Por que a construção de estátuas parou na Ilha de Páscoa

Curiosidades
há 1 ano

As estátuas Moai estão firmes e fortes há centenas de anos. Primeiro, as pessoas se esforçaram bastante para esculpir essas grandes esculturas. Depois, simplesmente pararam de fazê-las! Por que será? Vamos investigar esse mistério!

A Ilha de Páscoa, localizada a pouco mais de 4.000 km do leste do Taiti, possui uma área de cerca de 160 km quadrados. Até hoje, é uma das mais isoladas do mundo. Antes, era coberta por florestas cheias de árvores e samambaias diferentes. Mas quando os primeiros humanos chegaram, cerca de 400 anos depois de Cristo, o verde passou a desaparecer aos poucos. E no início dos anos 1250 depois de Cristo, as estátuas Moai começaram a surgir em todos os lugares dali. Elas eram feitas com diferentes tipos de rocha: cinzas vulcânicas prensadas, basalto, traquito e escória vermelha. Por ser uma ilha vulcânica, esses eram os únicos materiais disponíveis. E assim que os construtores concluíam seu trabalho, cobriam as esculturas com pedra-pomes.

Os rostos delas são diferentes. Mas há algo em comum: as expressões fechadas e narizes largos. Os braços foram esculpidos junto ao corpo. Algumas possuem chapéus em cima das cabeças.
Há quase novecentas estátuas espalhadas pela ilha, de tamanhos diferentes. A altura média é de 4 metros e as maiores chegam a ter 10 metros de altura e 82 toneladas de peso. Pelo fato de terem rostos diferentes, especula-se que sejam representações e homenagens a ancestrais, chefes e outras pessoas importantes que viveram na ilha. Mas sem qualquer evidência, fica praticamente impossível descobrir a verdadeira finalidade delas.
Antes, elas ficavam lindamente dispostas pelo litoral, vigiando as pessoas nos acampamentos. As costas delas ficavam viradas para o mundo espiritual do mar. Quando os europeus descobriram esses monumentos, nos anos 1700, muitos já estavam caídos. E a construção deles havia parado muito antes disso.

Foi necessário muito esforço para fazer essas esculturas. Artesãos profissionais passaram um bom tempo esculpindo lentamente as estátuas com ferramentas básicas. Uma equipe de até 6 pessoas trabalhava duro durante um ano inteiro para fazer apenas uma delas. Depois, era preciso transportá-la para um local especial na ilha, percorrendo uma distância de quase 18 km! Com a ajuda de datação por carbono, especialistas conseguiram descobrir que as estátuas começaram a surgir em 1250 depois de Cristo. E aí, de repente, em 1500, mais ou menos, o processo simplesmente parou. Os criadores dos monumentos largaram seus cinzéis onde os estavam usando. E só um quarto de todas as esculturas foram transportadas para onde deveriam ficar. Metade delas ainda continua na pedreira, enquanto outras foram abandonadas no chão, no meio do caminho. Alguma coisa aconteceu na ilha e fez todos perderem o interesse pelas estátuas.

Há muitas teorias sobre o que poderia ter acontecido, e a maioria tem a ver com o desmatamento. Os moradores de Páscoa podem ter usado madeira para transportar as esculturas pelo local. Eles certamente fizeram isso com a ajuda de trenós e cordas, com troncos para rolar as obras ou com canoas para fazê-las flutuar.

A mata começou a ficar desfalcada. As árvores levavam muito tempo para crescer e ratos comeram a maioria das sementes. As pessoas usavam madeira para muitas coisas, e precisavam dela não só para atividades práticas, mas também para criar outras estátuas.
Outro motivo que pode ter feito os moradores locais pararem de esculpir as esculturas foi a dedicação a outros projetos. Jardins especializados de pedra estavam se tornando cada vez mais comuns com o crescimento da população. Eles eram ótimos para o solo, mantendo-o aquecido e fertilizado ao mesmo tempo. Os habitantes gastaram muito tempo e esforço fazendo esses jardins de pedra, então tiveram que deixar a construção e deslocamento de estátuas de lado.

