O que aconteceria se um avião voasse para o Espaço

Curiosidades
há 7 meses

Você está olhando para nuvens brancas muito, muito abaixo do seu avião quando ouve duas comissárias de bordo conversando ali perto. Elas parecem... apavoradas?! Passa um momento — e elas não estão mais no corredor! Elas estão — você esfrega os olhos — flutuando no ar! Junto com quase metade dos passageiros do voo! A única coisa que impede que você se junte a eles é o cinto de segurança. Huh, seguir a regra, “Mantenha o cinto de segurança afivelado enquanto estiver sentado” vale a pena! Logo você ouve a voz tensa do capitão. “Caros passageiros”, disse ele. “Nós deixamos a atmosfera da Terra acidentalmente e chegamos ao espaço sideral. Por favor, procurem ter cuidado enquanto flutuam.” “Ah, bem, isso explica muita coisa”, você pensa.

As comissárias de bordo estão tentando fingir que é tudo normal. Elas estão flutuando ao longo do corredor, segurando nos encostos de cabeça e compartimentos de bagagem de mão. Em certo momento, elas tentam servir o almoço. E as pessoas em toda a cabine descobrem que o suco de laranja fica lindo na ausência da gravidade — bolhas brilhantes de tamanhos diferentes. Aí você decide curtir todas essas vantagens e solta o cinto de segurança. Uhuu! É divertido, mas também bastante assustador. Você não consegue controlar seus movimentos — e apenas flutua onde quer que o fluxo te leve. Às vezes, você esbarra nos outros passageiros, na comida que escapou do carrinho de refeição, nos próprios carrinhos, livros, laptops, jaquetas — tudo o que não estava seguro no lugar quando o avião deixou a atmosfera. Isso provavelmente não é a coisa mais segura, mas, como a velocidade não é alta, você sai ileso desses esbarrões.

Se a viagem durar o suficiente, é provável que você tenha que se acostumar com o estilo de vida que os astronautas levam na Estação Espacial! Digamos que de repente você fique com saudades de casa e comece a chorar. Suas lágrimas não rolarão pelas bochechas, caindo em sua camiseta. Elas permanecerão em suas pálpebras, queimando-as! Você não poderá tomar banho, pois a água simplesmente formará pequenas bolhas e flutuará para longe. Então, você precisará usar lenços umedecidos especiais para remover toda a sujeira do seu corpo! Ah, e a propósito, você não conseguirá lavar suas roupas. Vai ter que jogá-las fora como os astronautas na Estação Espacial fazem. Você também terá que usar creme dental comestível e xampu que não precisa de enxágue. Se o seu avião permanecer no espaço por tempo suficiente para o seu cabelo crescer, você terá que usar uma tesoura especial equipada com um pequeno aspirador de pó e um recipiente. Dessa forma, seu cabelo não se espalhará por todo o lugar. Imagina alguém inalando sua cabeleira?! ô-ou!

Você olha ao redor da cabine e observa um fenômeno muito engraçado: seus companheiros de viagem giram, suspensos no ar. Em certos intervalos, eles de repente mudam seu eixo de rotação em 180 graus! E isso se repete mais e mais vezes! São os milagres da gravidade zero... De repente, você vê uma aranha! O que ela está fazendo nesse voo?! Aparentemente, fazendo a teia dela. Mas, como essa minúscula criatura tem que trabalhar sem gravidade, a teia está bem irregular. Parece um pouco com... uma bola? De repente, você sente uma sensação de coceira no nariz. Ah... ótimo, você está prestes a espirrar! A-a-a-atchim! Alguma força poderosa te empurra para trás e, desorientado, você bate em uma parede. Tudo fica preto.

Infelizmente, se o seu avião realmente entrasse no espaço sideral, sua aventura não duraria muito. Os aviões simplesmente NÃO são projetados para voar no espaço. A altitude média de cruzeiro de um avião comercial fica entre 9.500 e 11.600 metros — o que é bastante alto. A essa altitude, o ar fica mais fino. Como resultado, as aeronaves podem viajar com mais facilidade e, ainda mais importante, queimar menos combustível e economizar mais dinheiro para as companhias aéreas. Elas NÃO podem voar mais baixo — e também não podem voar mais alto. Assim que um jato de passageiros decola de um aeroporto, a primeira coisa que os pilotos fazem é conduzir o avião o mais alto possível e o mais rápido possível. Em média, o avião geralmente atinge sua altitude de cruzeiro de 10 a 11 quilômetros nos primeiros 10 minutos do voo. Ao mesmo tempo, cada avião tem sua própria altitude de cruzeiro com base em seu peso e outras características. Por exemplo, o Concorde, famoso avião supersônico de passageiros cuja velocidade máxima era duas vezes mais rápida que a velocidade do som, costumava voar muito mais alto do que outros aviões modernos — de 15.000 a 18.000 metros.

