Por que, às vezes, vale a pena render-se no meio do caminho e não ter vergonha disso

Psicologia
há 5 anos

“Não se renda”, “Você consegue”, “Só os fracos desistem”. A lista de frases desse tipo é enorme e todas elas nos levam a continuar investindo tempo e esforço em sonhos sem sentido ou até mesmo em algo que nem sabemos se queremos. Mas é realmente uma vergonha dar-se por vencido? Talvez justamente a habilidade de saber parar é o que caracterize uma pessoa sensata.

Incrível.club decidiu averiguar por que as pessoas insistem em projetos “mortos”, por que deveriam parar de fazer isso e como podem perceber quais são os objetos que simplesmente não valem a pena.

Efeitos dos custos irreparáveis

É muito comum não conseguir deixar para trás um projeto falido simplesmente porque pensamos no grande investimento inicial; um investimento que pode ser medido em dinheiro, em tempo ou em esforço. Continuamos tentando, sempre esperando que em algum momento tudo será recuperado e valerá a pena. No entanto, quanto mais gastamos, mais difícil é abandonar a ideia.

Esse fenômeno é chamado de “custos irreparáveis”. Um ótimo exemplo é o Concorde, o avião super-rápido e também o menos rentável. Os custos não recuperáveis de seu desenvolvimento ultrapassaram 1 bilhão de dólares e a Inglaterra e a França continuaram investindo no negócio. Durante 40 anos, ele trouxe apenas prejuízos.

  • Quais são as consequências? Você é um recurso finito. Seu dinheiro, tempo, energia, saúde inspiração, tudo pode acabar. Não seria melhor investir o seu esforço em algo com maiores possiblidades de sucesso? A quantidade de oportunidades também é limitada. Enquanto você arrasta um projeto assim, muitas outras ofertas interessantes podem aparecer, e você terá que recusar todas elas.
  • Como acabar com isso? Admitir o erro. Sim, você colocou parte de si em um projeto que não deu certo. Mas no momento em que você admite o seu erro, ele passa a ser parte do seu passado e se transforma em uma experiência que contribui para o seu crescimento. Nesse momento, você pode ver o quanto perdeu e o quanto investiu no projeto. E, quanto mais você gastaria em um, 2 ou 10 anos com o mesmo projeto?

Efeito da dotação

Esse efeito aparece quando tendemos a superestimar as coisas que possuímos e subestimar as coisas dos outros. Isso se aplica não apenas a objetos, mas também a ideias, trabalhos e projetos. Sentimos que nosso negócio é muito valioso apenas porque ele é nosso.

O efeito da dotação foi perfeitamente ilustrado pelo vencedor do Prêmio Nobel, Daniel Kahneman. Ele pegou um grupo de estudantes e para a metade deles deu xícaras de café normais. Depois, pediu aos “proprietários” e potenciais compradores que avaliassem o custo das xícaras. Os compradores as avaliaram em 2,25 dólares e os proprietários em 5,25 dólares.

  • Quais são as consequências? O efeito de dotação não nos dá uma visão objetiva de nosso trabalho ou de nossa meta, e faz com que tendemos a olhar com otimismo para os projetos falidos e que não têm outro valor que não a posse.
  • Como acabar com isso? Imagine que você ainda não está trabalhando. Você quer começar esse projeto? A ideia te motiva? Pergunte o que os seus amigos e familiares pensam sobre ele. É importante juntar várias opiniões de pessoas com diferentes mentalidades e de diferentes camadas sociais. Depois de juntá-las, comece a lutar contra o medo da perda. Como você se sente? Quais são as suas conclusões? O que você acha que deveria fazer? O projeto te leva a novas ideias e te motiva mais do que a sua ocupação atual?

Perfeccionismo e desejo de heroísmo

Muitas pessoas tendem ao heroísmo mesmo quando isso não é necessário. Por exemplo, adiar uma grande quantidade de trabalho e depois resolver tudo de maneira heróica no limite das possibilidades. Ou arrastar um negócio “morto” apenas porque ela quer sentir que pode tudo. Ou trabalhar mais apenas para ser admirada pelos outros.

