O Chão Sob Seus Pés Está em Movimento. E se Fosse Mais Rápido?
Se você mora em um lugar crítico para terremotos, como eu, pode ter sentido esses conhecidos tremores. O chão tremendo embaixo de seus pés, quadros chacoalhando nas paredes, o cachorro do vizinho latindo no quintal.
Um terremoto consiste basicamente em placas tectônicas em movimento e chocando-se umas contra as outras. Esfregue as mãos bem rápido agora. Esquentaram? Isso é energia! Quando a energia dessas placas é liberada, você (e o cachorro do seu vizinho) a sente na terra!
Sim, estamos todos surfando em pedaços gigantes de terra, flutuando em rocha líquida quente! Você está surfando agora enquanto assiste a este vídeo!
Às vezes, uma desliza sobre a outra. É como tentar alcançar o controle remoto que escorregou entre as almofadas do sofá. Se você estiver usando mangas compridas, elas se enrolam no seu braço como uma cobra trocando de pele. Quando as placas tectônicas fazem isso, formam-se montanhas!
Mas vamos nos afastar diminuindo o zoom do seu quarto, e ir ainda mais longe. Continuando. Ali! A Terra: o terceiro planeta a partir do sol. Coberta por montanhas, desfiladeiros e aqueles continentes conhecidos, com oceanos que se estendem entre e ao redor deles.
Mas nosso planeta tinha apenas um único supercontinente: a Pangeia. Onde todas as porções de terra se abraçavam e curtiam a vida maravilhosa cercadas por um super oceano enorme.
A África e a Austrália eram vizinhas. As Américas e a Ásia apareceram para dar um “Olá pessoal!”. Mas avance cerca de 300 milhões de anos e aqui estamos nós! E aí está você, se equilibrando sobre rocha derretida enquanto o solo logo abaixo forma montanhas, cordilheiras, vulcões e terremotos. Parece radical! Mas você não sente que ela está se movendo, não é?
Também não sente o seu corpo em alta velocidade quando anda de carro. Isso é física e é curioso.
Nesse momento, a placa embaixo de você se move apenas alguns centímetros por ano, até 10 cm, quando as coisas ficam “super-rápidas”! Por dia, isso equivale à metade da largura de um fio de cabelo. Portanto, vamos acelerar um pouco as coisas: digamos, 90 metros por dia!?
Você está sentado em seu quarto degustando um delicioso chocolate quente, olhando o celular e vendo alguns vídeos. Ao colocar a xícara na mesa de cabeceira, começa a se sentir tonto. Como se o quarto estivesse girando...
Então confere sua xícara e vê que o líquido dentro dela está balançando loucamente! Ô-ou, agora é você que está balançando! E até consegue se levantar, mas não manter o equilíbrio. Está tudo caindo, como se houvesse um tornado no quarto. Você se esconde debaixo da cama e cobre a cabeça. Acabou a luz, e agora não dá pra ver mais nada!
Existem duas coisas para se ter em mente quando se trata de terremotos: m
agnitude e intensidade. A magnitude é o tamanho do terremoto. É apenas um número constante. A intensidade é o quanto de tremor ele causa. Esse número pode ser diferente, dependendo de onde se está medindo.
O terremoto mais forte de todos os tempos ocorreu no Chile, em 1960. Sua magnitude foi de 9 ponto 5 na escala Richter (acima de 7 é considerado “severo”!). O tremor causou tsunamis em toda a extensão até o Japão, Havaí, Filipinas e até mesmo Nova Zelândia. O dano custou milhões de dólares em reparos.
No escuro, você ainda pode sentir o chão tremendo abaixo. E como a crosta tem em torno de 90 metros, o solo se abre! Na paisagem onde você costumava andar de bicicleta agora surgem rochas e minerais das profundezas.
Os prédios ao redor começam a desabar. Mas, felizmente, você conseguiu escapar e fugiu para um espaço aberto. Também não há nenhum sinal no seu telefone.
As torres de celular caíram durante o terremoto. Mas o chão ainda está tremendo. E com as placas se movendo tão rápido, o interior da Terra começa a mostrar como realmente é... E ele é vermelho. Vermelho para vermelho fogo! É possível ver o manto neste ponto. A Terra, como uma cebola, está revelando suas camadas! Com o magma fluindo bem na sua frente, você poderia achar que está em um filme de desastre!
De repente, sente uma rajada de maresia. E agora está na praia! Mas espere um minuto, você não mora perto da costa. Se a força de um terremoto é medida pela magnitude e intensidade, este é terrível!
