O que acontece com o seu corpo no fundo da Fossa das Marianas?

Curiosidades
há 3 anos

A Fossa das Marianas, no oeste do Oceano Pacífico, é o lugar mais profundo do nosso planeta. Se você jogar uma pedra na água, ela percorrerá 11.000 m antes de tocar o fundo. Mas, ao contrário do seu corpo, a pedra não sofrerá consequências desagradáveis.

Afinal, ela não é afetada por toda aquela enorme pressão que aumenta quanto mais fundo você vai! Mas, então, o que aconteceria com o seu corpo no fundo da Fossa das Marianas? Coloque seus pés de pato, é hora de mergulhar. Prenda a respiração!

Você está um metro e meio abaixo da superfície e ainda está bem confortável ali. Afinal, está acostumado a essa profundidade: é a mesma de quando mergulha na piscina. Ou talvez na praia, ao observar peixes exóticos nadando perto do fundo.
Mas você está focado em chegar no ponto mais profundo da Fossa das Marianas, a Depressão Challenger. Então, continua avançando.

Dez metros — é onde você começa a sentir um desconforto. Aqui, a pressão sobre o seu corpo duplicou. Seus ouvidos e pulmões estão um pouco doloridos. Isso acontece porque as pessoas têm muitas “bolsas de ar” no corpo.

E sob pressão, essas bolsas diminuem de volume, e você sente isso. Mas não se preocupe. Seus órgãos não são feitos de metal. Eles são flexíveis o suficiente para suportar ainda mais pressão do que isso. Você DEVERIA se preocupar a essa profundidade é com o tubarão branco. Se ele quiser devorá-lo para o jantar, você está com problemas piores do que a alta pressão. É por isso que é melhor continuar mergulhando!

Em torno de 20 metros embaixo d’água é onde você vai precisar de uma lanterna e cilindros de ar conforme for ficando sem fôlego. Os raios do sol mal chegam até aqui e é bem escuro. Pelo mesmo motivo, você está ficando com frio. Que tal colocar uma roupa térmica, aquela que os mergulhadores costumam vestir?
Ah, agora está melhor. Mesmo que você se sinta mais aquecido, seus ouvidos estão começando a doer... Muito. E seus pulmões estão quase três vezes menores do que o tamanho normal. Isso pode ser arriscado para um mergulhador não treinado.

Mas você é corajoso o suficiente, e agora já está a uma profundidade de 30 m. Somente mergulhadores profissionais vão a um ponto desses sem equipamento especial! A pressão aqui é três vezes maior do que a da superfície.

Algo estranho começa a acontecer com seu corpo. E não parece com nada que você já tenha sentido antes. E a razão é... Seu cilindro de ar! O ar comprimido dentro dele é basicamente nitrogênio (78%)oxigênio (cerca de 21%). Mas naquela profundidade o nitrogênio se torna meio tóxico... Ele pode levar você a fazer coisas estranhas. Tipo, esquecer que está debaixo d’água e tirar a máscara de oxigênio.

Mas se você levar cilindros com mais oxigênio, a tontura e outras sensações estranhas passarão.
Sessenta metros abaixo da superfície. A pressão aqui é sete vezes maior do que em terra firme. Agora, até mesmo o oxigênio não é mais seguro. Você tem que respirar um pouco de gás hélio também.

Uma descida certeira até a profundidade de 214 m. Essa marca é o recorde mundial do mergulho livre. Herbert Nitsch certa vez conseguiu chegar a essa profundidade sem nenhum equipamento especial ou cilindros de ar. Depois disso, recebeu o título de “o homem mais profundo da Terra”. Em 2012, ele tentou quebrar seu próprio recorde e mergulhou a uma profundidade de mais de 250 metros. Mas isso não fez bem para a saúde dele.

De qualquer forma, se você tivesse treinado para prender a respiração por tanto tempo, provavelmente teria poucos problemas agora. A essa distância da superfície, é preciso começar a olhar ao redor novamente, pois pode haver tráfego intenso! Os submarinos viajam a essa profundidade e você com certeza não quer colidir com nenhum deles.

Alguns metros mais ao fundo e você atingiu os limites da média do corpo humano. Ao mesmo tempo, experimentos em laboratório provaram que os humanos podem suportar pressões ainda maiores.

Funcionou assim: um mergulhador entrou em uma câmara especial do tamanho de uma sala. Os cientistas simularam alta pressão, comparável a de um mergulho profundo, dentro dela. Dessa forma, descobriram que uma pessoa treinada pode suportar uma pressão semelhante à de uma profundidade de 500 metros!

Mas o mergulhador não podia simplesmente sair da câmara após o término do experimento. Com a alta pressão, gases como nitrogênio, héliooutros se acumulam no corpo. E se você normalizar a pressão de uma vez só, eles se transformam em bolhas. As consequências são, no mínimo, extremamente desagradáveis.

