O homem que vendeu a Torre Eiffel como sucata
Ligações, páginas da internet, links maliciosos — essas são as maneiras pelas quais alguém pode passar a perna em você no século XXI. Mas, e se alguém tentasse te vender a Torre Eiffel, o Big Ben ou até mesmo... a Ponte do Brooklyn? Difícil de acreditar, mas todas essas e muitas outras coisas semelhantes aconteceram ao longo da história. Por exemplo, George C. Parker foi um dos maiores golpistas americanos, ele operou principalmente no final de 1800. Golpista é um termo usado para uma pessoa que engana os outros — primeiro, ganha a confiança e depois os persuadem a acreditar em algo que não é verdade.
Parker era um nova-iorquino e ganhava a vida fazendo vendas ilegais de itens famosos que na verdade não possuía. Ele conseguiu vender propriedades populares como a Estátua da Liberdade, o Madison Square Garden, o Metropolitan Museum of Art e, é claro, a Ponte do Brooklyn. É por este último item que ele é mais famoso — o cara vendia repetidamente a Ponte, pelo menos duas vezes por semana. Uma vez Parker chegou a um preço de US$ 50.000! O novo proprietário nem sabia que havia sido vítima de um golpe até que os policiais de Nova York o impediram de fazer coisas que seriam normais para quem é dono de uma propriedade, como montar cabines de pedágio no meio da ponte.
A Ponte do Brooklyn foi inaugurada no final do século XIX, em 1883. E tinha pedágio, o que significa que os pedestres tinham que pagar sempre que quisessem atravessá-la. Para quem tinha um cavalo, o preço era de 5 centavos. Já para um cavalo e uma carroça, o valor subia para 10 centavos. Dezenas de milhares de pessoas cruzavam a ponte todos os dias enquanto iam para o trabalho, do Brooklyn para Manhattan. Alguns anos depois, em 1891, esse pedágio, e obviamente algumas pessoas pensaram que poderiam retomá-lo.
Parker costumava escolher nomes diferentes, como Warden Kennedy, James J. O’Brien, Taylor, Roberts, etc, para aplicar os seus golpes. Ele também usou vários métodos para se apresentar como o proprietário “legal” das propriedades que queria vender. Por exemplo, forjando documentos para tornar seus golpes mais verossímeis e criando escritórios falsos quando necessário. Além disso, quando vendeu o Túmulo de Grant, se apresentou como neto do general. Um dos lugares mais populares onde operava era na Ellis Island. Ele esperava por pessoas chegando de diferentes países, especialmente aquelas que tinham dinheiro e que queriam investir em novas empresas. Seu alvo favorito não eram apenas as que queriam se mudar para os EUA, mas turistas em sua primeira visita à Nova York. Que recepção, hein?
No Reino Unido havia um homem que fazia uma coisa semelhante, mas na direção oposta. Arthur Furguson “vendia” famosos monumentos nacionais ingleses e outras propriedades públicas para turistas americanos durante a década de 1920. Ele negociou o Big Ben, a Coluna de Nelson, na Praça Trafalgar, e o Palácio de Buckingham. E sim, também vendeu esses edifícios mais de uma vez, encontrando diferentes compradores para eles. O cara conseguiu enganar muitas pessoas porque os compradores não eram bem informados e, além disso, ficavam muito envergonhados para contar suas histórias em público após descobrirem a verdade.
Furguson então foi para os Estados Unidos e vendeu a Casa Branca para um fazendeiro que teve que pagar US$ 100.000 por ano. Como George Parker, Furguson também tentou negociar a Estátua da Liberdade para um turista da Austrália. O homem queria comprar a estrutura impressionante, mas não conseguiu juntar o dinheiro a tempo. Furguson ficou cada vez mais impaciente, falando sobre o negócio o tempo todo e exigindo que o comprador conseguisse o dinheiro. O australiano logo ficou muito desconfiado. Por fim, ele decidiu compartilhar a história com a polícia. Assim, finalmente, conseguiram pegar Furguson, que foi condenado a cinco anos porque descobriram alguns outros golpes que ele havia feito no passado.
