidi conscientemente terminar um longo relacionamento

No ensino médio, eu tinha um namoradinho. Nós nos conhecemos há muito tempo e ficamos incrivelmente apaixonados um pelo outro. Aos poucos, nossos sentimentos foram se esfriando, mas continuamos juntos por praticidade. Aos 25 anos, por algum motivo, chegamos a casar. Parecia um passo tão lógico considerando nossa história. No final, contudo, reunimos forças para admitir que nossos caminhos tinham ido para direções distintas há muito tempo, e nos separamos.

Depois de um relacionamento tão longo, é difícil se reajustar e perceber que agora é preciso aprender a viver de forma diferente. Mesmo assim, passei por esse período de separação com certa serenidade. Afinal, digo mais uma vez, nós não tínhamos mais sentimentos profundos um pelo outro.

Também notei que eu estava cansada de estar com outra pessoa o tempo todo e que, finalmente, eu gostaria de viver sozinha. Coisas que costumavam ser deixadas em segundo plano, de repente, se tornaram mais importantes: comecei a dedicar mais tempo aos estudos pessoais e à carreira. E finalmente encontrei tempo para hobbies — sempre gostei tanto de tricotar.

Não vou esconder o fato de que, às vezes, eu sentia falta dele. Não tanto pela pessoa em si, mas pelo que fazíamos juntos: jantar a dois, caminhadas com companhia e até faxina. Mas, em geral, eu estava muito feliz com meu novo estilo de vida. Bem, até que pessoas de fora começaram a se intrometer.

Eu gostava de ficar sozinha, mas meus amigos próximos e parentes não me apoiavam

No início, as amigas da minha mãe começaram a perguntar a ela quando eu finalmente traria um marido para casa. Depois minhas amigas começaram a insinuar que não ter um parceiro aos 30 e poucos anos era, no mínimo, estranho. Uma delas, que se casou aos 19 e logo depois teve um filho, largou a universidade e se trancou a quatro paredes, começou a rir da minha cara, como se achasse que eu só tinha cabeça para trabalho, diversão, mas quando eu construiria uma família?!

Até minha mãe entrou no movimento. Quando eu era criança, ela me ensinou: “Primeiro os estudos, depois os cavalheiros”. E agora parecia ter uma posição completamente diferente, provavelmente por influência das amigas. Agora ela suspira o tempo todo com certo pesar por eu não ter um marido e filhos.

Certa vez ela veio me visitar. Eu estava lavando louça quando ela começou a reclamar: “É hora de se casar e ter um bebê”. Perguntei: “E se eu não quiser?” Ela fez uma careta e respondeu: “Isso não é normal. No geral, a mulher só se realiza completamente ao se tornar mãe”. Não aguentei, joguei a toalha na mesa e a interrompi: “Já estou realizada, me formei em uma das melhores universidades, trabalho em uma empresa bacana e recebo um bom salário. Só gostaria que você não desvalorizasse as minhas conquistas”.

Esse papo chato parou por um tempo após esse dia, mas depois voltou. Meus argumentos anteriores não funcionavam mais. Na opinião da minha mãe, educação e carreira não são suficientes para que eu seja considerada uma pessoa autossuficiente e completa.

Por conta da pressão social, o medo da solidão se alojou na minha mente

Mesmo sem intenção, comecei a sentir um vazio, mas não ao meu redor, e sim internamente. Era como se tivessem metido essa ideia na minha cabeça de que sem filhos e sem marido eu nunca seria completa. Em resposta a esse receio, comecei a correr atrás de um relacionamento. Cada novo conhecido era um potencial parceiro.

Isso foi muito perturbador. Imagine a situação: você se apresenta a um novo colega de trabalho e, em vez de apenas trabalhar com ele, você pensa “será que devo tentar o chamar para tomar um café”. E considerando que essa pessoa não te atrai em nada. Mas é como se você se convencesse a prestar atenção nos outros com esse olhar romântico. Afinal, você foi levada a acreditar que cada chance de um relacionamento sério poderia ser a última.