Então é preciso subir gradualmente. Assim, os gases podem sair do corpo de forma natural. Às vezes, um mergulho leva alguns minutos, mas chegar à superfície se estende por muitas horas. Tudo por uma questão de segurança!

Ok, agora você tem que colocar um traje especial, caso contrário não conseguirá mergulhar mais fundo. Ele pode protegê-lo a uma profundidade de até 700 m. A roupa é vedada e a pressão interna é exatamente a mesma que na superfície.
Mas logo logo essa proteção já não é mais suficiente. É preciso de um novo meio para continuar a descida, que é o submarino Triton 6600. Agora que você está sentado dentro de uma grande máquina de ferro, tem a sensação de estar dirigindo um carro. Só que este “veículo” vale cinco milhões e meio de dólares. Você certamente não quer batê-lo — então, tome cuidado.

Você atingiu uma profundidade de 2.000 m. Nem pense em sair do submarino! A pressão aqui é 200 vezes maior do que na superfície! Seu corpo simplesmente não sobreviveria a essa experiência.

Ainda faltam cerca de 9.000 m para alcançar o fundo da Fossa das Marianas. Se você se teleportasse bem ali, uma enorme coluna de água com quase 11 km de altura o pressionaria com toda a força. Seu passeio turístico terminaria antes de começar. Mesmo os submarinos pressurizados não conseguem suportar esse tipo de força. Grandes máquinas metálicas explodem como balões de ar.

No momento, as pessoas só exploram o fundo da Fossa das Marianas com a ajuda de robôs e drones. Uma dessas máquinas é o Nereus, um veículo subaquático autônomo que foi construído especificamente para mergulho em alto mar. Ele é capaz de suportar pressões 1.000 vezes maiores do que as da superfície e atingir uma profundidade de quase 11.000 m.

Em maio de 2009, o Nereus chegou ao fundo da Depressão Challenger, que é o ponto mais profundo conhecido do nosso planeta. Graças a essa máquina e suas duas câmeras, foi possível assistir ao que acontecia naquela enorme profundidade.

Mas pessoas também já estiveram na Depressão Challenger. Em 1960, o batiscafo Trieste desceu até o fundo. A embarcação transportava dois tripulantes. Infelizmente, eles não conseguiam ver bem os arredores, pois havia somente uma pequena janela nele.
Isso ajudou a reforçar a estrutura da embarcação. Além disso, para suportar aquela pressão incrível, as paredes de ferro do batiscafo tinham 13 cm de espessura.
Mas quando os exploradores alcançaram o fundo do oceano na Depressão Challenger, um dos vidros da janela quebrou. Felizmente, ele ainda conseguiu passar cerca de 20 minutos no fundo do mar e então subir à superfície.

Mas existem criaturas vivas acostumadas a condições tão incríveis. O peixe-caracol de Mariana, por exemplo, vive a uma profundidade de 7.300 m!

Até mesmo o fundo da Fossa das Marianas é habitado por bactérias e vírus. Esses seres estão acostumados a baixas temperaturasalta pressão. E seu alimento é todo tipo de matéria orgânica que afunda e chega até essa parte do oceano.

As pessoas também conseguem sobreviver em outras condições extremas. Por exemplo, no espaço, que é um vácuo. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, lá não é frio. E também não é tão denso quanto o ar ou a água. É por isso que você perderia o calor do corpo muito lentamente.

Mas vamos pensar em um experimento. Normalmente, a água ferve a 100 graus. Digamos que você coloque um copo de água em uma câmara especial e baixe gradualmente a pressão. Quanto mais baixa ela for, mais baixa será a temperatura que a água precisa para ferver.
Você é constituído de 70% de água. E como o espaço é um vácuo quase absoluto, a pressão lá é extremamente baixa: próxima de zero! E, agora, pense no que pode acontecer com o seu sangue muito líquido... Acho que você consegue imaginar as consequências. Ai!

Além disso, seus órgãos internos começariam a se expandir. Mas isso não é um problema, pois seus tecidos são flexíveis e conseguem suportar uma experiência assim.
O principal problema seria a falta de oxigênio. Sem ar, você logo perderia a consciência. Se a equipe de resgate conseguisse chegar em até 1 a 2 minutos, você ficaria bem.

Mas existem organismos vivos que podem sobreviver mesmo lá. Uma espécie bacteriana se desenvolveu no espaço sideral perto da Estação Espacial Internacional por três anos! Essa bactéria não se importa com o vácuo e a falta de oxigênio. Ela até conseguiu sobreviver à forte radiação solar. E merece com razão o título de bactéria mais resistente do mundo!

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