A Torre Eiffel também foi disponibilizada para venda, em algum momento na década de 1930. Victor Lustig foi outro golpista famoso que tinha 46 anos na época. E abalou a América da era do jazz, assim como o resto do mundo. Enquanto estava em Paris, ele fez um grande negócio — o cara REALMENTE vendeu a Torre Eiffel. E não apenas uma, mas duas vezes.
O golpe de Victor era bem simples: marcava reuniões com pessoas que precisavam de ferro sucateado. Ele as convencia de que a Torre Eiffel seria demolida porque precisava de muitos reparos. Então, quem oferecesse o maior valor, receberia os materiais. Victor era um homem encantador com fortes habilidades de comunicação que o ajudaram a convencer seus compradores de que a Torre Eiffel realmente seria deles após a compra. Ele tinha dezenas de passaportes falsos, muitas vezes mudando de nome enquanto fazia negócios ilegais.
Existe uma lenda local interessante contada em Wichita Falls, no Texas. Em 1919, um homem chamado J.D. McMahon teve a ideia de convencer as pessoas que moravam lá de que ele construiria uma grande propriedade que seria muito alta — algo que chamaríamos de um arranha-céu hoje. Assim, arrecadou US$ 200.000 e depois construiu um prédio com apenas quatro andares. Tinha 4 metros de profundidade e 3 de largura, muito menor do que deveria ser. As medidas que ele apresentou na papelada não estavam em metros, mas sim em centímetros — um detalhe que os investidores não notaram.
O investidor que teve essa ideia original, é claro, fugiu com seu lucro extraordinário, deixando para trás aquilo que foi chamado de “o menor arranha-céu do mundo”.
No século XVIII, uma mulher chamada Barbara Erni viajou por Liechtenstein e arredores. Durante a jornada, ela carregava um baú grande nas costas. E viveu uma existência nômade, por isso muitas vezes fazia paradas para tentar conseguir hospedagem para passar a noite. Toda vez que parava, Erni dizia ao seu estalajadeiro que seus itens mais valiosos estavam no baú. Então ela pedia ao proprietário para trancar o baú no quarto mais seguro. Os estalajadeiros acatavam o pedido. Eles não sabiam que não havia joias ou roupas dentro dele. Na verdade, tinha o seu amigo viajante que então saía de lá, pegava todos os objetos de valor do local e depois fugia com Erni novamente — isso durou 15 anos até que finalmente a dupla itinerante foi finalmente pega.
Ed Barbara, um vendedor de móveis da área da Baía de São Francisco, descobriu uma fórmula original de negócios nas décadas de 1970 e 1980. Ele infestou a região com comerciais que irritavam muito as pessoas. E então começou uma nova etapa: em certo momento, disse a todos que era dono de 50% da mina de ouro Golden Gulch, próxima de Truth or Consequences, no Novo México. Todo mundo ouviu a história de que o local estava pronto para escavar ouro — estamos falando de muito ouro, no valor de até US$ 93 milhões apenas no primeiro ano. Sua empresa vendeu ações, o que rendeu grandes lucros ao vendedor. Claro, era apenas um golpe.
Um certo motorista de caminhão estava sem emprego em 2010, então teve uma ideia bastante incomum. Ele tentou vender o Ritz Hotel em Londres por quase 300 milhões de dólares. Nada mal para o possível comprador, considerando que o valor real era de mais de 700 milhões de dólares. O motorista fingia ser um bom amigo dos donos deste hotel chique. E também se apresentava como um dos sócios.
Ele disse que os proprietários tinham suas próprias razões para vender o hotel através de terceiros e não cabia aos outros discuti-las. O comprador até lhe entregou mais de um milhão de dólares como sinal inicial. O motorista então disse que recebeu uma oferta ainda melhor e, assim, passaria o negócio para o outro comprador, mas não devolveria o dinheiro.
As pessoas tentaram vender coisas bizarras no mundo virtual, também. Por exemplo, no início dos anos 2000, quando a internet estava apenas se popularizando e muitas pessoas ainda nem entendiam o conceito de compras on-line, um homem da Austrália tentou vender um país inteiro no eBay. Sim, você poderia comprar a Nova Zelândia em um leilão de um mês e o preço inicial era de 1 centavo de dólar australiano. Alguns potenciais compradores levaram isso muito a sério, então o preço chegou a US$ 3.000 antes de o eBay parar o anúncio.