O que acontece com seu corpo quando você faz uma ressonância magnética?
Então você está no laboratório e ouve um zumbido forte logo atrás. Chaves, um telefone celular e outros objetos de metal começam a tremer e se mover. De repente, decolam e passam ao seu lado a uma velocidade tremenda. Não, não é um buraco negro monstruoso que apareceu do nada, devorando tudo ao seu redor. É uma máquina de ressonância magnética que acabou de ser ligada. E você pode usá-la para olhar dentro de quase tudo. Esse equipamento pode ser do tamanho de uma grande S-U-V e consiste apenas em quatro partes. Gradiente, ondas de rádio, um computador e o componente-chave: um enorme ímã. E precisamos de algo que iremos olhar. Vamos pegar essa tartaruga fofa.
A maioria dos organismos vivos tem água em sua composição. A água é um átomo de oxigênio mais dois de hidrogênio. H2O? Sim. As minúsculas partículas de átomos de hidrogênio agem como ímãs microscópicos. Então nós os pegamos como a seta de uma bússola comum, que detecta o campo magnético da Terra. E o ponteiro sempre aponta para o Norte. Agora vamos colocar um ímã ao lado da bússola. Seu campo magnético é mais forte que o da Terra, e controlamos a seta da bússola. As máquinas de ressonância magnética usam grandes ímãs redondos que têm um campo magnético 60.000 vezes mais forte que o da Terra. E quando esse ímã gigante gira, faz os átomos de hidrogênio do corpo rodarem também. Mas nem todos os de hidrogênio estão girando aqui. Os que estão parados são chamados de moléculas de água de baixa energia. Nós os fazemos circular com ondas de rádio.
A máquina de ressonância emite ondas de rádio na mesma frequência que um campo magnético. As moléculas de água de baixa energia absorvem essas ondas e começam a girar como as normais. Então paramos as ondas de rádio. As moléculas de água de baixa energia param de circular e devolvem essa energia, enquanto o aparelho capta esses sinais. A informação é então transmitida ao computador, que faz os cálculos e cria uma imagem do que está dentro do corpo da tartaruga. Podemos ver as diferentes partes como figuras desenhadas em cores diferentes. Isso porque elas têm diferentes quantidades de moléculas de água de baixa energia. As áreas com muito líquido são quase brancas. O casco da tartaruga parece bem escuro, quase preto no scan, pois é feito principalmente de osso, contendo pouca água. Quanto menos água uma parte do corpo contém, mais escura ela aparece na tela.
O operador de máquina pode mudar a corrente para o ímã para fazer uma imagem de alta qualidade. Neste momento, você ouve um som de clique estranho. O incrível sobre o equipamento é que podemos olhar dentro do corpo em qualquer profundidade. Imagine que há uma parede invisível se movendo dentro do tubo do scanner. Podemos ver o que tem no interior dela a cada centímetro do seu movimento.
O gradiente na máquina de ressonância magnética é responsável por isso. Ele divide os grandes feixes do campo magnético em menores e ajuda a olhar dentro da tartaruga em qualquer ponto da cabeça até a cauda. Vamos colocar um ovo no aparelho e observar pela tela do computador. Primeiro, vemos um pequeno círculo. É o topo do ovo. Dois cm para a frente, o círculo ficou um pouco maior. Mais dois cm, e outro de cor diferente aparece dentro do grande. É a gema. Ela possui uma quantidade diferente de moléculas de água de baixa energia e uma cor totalmente nova na imagem. Passo a passo, podemos examinar o ovo inteiro.
Ainda assim, a máquina de ressonância magnética não consegue olhar dentro de qualquer coisa. Temos uma caixa com um segredo e queremos descobrir o que há dentro dela. Se a colocarmos no aparelho, não veremos nada. A caixa é feita de plástico e não contém moléculas de água de baixa energia. Praticamente não há moléculas de água, por isso ela é invisível para o equipamento. Podemos tornar a imagem da ressonância magnética mais clara. Vamos dar à nossa tartaruga um pouco de fluido de contraste. Ele contém sais de iodo, que também possuem algumas propriedades magnéticas. O fluido se espalha pelos vasos do corpo e os tecidos moles o absorvem. O fluido de contraste amplifica o sinal magnético para o equipamento, então temos uma imagem mais detalhada no computador.
