Pedras gigantes deslizam pelo Vale, mas como?

Curiosidades
há 7 meses

É o lugar mais quente da Terra. Bem, pelo menos quando se trata da temperatura do ar. No dia 10 de julho de 1913, a temperatura aqui atingiu assustadores — e recordes — 56,7 °C! Não é à toa que as pessoas o chamam de Vale da Morte...
Ele é também o ponto mais baixo de toda a América do Norte, localizado a 86 metros abaixo do nível do mar. Quando você vem aqui pela primeira vez, de repente pode pensar que está cercado por gelo. Mas essa água que você vê lá está realmente congelada? Não se deixe enganar — aquilo, na verdade, é sal. À medida que a água da chuva se combina com os minerais, a camada externa de rochas que cerca a área se dissolve. Quando a água evapora, a única coisa que resta é o sal.

Caso seja fã de água, este não é o melhor lugar para você, já que as chuvas são raras no Vale da Morte. Tão raras que, em média, esta área recebe menos de 5 centímetros de precipitação por ano. Isso faz do Vale da Morte o local mais seco não apenas nos Estados Unidos, mas também em toda a América do Norte. Em 1929 e 1953, este local não recebeu uma única gota de chuva durante todo o ano!
Essa paisagem surreal fica ainda mais marcante quando você vê as dunas de areia. Claro, elas representam apenas uma pequena porção do Vale da Morte. Mas elas são, de fato, alguns dos pontos turísticos mais memoráveis, com algumas com mais de 200 metros.

Se você chegar ao topo das dunas de areia, pode ter a sorte de vivenciar uma das coisas mais estranhas do deserto — as areias cantantes. Mas por que isso acontece? É realmente a areia que faz esse som ou é outra coisa? A resposta é que esse fenômeno ainda precisa ser compreendido. Uma explicação pode ser que a areia que desliza pelas dunas produz esse som devido ao atrito entre seus grãos. Seu som parece um avião voando à distância. Este é um dos poucos lugares na Terra onde a areia faz um barulho tão alto que você consegue realmente ouvi-la. Os outros lugares são o Deserto do Namibe, na África, e as Barking Sands do Havaí.

Se você acha que as coisas não podem ficar mais estranhas neste local surreal, veja isso: algumas das rochas aqui parecem se mover por conta própria! Será que animais esbarram nelas? Quero dizer, o Vale é o lar do Geococcyx, que é o famoso papa-léguas! Este pequeno pássaro, que tem menos de 60 centímetros de altura e pesa 500 gramas, é uma das poucas criaturas que vivem aqui. Ele adaptou sua temperatura corporal para sobreviver ao calor intenso durante o dia. Mas o papa-léguas não pode ser o culpado, afinal, ele não é grande o suficiente para provocar tais consequências. Além disso, nada parece estar empurrando essas rochas — o rastro que elas deixam para trás é muito proeminente.

Bem, nesse caso, devemos culpar os ventos? Essa explicação também não parece se encaixar, já que algumas das rochas são tão grandes que é impossível simplesmente serem levadas pelo vento. Quero dizer, elas podem pesar até 300 quilos — e ainda percorrer uma distância de mais de 400 metros!
Nesse caso, talvez tenha algo na composição dessas rochas que as ajude a se mover quando querem? Existe algum material especial do qual elas são feitas? Os cientistas ficaram tão desapontados quanto você quando investigaram essa teoria — não há nada de único na composição dessas rochas. São apenas pedras comuns, compostas principalmente de dolomita e granito. Elas eram anteriormente parte de penhascos e afloramentos locais que simplesmente caíram.

De qualquer forma, os movimentos das rochas têm intrigado pesquisadores desde sua descoberta no início do século XX. Ainda mais curioso é que, dependendo da forma das rochas, seus trajetos parecem ser diferentes. Enquanto as rochas com a base áspera formam trilhos retos, as de base lisa parecem vagar. Os pesquisadores tentaram descobrir os múltiplos movimentos das rochas e como elas formam esses rastros de muitas maneiras diferentes, observando o local com a ajuda de câmeras de vídeo. Eles também criaram uma estação meteorológica dedicada no local e até colocaram dispositivos de rastreamento GPS em algumas das rochas.