Com frequência, o perfeccionismo é o culpado por esse tipo de comportamento. As pessoas que tendem a isso não costumam apreciar os resultado de trabalhos realizados sem esse esforço de heróico.

  • Quais são as consequências? Cansaço e mais trabalho. Os problemas de saúde e de relacionamento também não demoram a aparecer. E o mais importante: ninguém realmente admira pessoas assim; em geral, elas são alvo de repulsa e de inveja.
  • Como terminar com isso? Fazer um bom planejamento em que fique claro o que é trabalho e o que é descanso, para evitar as horas extras disfarçadas de heroísmo. Revise o seu comportamento perfeccionista constantemente, pois ele não pode ser eliminado da noite para o dia.

Efeito do status quo

Esse efeito, muitas vezes, aparece em funcionários de empresas antigas. A pessoa deve realizar tarefas ou usar esquemas obsoletos apenas porque todos estão acostumados a fazer desse modo. Com frequência, nem mesmo os superiores conseguem se lembrar quando foram estipulados os esquemas pela empresa, mas o hábito faz com que o mesmo estilo de trabalho seja passado aos subordinados, obrigando-os a gastar energia em coisas inúteis.

O mesmo acontece dentro de casa: fazemos as mesmas receitas antigas das nossas mães, não tentamos experimentar novas maneiras de fazer as coisas, embora os outros digam que elas deixam a vida mais fácil. Fazemos algo porque “é assim que se faz”.

  • Quais são as consequências? Ao realizar o trabalho com base em esquemas ineficientes, diminuímos a nossa produtividade, impedimos o nosso crescimento profissional e perdemos rapidamente o interesse no trabalho. Quando se trata de tarefas domésticas, simplesmente perdemos tempo, trabalhamos demais e passamos a odiar tudo que precisamos fazer.
  • Como acabar com isso? É possível que a tarefa com o efeito status quo só exista porque os funcionários que a realizam estão calados. Se você sabe como fazer para o trabalho ser mais eficiente, proponha uma mudança. Se não, simplesmente mencione o problema para que os superiores tomem as medidas necessárias. Se você não for escutado, melhor procurar uma outra alternativa. Em casa, abra a cabeça, por exemplo, para a modernidade e para novas formas de cuidar da casa, mesmo se elas não forem iguais como a sua família sempre fez.

Pressão da opinião pública

Hoje em dia escutamos que podemos fazer qualquer coisa, que não devemos nos render e que todos os objetivos são alcançáveis se nos esforçarmos. A frase “apenas os fracos se rendem” ficou muito comum. Por isso, com frequência não podemos recusar os objetivos ineficientes e os projetos não rentáveis apenas porque temos medo do que a sociedade pode dizer.

  • Quais são as consequências? Em primeiro lugar, existe a possibilidade de que você esteja vivendo o sonho de outra pessoa. Os sonhos impostos são muito frequentes, e eles podem vir dos pais, dos cônjuges e da opinião pública. Isso faz com que você viva a vida de outra pessoa e não tenha tempo de fazer o que realmente quer. Em segundo lugar, não importa o que as pessoas digam, existem metas inalcançáveis. Ou elas não são realistas ou as etapas até o final não são formuladas corretamente.
  • Como acabar com isso? Seja um pouco egoísta. Muitas vezes arrastamos assuntos que não fazem sentido apenas porque somos responsáveis por eles aos olhos dos outros. Não queremos decepcionar os nossos colegas e temos medo de não comprir com a expectativa dos demais. Quando desistimos de algo, as pessoas em geral não nos apoiam. Mas a mesma posição negativa vai aparecer no futuro. O ideal é você não se preocupar com a opinião da sociedade porque, na realidade, as pessoas não se importam com o que você faz, elas simplesmente só querem se meter na sua vida.

Você já passou por alguma situação assim? Se quiser, ouça a música Eye of the Tiger, ela é capaz de dar a força que precisamos para realizar algo ou a força necessária para abandonar um projeto e começar outro.

Ilustradora Leisan Gabidullina exclusivo para Incrível.club

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