Quando os aviões voam à altura de 10.700 metros, conseguem evitar o mau tempo, como ventos e chuvas fortes nas camadas mais baixas da atmosfera. Além disso, altitudes bastante altas permitem que os aviões evitem o tráfego aéreo pesado, que conta com helicópteros e aeronaves leves. Isso também os ajuda a ficar longe de pássaros e grandes insetos. E, finalmente e o mais importante, se uma emergência acontecer na altura de mais de 10.000 metros no ar, os pilotos terão tempo suficiente para arranjar a melhor solução. Ok, eu entendo; quanto mais alto, melhor. Mas então por que os aviões evitam passar de sua altitude de cruzeiro? Quando um avião está voando muito alto, ele precisa de mais tempo para voltar a uma altitude segura. Durante emergências, como a descompressão rápida, cada segundo conta. Além disso, enquanto viajam em alturas tão expressivas, as tripulações da aeronave não conseguem se comunicar com os serviços terrestres de forma tão eficiente quanto na altitude de cruzeiro regular.

Quanto mais alto você vai, mais fino o ar se torna. Isso não é uma coisa ruim — a menos que um avião suba muito alto. O ar pode ficar muito fino para fornecer sustentação suficiente para manter a máquina no ar. É a diferença na pressão do ar que cria a sustentação necessária. Mas, se a altitude for muito alta, essa diferença é quase inexistente. Além disso, se um avião sobe muito alto, o oxigênio fica muito escasso para abastecer os motores. Um avião recebe cada vez menos ar quanto mais alto sobe. E, em dado momento, ele não tem mais força para continuar subindo. Infelizmente isso pode levar a um desastre. Ao voar em altitudes mais baixas, os aviões contam com a assistência do vento. Mas, no alto, eles têm que desperdiçar muita energia e combustível para permanecer no ar. E não se esqueça do peso da aeronave! Quanto mais a máquina pesa, mais difícil é levá-la a certa altitude.

Por outro lado, se em vez de embarcar nesse Airbus 380-800 você decidisse escolher o X-15, veria um pouco mais do espaço sideral! A maioria das pessoas tem a ideia errada do espaço. Elas acham que é algo muito distante, algo que você precisa se esforçar para alcançar. O espaço sideral não começa em uma altitude particular acima da superfície do nosso planeta. Mas, por conveniência, foi acordado que a fronteira imaginária entre a atmosfera da Terra e o espaço sideral (também conhecida como a Linha Karman) deveria estar na altura de 100 quilômetros acima do nível do mar. Vamos voltar àquele avião-foguete — o X-15. Ele foi projetado em meados dos anos de 1950 e fez sua primeira viagem em junho de 1959. Tinha asas bem finas e curtas, para obter o máximo de sustentação e estabilidade possível. Ele viajou a mais de 5 vezes a velocidade do som. E era equipado com um motor de foguete de ponta. Sua potência de saída podia ser alterada — e então o motor do avião espacial podia funcionar como o de uma aeronave convencional! O X-15 precisava de combustível especial que continha muito oxigênio. O avião podia atingir uma altitude de 100 quilômetros — o que significa que chegava ao espaço!

Enfim, imagine que você fosse pilotar aquele milagre de avião! Durante a primeira parte da sua viagem, sua aeronave seria transportada e, em seguida, lançada da asa de uma nave-mãe B-52. Você definitivamente sentiria a queda, pois seria bastante abrupta. O X-15 era um avião muito concorrido para voar — mas também muito emocionante. Você seria capaz de fazer alguns passeios turísticos na borda do espaço. Mas provavelmente não teria muito tempo para absorver a vista, já que estaria bastante ocupado controlando sua máquina voadora supersônica. Você teria que estar muito atento e observar quaisquer desvios. Quando chegasse a hora de reentrar na atmosfera e voltar para a Terra, você teria que se certificar de o avião estar alinhado perfeitamente. Agora, basta relaxar em seu assento na janela de um voo absolutamente normal. Talvez um dia as pessoas usem aviões para voar para o espaço. Mas não hoje.

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