Ele provavelmente se originou no oceano e se estendeu por todo o interior do continente onde você está. E formou uma onda tão grande que a costa simplesmente veio para sua cidade sem praia!
Ondas de água do mar estão se formando perto dos limites da cidade. Fazendas e rios se foram com a única onda da maré. A terra que antes era boa para a agricultura, já não é mais.
E à medida que o chão continua se abrindo, vai entrando um pouco de água do mar por entre as fendas, e se choca com o magma que está emergindo. O vapor sobe do chão e a Terra parece uma chaleira gigante!
Sem energia elétrica e sem sinal de celular, não há como se comunicar com ninguém! E isso é exatamente o que acontece com os terremotos: eles podem aparecer quase sem nenhum aviso!
Bem ao contrário dos furacões, tornados e tufões, que podemos prever seus trajetos e intensidades. Podemos nos preparar. Mesmo as erupções vulcânicas dão às pessoas tempo suficiente para evacuar e buscar um local seguro. Mas os terremotos estão em uma categoria única...
E com todos os edifícios desmoronando ao seu redor, você veria uma cortina de fumaça de poeira e detritos. O ar ficaria irrespirável. Melhor pegar uma máscara de gás! Ao longe estão as montanhas das quais você sempre gostou. Onde caminhava pelas trilhas a cada dois finais de semana e acampou algumas vezes ao longo do rio.
Mas o terremoto se arrasta pelo centro da montanha e cria pressão suficiente para destruí-la! As árvores começam a cair. A montanha se torna um monte de rocha e poeira.
Ainda não acabou. O chão tremendo faz grandes pedaços de terra e pedras deslizarem em direção à cidade. Alguns deslizamentos são grandes o suficiente para destruir aldeias inteiras em áreas remotas! Muitos acontecem após chuvas fortes, outros de forma totalmente inesperada.
Com o chão se abrindo, vários dos objetos em terra são engolidos pelo buraco. Carros, árvores, edifícios, estátuas, tudo mesmo! Você consegue encontrar um terreno que parece seguro, mas não dá para saber se é tanto assim! Tudo isso está acontecendo na sua cidade e em locais ao redor do globo. E está prestes a se tornar ainda mais global!
As placas tectônicas são fundamentais para a vida na Terra. Uma das principais funções do trabalho ingrato delas era manter a temperatura confortável e habitável do planeta. Sem as áreas de terra flutuando sobre a camada de rocha líquida, não haveria vida no planeta mais animado que conhecemos até agora!
Alguns bilhões de anos atrás, a Terra era apenas uma pequena bola de gelo. Isso acontecia porque o sol, muito mais jovem naquela época, era mais frio do que é hoje. Você deve pensar que os oceanos eram congelados e bons para patinar no gelo desde o Atlântico até o Pacífico. Mas... Não eram!
E tudo porque os cientistas acreditam que essas placas móveis lá embaixo mantinham os oceanos quentes e aconchegantes. Elas faziam isso criando vulcões subaquáticos. Além de lava e muitos gases, lançavam dióxido de carbono na atmosfera, que retinha o calor da Terra.
Conforme o sol foi gradualmente esquentando, a chuva foi arrastando o dióxido de carbono de volta para o solo e para o manto. E esse ciclo foi capaz de ajudar a Terra a manter sua temperatura para nos receber. Uau! Que profundo!
A Terra é tão única devido a essas placas tectônicas — nenhum outro planeta no sistema solar pode se gabar do mesmo. Exceto pela lua congelada de Júpiter, Europa! Existem evidências de movimento de placas tectônicas dentro do núcleo. E embora Vênus e Marte tenham interiores quentes, não há qualquer sinal de uma atividade assim.
Como o solo continua a romper a terra, tudo que ficava à vista agora desceu para o subterrâneo. Se as placas se movessem 90 m por dia durante um ano, toda a paisagem do planeta passaria por uma mudança total... Para pior.
A vida como a conhecemos deixaria de existir. Exceto talvez por bactérias microscópicas e alguns insetos que podem sobreviver a condições adversas assim. As calotas polares não teriam mais gelo e os vulcões estariam em erupção continuamente. O planeta acabaria parecendo uma bola de fogo quente de destruição e talvez até queimasse inteiramente.
Felizmente, isso é puramente um experimento de uma ideia hipotética. Portanto, sente-se, relaxe e não se preocupe com o solo se movendo sob seus pés: ele vai bemmm devagarinho, em um ritmo super seguro! Ufaaa!