Modelo com 91 anos de vida e 70 de carreira mostra vantagens de manter-se em movimento
Como as agências costumam preferir rostos jovens, boa parte das modelos se veem obrigadas a deixar a profissão quando estão saindo da casa dos 20 anos ou entrando na dos 30. Mas sempre existem exceções às regras, e Carmen Dell’Orefice se encaixa nessa categoria. A top model, dona de uma carreira que já dura sete décadas, está com 91 anos e continua aparecendo em capas de revistas famosas.
Carmen Dell’Orefice começou a trabalhar como modelo ainda adolescente
Carmen Dell’Orefice nasceu em 3 de junho de 1931, em Nova York. Quando tinha apenas 13 anos e estava dentro de um ônibus, foi abordada pela esposa de um fotógrafo. A mulher disse que a então menina deveria trabalhar como modelo. Dois anos depois, Dell’Orefice assinou contrato com a Vogue, saindo na capa da famosa revista pela primeira vez em 1946.
Apesar de Dell’Orefice ter rapidamente se tornado a preferida do fotógrafo Erwin Blumenfeld e estampado diversas capas de outras publicações, a carreira de modelo não garantia renda suficiente para o sustento de sua família. Ela e a mãe ganhavam um dinheiro extra costurando e vendendo roupas. Além disso, a família da jovem modelo não tinha telefone, então a Vogue precisava enviar mensageiros para informá-la a respeito dos futuros trabalhos.
Ela passou a fazer sucesso em pouco tempo, mas encarou alguns problemas
Quando estava na faixa dos 20 anos e já trabalhava para a Vogue há algum tempo, Carmen Dell’Orefice chamou a atenção do editor de moda da Harper’s Bazaar. Ela passou a aparecer em capas com uma frequência cada vez maior, ao mesmo tempo em que posou divulgando peças de lingerie para a Vanity Fair.
Nesse ínterim, a modelo casou pela primeira vez e teve sua primeira filha, Laura. Só que Bill, o primeiro marido, explorava financeiramente a esposa, apoderando-se de seu salário e dando a ela apenas uma pequena mesada. Após a união terminar em divórcio, Dell’Orefice casou com o fotógrafo Richard Heimann, mas aquele matrimônio não duraria muito.
Após o fim de seu terceiro casamento, aos 47 anos, a modelo resolveu voltar a trabalhar em tempo integral
“Quando eu tinha 40 anos, tinha 40 anos. Não queria ter 20. Sempre fiz meu trabalho — me retratar com o visual daquele respectivo ano. Justamente por isso sempre foi tão maravilhoso ficar diante da câmera,” explicou Dell’Orefice.
Conforme o tempo foi passando, a profissional nunca deixou de se sentir pertencente à indústria da moda. Quando seu terceiro casamento chegou ao fim, ela resolveu retomar a carreira com força total. Na época, nossa protagonista estava com 47 anos.
Nos anos 1990 e começo dos 2000, Dell’Orefice trabalhou para marcas como Target, Cho Cheng e Rolex, além de voltar a aparecer na Vogue e na Harper’s Bazaar. Mais recentemente, ela tem sido garota-propaganda da H&M, Sephora e Phillip Plein, entre outras grifes, desfilando para estilistas do nível de Anna Sui, Guo Pei e Thierry Mugler.
Hoje, com 91 anos, Dell’Orefice não dá sinais de querer reduzir o ritmo, tendo uma filosofia de vida verdadeiramente inspiradora
Em 2008, Dell’Orefice entrou para o Livro Guinness dos Recordes como a dona da mais longa carreira de modelo de passarela. Na visão da profissional, um corpo em movimento tende a permanecer em movimento, e ela acrescenta: “Nós fomos feitos para estar em constante movimento, e cada um tem um ritmo diferente”. Tal conceito descreve a própria carreira da modelo. Apesar de todas as dificuldades, Dell’Orefice nunca se permitiu ser derrotada pelos obstáculos.
Ao ser perguntada se pensava em aposentadoria, Dell’Orefice disse que não. “Quero curtir cada dia da minha vida, e o trabalho faz parte disso”, disse ela durante entrevista concedida em 2017. Hoje, aos 91 anos, a modelo realmente não dá sinais de querer deixar a carreira de lado. Em outubro de 2002 ela saiu na capa da New You ao lado da também top model Beverly Johnson.
“Continuamos crescendo a cada dia, e só paramos quando temos que parar. