Parei de dar mesada e ensinei meu filho o real valor do dinheiro
Na escola, eu era uma das poucas crianças que recebia uma mesada dos pais. Adorava poder administrar meu próprio dinheiro, oferecer um lanche aos amigos ou até juntar para comprar presentes para a família. Então, quando meu filho entrou no primeiro ano, achei natural dar a ele um trocadinho para gastar com pequenas coisas. Mas, no começo, as coisas não saíram como eu imaginava.
No começo, pagávamos pelas boas notas
Para que nosso filho valorizasse o dinheiro desde cedo e evitasse gastá-lo com qualquer bobagem, meu marido e eu decidimos que o valor da mesada dependeria, em primeiro lugar, das notas dele. Assim, ele entenderia que estudar bem era do seu interesse. Se as notas fossem ruins, ele receberia apenas o mínimo; já as notas altas seriam recompensadas com um bônus.
No começo, o sistema funcionou muito bem: ele se empolgou e começou a trazer ótimas notas. Não prestávamos muita atenção em como ele gastava o dinheiro, afinal, eu o levava e buscava na escola, então ele só podia comprar algo na cantina mesmo.
Depois de alguns meses, o sistema apresentou seu primeiro problema. O número de notas altas caiu de repente, e meu filho começou a fazer as tarefas de qualquer jeito. Quando perguntei o que estava acontecendo, ele me disse que o cofrinho já estava cheio. Na cantina, ele não tinha muito o que comprar, e não sabia em que mais gastar o dinheiro, pois nós já comprávamos tudo de que ele precisava. Então, qual seria o sentido de correr atrás das melhores notas?
Meu marido e eu decidimos abandonar esse tipo de incentivo financeiro. Também paramos de comprar tudo o que ele queria de imediato. Percebemos que essa abordagem não estava funcionando — assim, ele nunca aprenderia a lidar com dinheiro de verdade. Conversamos sobre a situação em uma reunião de família e planejamos uma nova estratégia.
Passamos a dar uma mesada semanal
Disse ao meu filho que a mesada dele não dependeria mais do desempenho escolar. Expliquei que, embora as notas boas sejam importantes para o futuro, agora ele receberia uma quantia semanal fixa. Ele poderia escolher: juntar para comprar algo especial ou gastar aos poucos com guloseimas. Como ele já está crescidinho, nós, os pais, passaríamos a comprar alguma coisa de sua escolha apenas uma vez por mês.
No início, ele ficou um pouco chateado, mas logo se animou ao descobrir que poderia gastar a mesada no que quisesse (até em um jogo de computador), coisa que antes recusávamos comprar.
Empolgado, ele correu até o pai com o cofrinho, esvaziou todas as moedas, contou com atenção e pediu para comprar um novo “Minecraft”. Meu marido, olhando para aquela pilha de moedas e já pensando em levá-las ao banco, cumpriu o combinado, mas ficou um tanto desanimado.
No começo, meu filho teve dificuldade em se acostumar com a mesada semanal. Algumas vezes, ele gastou tudo já na segunda-feira, comprando besteira para os amigos e alimentando quase a classe inteira. Mas, ao perceber que não receberia nenhum extra dos pais, logo aprendeu a ser mais cuidadoso com seu dinheiro.
No final, decidimos abolir o uso de dinheiro em espécie
Mas, ao que parece, os outros colegas de classe não recebiam tanta mesada. Ou então eles eram mais cuidadosos para não gastar o dinheiro. Percebi que meu filho andava meio cabisbaixo há alguns dias e resolvi perguntar o que estava acontecendo.
Finalmente, ele confessou: “Mãe, o Léo já me pediu dinheiro emprestado três vezes e nunca devolve.” Mandei uma mensagem para a mãe do Léo, e ela, sem hesitar, respondeu: “Meu filho jamais pegaria nem uma moedinha de alguém. O mentiroso é o seu filho!” Fiquei pensativa e então sugeri uma solução para o meu filho.
Expliquei que esperar que o Léo devolvesse o dinheiro era perda de tempo e que o ideal era não emprestar para pessoas assim. Disse para ele não se preocupar, pois todo mundo passa por isso alguma vez. Recomendei que ele levasse apenas trocados para a escola, o suficiente para comprar um lanche. E, se o Léo pedisse de novo, ele poderia dizer tranquilamente que não tinha dinheiro para emprestar.
Parecia que o problema estava resolvido, já que meu filho não reclamou mais do Vasya. Mas um dia ele levou um pouco mais de dinheiro para a escola porque queria comprar massa de modelar depois das aulas. Quando voltou, estava com os olhos cheios de lágrimas e sussurrou: “Mãe, todo o meu dinheiro sumiu! Saí para ir ao banheiro no intervalo e, quando voltei, o estojo estava vazio.”