Há outra pergunta: por que algumas dessas rochas se movem juntas? Independentemente de sua forma e tamanho, algumas delas parecem deixar rastros paralelos. Parece que estão seguindo na mesma direção, fazendo as mesmas voltas e curvas enquanto se movem. Não parece que essas pedras estão indo para a mesma festa? Somente em 2014 os cientistas conseguiram realmente capturar o movimento das rochas em filmagens. Até então, ninguém as tinha visto se movendo. As pessoas ficavam intrigadas com o mistério dos rastros deixados para trás. Com a ajuda de fotografias em time-lapse — o que basicamente significa tirar fotos do mesmo quadro por algum tempo e depois reproduzi-las como um filme — os cientistas finalmente descobriram o que estava por trás do movimento misterioso.

Então, realmente tinha algo a ver com animais ou com o vento? Ou era alguma outra força misteriosa que estava empurrando as rochas pela paisagem vazia? Bem, a resposta não é tão simples quanto você imagina! Tudo se resume a uma combinação de chuvas, mudanças rápidas de temperatura e um pouco de vento. Para simplificar, quando chove no Vale, às vezes o local pode congelar. E todo o Vale começa a parecer uma pista de patinação no gelo gigante. Algumas rochas também ficam presas no gelo. Quando a temperatura aumenta e o gelo começa a derreter, partes dessa camada de gelo começam a se mover lentamente, arrastando as rochas. Daí o movimento e os rastros que elas deixam.

Como a terra sob as rochas fica mais lamacenta devido à chuva, fica mais fácil para as pedras se moverem junto com a camada de gelo. Uma vez que o gelo derrete, a água evapora, não deixando nenhuma indicação do que realmente aconteceu. Os rastros deixados pelas rochas se solidificam com o calor do sol, fazendo parecer que elas estão se movendo por conta própria.
O que dificultou para os cientistas desvendar esse mistério foi o fato de que a camada de gelo que ajuda essas rochas a se moverem é muito, muito fina. Ela precisa ser grande o suficiente em termos de sua superfície geral, mas fina o suficiente para evaporar muito rapidamente, sem deixar nenhum sinal de que realmente estava lá.
De qualquer forma, apesar do nome do deserto, existem muitas criaturas vagando por este local. Até peixes! Eu sei, peixes no deserto, né? Bem, surpreendentemente, existem seis espécies de peixes que podem sobreviver aqui, apesar das águas salgadas e condições difíceis.

Uma dessas espécies de peixes resilientes é o peixinho-do-buraco-do-diabo. Ele só vive lá, na água cuja temperatura pode atingir até impressionantes 34 ˚C! Por causa da temperatura e da concentração de oxigênio, nenhuma outra espécie de peixe consegue isso. Mas não são só peixes. Na verdade, há uma grande variedade de vida selvagem no deserto. Ele é o lar de mais de 50 espécies de mamíferos e até vários tipos de répteis. Você encontrará aqui animais como coiotes, raposas, linces e leões da montanha. Entre as espécies menores, você poderá avistar coelhos, esquilos, morcegos, tartarugas, ratos e camundongos. Alguns dos animais que vivem aqui precisaram se adaptar às condições adversas e criaram soluções realmente criativas. Como a lebre, por exemplo. Ela usa suas grandes orelhas para ajudá-la a se refrescar durante o intenso calor do verão.

Os ratos-canguru também têm um truque único na manga. Eles podem sobreviver quase sem água! Como? Podem obter toda a água que precisam dos alimentos que comem. Outras criaturas, como tartarugas, usam a hibernação. Por até nove meses por ano, elas descansam para se proteger das condições extremas do deserto.

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