Outra teoria sugere que as crenças do povo mudaram ao longo dos anos. Supõe-se que os moradores viam as obras como uma conexão com seus ancestrais. Mas depois de algum tempo, rituais que mostravam força e resistência se tornaram mais populares. E com eles, os habitantes de Páscoa começaram a esculpir imagens relacionadas às aves marinhas, que se tornaram os principais animais de lá. As pessoas começaram a acreditar que estavam sendo cuidadas por seus ancestrais através dos pássaros e não das estátuas. Então, não fazia sentido continuar a construí-las.

Qualquer uma dessas teorias pode ser verdadeira. Mas o problema mesmo era que uma ilha tão pequena não conseguia comportar uma população em crescimento. Então, o que antes era um terreno exuberante, cheio de verde, se tornou uma paisagem desértica. Nos primeiros séculos, as pessoas se valiam dos recursos que a floresta fornecia. Mas a agricultura ganhou mais importância após 1550, quando as florestas desapareceram. Tribos que antes trabalhavam juntas para construir monólitos fantásticos passaram a competir umas com as outras. Durante essa disputa por território e recursos, as estátuas Moai foram derrubadas, pois as pessoas queriam reduzir sua importância. Ao longo dos séculos seguintes, todas as obras estavam no chão, mas nem todas propositalmente. Muitas caíram naturalmente após anos de abandono. Algumas até foram parar dentro do mar que cerca a ilha. E lá ficaram por um bom tempo. Mas essas últimas tiveram mais sorte: foram reerguidas para serem admiradas por turistas do mundo todo.

Se você resolver viajar para conhecer essa local isolado, provavelmente a primeira pergunta que vai se fazer não é como as estátuas foram feitas ou como foram transportadas. Sua dúvida será: “Como é que alguém conseguiu chegar neste fim de mundo?” Foi um dos maiores feitos da história! Os polinésios fizeram coisas extraordinárias. Desde os anos 1500 antes de Cristo, esse povo velejador começou a explorar o mundo. Com as invenções marinhas mais avançadas de sua época, eles navegavam usando catamarãs e canoas, começando pelo Sudeste da Ásia e habitando muito mais lugares ao longo do Pacífico. O local mais ao norte em que viveram foi o Havaí, em 900 antes de Cristo, e a extremidade sul habitada por eles foi a Nova Zelândia, em 1200 antes de Cristo. A jornada mais distante para o Leste foi, claro, a Ilha de Páscoa. Em poucas centenas de anos, esses primeiros navegantes habitaram uma área de milhares de quilômetros quadrados. Eles simplesmente memorizavam onde estiveram antes e, assim, conseguiam navegar pelo oceano. Para isso, usavam uma vasta gama de técnicas: assistiam ao sol nascer e se pôr durante o dia e se guiavam pelas estrelas à noite. Se estivesse nublado e os navegantes não conseguissem se orientar visualmente, usavam outros métodos brilhantes.

Eles observavam os movimentos das correntes marítimas, os formatos das ondas e também a bioluminescência na água. Esses sinais os ajudavam a encontrar onde ilhas específicas estavam localizadas. Esses desbravadores até entendiam como os pedaços de terra e atóis ao longe causavam interferência no ar e no movimento marinho. As aves também lhes davam alguns sinais. Algumas migravam longas distâncias de uma ilha para outra, dando aos viajantes uma noção visual da rota que deveriam seguir. Outros tipos tinham horários específicos para se alimentar. Então, os marinheiros sabiam quando e onde elas caçavam e as seguiam. Os vikings certamente são famosos por suas habilidades de navegação. Mas enquanto usavam uma bússola solar, os primeiros polinésios confiavam inteiramente no conhecimento que tinham da natureza e se deixavam guiar por ela.

As habilidades deles eram tão avançadas que, em 1769, o Capitão James Cook, um explorador inglês, até contratou um navegador polinésio devido a seu conhecimento profundo dos mares. Mas o mais surpreendente foi quando o homem desenhou um mapa de cabeça. Ele cobria uma área de 3.200 km de extensão. Nessa região, havia 130 ilhas e o navegador conhecia 74 delas por nome. No começo da viagem, o Capitão Cook não deu muito ouvidos aos conselhos do polinésio. Mas ao fim da jornada, estava impressionado. E até reconheceu os polinésios como possivelmente a tribo mais distribuída na Terra.

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