Pesquisadores brasileiros experimentam para descobrir o que é mais prejudicial ao nosso corpo, o calor ou o frio
É seguro dizer que em excesso nada faz bem. E a temperatura não foge à regra. Ninguém se sente confortável derretendo no calor ou sem conseguir sentir suas extremidades no frio. Mas, apesar de todos termos nossa preferência, você já se perguntou qual dos dois causa mais mal?
O Incrível.club trouxe para você um estudo realizado por pesquisadores da USP que avalia os efeitos do clima na saúde humana, especialmente nas pessoas mais velhas.
Como resultado do aquecimento global, a temperatura está subindo, não só no Brasil, mas em todo o mundo. E isso pode resultar em uma alteração do meio em que vivemos e, consequentemente, ter impacto em nossa saúde.
O professor Fábio Gonçalves, interante da banca examinadora do estudo (produzido para uma tese de mestrado), garante que o aumento da temperatura média é uma realidade. Embora ainda haja períodos de frio, eles tendem a durar cada vez menos. A recente onda de calor no sudeste em pleno inverno é um indício bastante claro desse problema.
Considerando a população idosa, foi possível notar que suas principais causas de morte relacionadas ao clima estão se invertendo. Onde antes os idosos sofriam com o frio, por causa de doenças como a gripe, que são consideradas mais sérias em pessoas de mais idade, hoje a maior quantidade de ocorrências é registrada em períodos em que a temperatura se eleva.
Como foi realizado o estudo
Ao todo, 68 idosos de diferentes sexos, classes sociais e condições físicas foram selecionados para participar da pesquisa. Eles foram alocados em uma câmara climatizada que permitia a regulação de condições ambientais, como umidade do ar e temperatura. O interior da câmara foi projetado e decorado para parecer uma sala de estar, de modo a estimular que os participantes voluntários se sentissem à vontade.
Eles foram, então, divididos em grupos para que fossem submetidos a diferentes condições climáticas. As temperaturas na câmara variaram entre 16ºC e 32ºC, e a umidade do ar oscilava entre 30% e 70%.
Depois que seus corpos de adaptavam a uma determinada combinação de fatores climáticos, os grupos passavam por avaliações físicas e sicológicas, com testes de equilíbrio, força e cognição. Os voluntários também responderam a questionários com perguntas sobre os níveis de desconforto em cada uma das condições climáticas às quais haviam sido expostos.
O resultado
Os resultados mostraram prejuízos cognitivos quando os voluntários foram submetidos à combinação de temperaturas e umidade elevadas. O único grupo que não teve sua cognição afetada foi o dos que praticavam atividades físicas regularmente. Fatores como sexo, idade ou condição social não se mostraram relevantes aos resultados.
Também houve um outro ponto interessante, o da percepção à temperatura ambiente. Registrou-se que o sistema termorregulador do nosso corpo se torna menos eficiente conforme envelhecemos, fazendo com que os idosos sintam mais desconforto em temperaturas baixas. E isso pode acabar se mostrando problemático, já que os idosos tendem a se agasalhar e buscar o calor durante o período de inverno, mas, por outro lado, não costumam adotar medidas para se proteger das altas temperaturas do verão, podendo, assim, sofrer com problemas como desidratação e hipertensão.
Foi ressaltado também que até 29,7ºC não havia significativas nos organismos dos voluntários, sendo, esse patamar, reconhecido como uma espécie de temperatura-limite, a partir da qual os problemas começam a surgir.
Uma reflexão
O corpo humano naturalmente possui uma tolerância menor ao calor. E, além disso, hoje criamos hábitos que facilitam mais ainda uma desidratação. É comum ver alguém optando por um refrigerante ou uma cerveja quando sente sede, mas essas escolhas não saciam a necessidade, só a estimulam ainda mais.
O calor também é o causador de interferências na pressão sanguínea, o que pode vir a causar a hipertensão. Há, ainda, um fator de ordem externa (não relacionada, propriamente, a uma reação do corpo humano) relacionado ao calor: o aumento da procriação de espécies como o mosquito aedes aegypt, causador de doenças como a febre amarela, a dengue, a zika e a chikungunya.
A condição climática em geral não é algo que podemos controlar tão facilmente. Mas é de extrema importância que estejamos armados do conhecimento necessário para diminuir os riscos e entender as causas de qualquer mal que possa um dia nos afligir.
E você, tem bebido bastante água? Tem alguma dica de como cuidar melhor da saúde nesse clima tropical? Conta para gente aí nos comentários.