Por fim, tentei namorar um rapaz. Mas nosso suposto romance acabou em fracasso. Finalmente me convenci de que relacionamentos devem se apoiar em amor, não em desespero. Terminamos sem ressentimentos. E passei a viver assim desde então, dividida entre dois sentimentos: a ansiedade por talvez ter uma velhice solitária e a falta de desejo de ter um relacionamento apenas para ter alguém ao lado.

Aos poucos fui percebendo que, nessa fase da vida, minha prioridade era outra

Aceitei que a busca por um relacionamento era inútil e que eu devia parar. Tentei ouvir minha voz interior e entender por que eu buscava alguém para estar “em casal”. E depois de analisar bastante, percebi que eu não tinha essa vontade. Agora parece óbvio, mas antes, por conta de preocupações com o que os outros diziam, eu não entendia: o que aconteceu foi que me convenceram de que eu precisava urgentemente de uma alma gêmea.

E foi assim, dando mais atenção a mim mesma, que finalmente me livrei da hipnose dos conselheiros do medo que me cercavam. Decidi abordar a questão de forma mais pragmática: escrevi num papel os prós e os contras de uma vida sozinha e de uma com um parceiro. Descobri assim que o tempo que uma pessoa vive sozinha é um recurso valioso, mas ao qual não damos valor.

Por exemplo, posso me dedicar aos estudos e a uma carreira o quanto quiser, pois não preciso dividir esse tempo para cuidar de uma família. Não preciso gastar horas para cozinhar algo elaborado, posso fazer pratos simples no dia a dia. Quando estou cansada ou de mau humor, não preciso me torturar em ter de conversar ou interagir com alguém. Me maquio ou me arrumo bem apenas quando estou com vontade. Tenho bastante tempo para ver, ler ou absorver um monte de coisas novas. Nem preciso comentar que não preciso me adaptar a outra pessoa, fazer concessões, que nem sempre são aceitáveis para mim, dividir dinheiro, entre outras coisas.

Nem todo mundo concorda que os pontos que levantei acima podem te trazer mais felicidade do que aquela que temos ao encontrar a pessoa amada. Mas já estive nos “dois times”: o dos solos e o dos casados. E posso dizer que, para mim, até o momento, a atenção que dou às minhas próprias necessidades e vontades é muito mais significativa.

Dito isso, minha conclusão é: mulheres de qualquer idade têm o direito de não querer um marido ou mesmo um parceiro

Depois de passar por uma experiência dolorosa, cheguei à conclusão de que cada mulher deve decidir por si mesma quando e com quem ela deseja unir laços e se precisa ou não de casamento e filhos.

Me parece estranho que, no século XXI, ainda existam pessoas que associam a autossuficiência e plenitude das mulheres à presença de um marido e filhos. Embora possamos alcançar patamares elevados na carreira, em pé de igualdade com os homens, muitas vezes ouvimos comentários de desaprovação por nossas conquistas. Algumas pessoas ainda sentem pena das “pobres coitadas”, que voltam à noite para um apartamento vazio, onde não há um marido as esperando para jantar ou crianças chorando.

É claro que não sou contra formar uma família e ter filhos. Mas estou segura e convencida de que não devemos nos guiar apenas pelo fato de que “o tempo está passando”. Viver com um parceiro e, mais ainda, criar filhos, é uma grande responsabilidade antes de tudo. E fazer isso sem amor e/ou total disposição é, no mínimo, estranho e, no máximo, imprudente.

Portanto, todas as tentativas dos outros de sentir pena de mim, por eu ser uma “solitária” ou “coitada”, deixo entrar num ouvido e sair pelo outro. Sim, tenho mais de 30 anos e meus planos para o futuro próximo não incluem construir uma família. Além disso, me arrisco a dizer que, mesmo aos 40 anos, talvez eu não encontre um homem que realmente ame. Mesmo assim, não vou sair correndo para carimbar meu nome em alguém. Relacionamentos amorosos são apenas uma das muitas facetas da vida. Então, será que realmente preciso ficar pensando só nisso e não descobrir o que as outras podem me oferecer?