Percebi na hora que procurar o dinheiro na sala de aula seria inútil. No grupo de pais, só iriam dizer que ele que perdeu. Foi então que tive uma ideia. Falei: “Que tal a gente fazer um cartão para você? Vocês podem usar na cantina, não é? Assim, fica mais fácil juntar dinheiro para coisas importantes, e ninguém consegue pegar.”
Meu filho ficou animado com a ideia. Então fomos ao banco e fizemos um “cartão infantil” para ele. Eu abri uma conta separada no meu nome e vinculei o cartão ao saldo dele. E, para garantir, configurei todos os limites possíveis para ele não correr nenhum risco.
Passamos a usar um novo sistema para a mesada
Esse sistema funcionou bem até meu filho completar 12 anos. Foi então que ele decidiu que queria um computador novo. Ele já tinha um bom notebook, mas sonhava com um modelo gamer que custava uma fortuna. Explicamos com jeito que não podíamos arcar com uma despesa dessas naquele momento — estávamos reformando o apartamento e planejando trocar alguns eletrodomésticos. Ele decidiu que juntaria o dinheiro sozinho, economizando a mesada.
Mas a tarefa não foi tão fácil para ele. Guardar pequenas quantias até conseguia, mas manter o dinheiro guardado mês após mês, sem gastar com outras coisas, foi outra história. A cada duas semanas, ele acabava comprando alguma coisa: uma hora era um brinquedo que viu com um colega, outra hora era uma blusa que estava na moda que “precisava”. Depois, ficava frustrado ao perceber que o dinheiro havia sumido e que sua conta estava novamente zerada.
Depois de muito pensar e pesquisar na internet, meu marido e eu tivemos uma ideia. Propusemos ao nosso filho o seguinte: não daríamos mais dinheiro de mesada. Todo o valor que ele já tinha economizado, junto com os presentes em dinheiro que recebia de amigos e parentes, iria para um “fundo” com “juros dos pais”. Esses juros (ou parte deles) ele poderia sacar no fim do mês ou deixar lá para a quantia crescer ainda mais.
Se ele precisasse de um valor pequeno, poderia ganhá-lo ajudando com tarefas domésticas extras. Claro, ele continuaria arrumando o próprio quarto, lavando a louça e levando o lixo sem pagamento. Mas tarefas como limpar o banheiro, organizar os armários, lavar as janelas ou o carro teriam uma recompensa.
Começamos oferecendo uma taxa de 5% de juros. Ele torceu o nariz a princípio, mas, depois de alguns cálculos, ficou bem animado. Na verdade, ele se empolgou tanto com a ideia que não só aceitou de bom grado os juros, como também arregaçou as mangas e começou a fazer todas as tarefas pagas disponíveis em casa.
E não parou por aí. Ele ficou tão obcecado com a ideia que passou a economizar em tudo — até nos gastos com transporte e na cantina da escola. Todo o dinheiro que sobrava ia direto para o “fundo”, e ele se alegrava ao ver os juros acumulando. Nesse ponto, fomos nós que tivemos que reavaliar as condições do “investimento”. Afinal, o banco da família é uma instituição modesta — não podíamos correr o risco de falir!
De qualquer forma, as coisas estavam indo bem, e meu filho já se animava com a ideia de logo conseguir o tão sonhado computador. O nosso aniversário de casamento estava chegando, mas decidimos não comemorar. O orçamento estava apertado, e o clima não era dos melhores. Além disso, meu filho pediu para sacar os juros do “fundo” — não era uma quantia enorme, mas fazia diferença.
Estava no trabalho, distraída, quando recebi uma mensagem dele que me deixou de boca aberta. Ele tinha retirado os juros para nos organizar um fim de semana especial. Planejou a viagem, encontrou uma pousada e até contou com a ajuda do avô para fazer as reservas. É verdade que nosso “romântico” passeio seria em família e incluiria uma paradinha para ver o show da banda favorita dele, mas isso era só um detalhe.
À noite, quase chorando, perguntei: “E o computador?” Ele sorriu e disse que ele e o avô tinham planos de investir o dinheiro. Segundo seus cálculos, até o fim do ano letivo ele conseguiria juntar o suficiente. O segredo, segundo ele, é agir com sabedoria. Agora, estou tranquila quanto à educação financeira do meu filho.
Ensine seu filho a construir um futuro próspero! Quer que ele cresça sabendo o valor do dinheiro e tenha sucesso financeiro? O Incrível reuniu segredos práticos para que ele se torne um adulto independente e preparado para o futuro. Confira as dicas essenciais de educação financeira que vão ajudá-lo a desenvolver inteligência financeira desde pequeno.