Mas se a tartaruga usasse aparelho ortodôntico ou maquiagem, isso distorceria os resultados do exame. O corretor dentário feito de metal magnético pode ficar quente na boca durante o exame. Se a máquina for forte o suficiente, essa peça pode até começar a vibrar. Não se preocupe, as histórias de que o equipamento de ressonância pode atrair pequenas partículas de metal em velocidades enormes são mitos. Ainda assim, a vibração nos dentes causa desconforto e nossa tartaruga quer parar de ser escaneada. Para isso, há um controle remoto especial com o qual sempre se pode pedir ajuda.
No entanto, a tartaruga não tem polegares e não consegue pressionar o botão. Oh-oh. Vamos salvar essa mocinha e apertar o botão para ela. Ufa, quase tivemos alguns fogos de artifício de tartaruga lá. Mas ei, fizemos você acreditar que as tartarugas podem usar aparelho ortodôntico e maquiagem. Hehe. De qualquer forma, mesmo que a potência da máquina de ressonância seja baixa e ela não reaja com o metal nos dentes ou maquiagem, vai estragar a imagem. Você verá áreas vazias nesses pontos na tela. O campo magnético do metal impediu que o equipamento captasse o sinal das moléculas de hidrogênio. Por esta razão, é necessário passar por uma extensa lista de verificação antes do exame. O médico perguntará sobre quaisquer cirurgias realizadas para ver se você tem implantes de metal no seu corpo. Também será preciso tirar todos os objetos de metal, como brincos, cinto, relógio, etc. Não se esqueça do telefone e das chaves nos bolsos. Não se trata apenas de sua segurança: é também para a precisão do exame.
Outro problema que uma tartaruga pode enfrentar é a claustrofobia. (Ignoraremos, por enquanto, o fato de que ela vive em um casco.) A parte da máquina de ressonância magnética que faz o escaneamento é um tubo. Não queremos que nosso bichinho se sinta desconfortável. Além disso, qualquer movimento durante a verificação pode arruinar todos os resultados. Para esses casos, utilizamos equipamentos de ressonância magnética de baixa potência. Eles não se parecem com um tubo e têm um semicírculo na parte superior e outro na inferior. E há espaço aberto nas laterais da mesa. Ok, agora a Sra. Tartaruga se sente bem melhor. A única desvantagem é que a imagem do computador é bem menos detalhada do que a de aparelhos maiores. Uma máquina de ressonância magnética é cara. O preço depende da potência do campo magnético medido em Tesla (a escala de medição, não o carro elétrico). Começa em US$ 150.000 para uma usada e pode chegar a 1 milhão e 200 mil dólares para uma nova de 0,3 Tesla. Isso equivale a cinco carros de luxo da Ferrari.
Uma top de linha de 3 Tesla pode custar até US$ 3 milhões. Acrescente a isso uma sala especial que protegerá as outras pessoas do forte campo magnético e acomodará o próprio aparelho. O preço total é agora 5 milhões de dólares. Mas é um valor que se paga porque, ao contrário dos raios X, as ressonâncias magnéticas não são perigosas. Um equipamento de raio X consiste em uma célula de energia, um emissor, um suporte para operá-la e um acessório de imagem. Um raio-X funciona basicamente como uma câmera. Vamos tirar uma foto da nossa tartaruga. O tubo emissor emite esses raios X. Ao contrário dos de luz, os desse tipo podem passar pelo corpo e chegar ao dispositivo de fixação de imagem, enquanto o computador mostra os resultados. Diferentes partes do corpo absorvem esses raios de forma diferente. O ar não absorve os raios X, então fica escuro na foto. Os tecidos moles absorvem apenas parte da energia e são mais leves. Os ossos retêm a maior parte dos raios X, então essas são as áreas mais claras da foto.
O casco da tartaruga é de osso, então vemos um grande ovo na foto, o que nos impede de observar qualquer coisa por baixo dele. E também podemos ver os membros bonitinhos do animal. Mas o aparelho de raio X não consegue capturar o que está dentro do corpo. Só tira uma foto do lado de fora. Então geralmente é feita outra imagem do objeto desejado, só que desta vez do outro lado. Diferentemente de uma ressonância magnética, os raios X podem ser perigosos. Portanto, as partes do corpo que não serão examinadas precisam ser protegidas da radiação. A sala com o equipamento deve ter uma blindagem especial para que a radiação não vá para outros lugares. Pelo lado positivo, essas máquinas custam de 10 a 20 vezes menos do que as de ressonância magnética. Além disso, podem revelar o que há dentro da caixa secreta que nossa ressonância não conseguiu examinar. Os funcionários do aeroporto usam aparelhos de raio-X quando examinam nossa bagagem. Objetos de aço, como cortadores de unhas, absorvem perfeitamente esses raios e literalmente brilham na tela.