Bônus: histórias de mulheres que escolheram ficar sozinhas

  • Todas as minhas colegas de classe tinham o sonho de se formar no ensino médio, casar e criar uma família com filhos. Sem brincadeira, todas pensavam dessa forma. Eu era a única fora da caixinha, que tinha o desejo de entrar para uma universidade, conseguir um bom emprego que pagasse bem e viajar pelo mundo. De alguma forma, foi isso que aconteceu na minha vida. Na época, todas elas riam de mim e, agora, em reuniões com minhas colegas da escola, vejo mulheres divorciadas cansadas, com olheiras, filhos e muitos problemas. Nem sinto vontade de contar sobre minhas conquistas de carreira para não parecer que estou me gabando. Bem, como dizem, cada um faz o seu e não cabe aos outros julgar. O mais importante é não ter medo de tentar e fazer aquilo que desejamos. © Room № 6 / VK
  • Me divorciei há cerca de um ano e meio. E todos sentem pena de mim quando ficam sabendo: baixam os olhos, suspiram fundo e sentem pena. Ei, fui eu que pedi o divórcio! Foi a minha decisão consciente e uma escolha significativa! Porque meu marido não ajudava em nada com nossa criança, não fazia nada para cuidar da casa, não queria ajudar em obras necessárias, mas adorava comer por três pessoas, julgar o meu trabalho, meu carro, nossa família e minha aparência. Eu saía para trabalhar cedíssimo de manhã, quando minha filha tinha menos de 1 ano, porque precisávamos de dinheiro. Agradeço à minha avó, que cuidava da bisneta enquanto eu trabalhava em dois lugares. Já meu marido gostava de ir para a academia à noite e jogar sinuca com os amigos, e nos fins de semana passava o dia jogando no computador. Antes do nascimento da nossa filha, ele não era perfeito, mas demonstrava maior interesse na nossa vida conjunta. Depois que eu dei à luz e me tornei mais dependente dele, sem ter aparentemente outra alternativa, ele mostrou quem realmente era. E eu dei a volta por cima! Peguei um apartamento na prestação. Sim, não é grande, mas de dois quartos, justamente para mim e para minha filha. É perto da escola, 10 minutos do trabalho de carro ou 30 minutos a pé. Também é perto da casa dos meus pais e dos meus avós, que nunca se recusam em ajudar, são uns cinco minutos de carro. Estou muito bem depois de largar aquele embuste! Vivo pensando na minha felicidade, me encontro com minhas amigas, passo as noites com minha filha sem ter de esperar um marido chegar para começar a reclamar de tudo. Mudei meu corte de cabelo, comprei roupas novas, maquiagem. Mas as pessoas ainda sentem pena de mim: pois fiquei sem os ombros fortes de um homem ao lado... © Overheard / Ideer
  • Estou tão feliz por ter me livrado do fardo que era o meu casamento! Me divorciei aos 43 anos. Foi feio. Meu então parceiro fazia um zilhão de reclamações: ou eu não vestia a roupa certa, ou cozinhava mal, ou não limpava direito ou não dava atenção a ele 24 horas por dia. Ele às vezes ligava só para arrumar confusão. Certa vez eu almoçava no trabalho quando o marido ligou. Brigamos por longo tempo. Então ele grita: “Tem noção que vai ficar sozinha assim? Como vai viver depois, hein? Você é teimosa, devia cuidar mais do seu homem”. Quase engasguei com a sopa. Mas não levo desaforo pra casa! Respirei fundo e respondi: “Cuidar de quem? De você, por acaso? De um homem que se esqueceu há muito tempo como cuidar da esposa? Me poupe, não sou caminhão para segurar reboque!” Mandei ele embora de uma vez e para sempre. Já se passaram três anos, e pela primeira vez em 20 anos estou feliz com a vida que tenho hoje.

Estar solo, ao que parece, não é algo terrivelmente criminoso como muitas vezes podemos achar. Segundo especialistas, inclusive, passar mais tempo consigo tem um efeito bastante positivo sobre a pessoa e sua carreira.

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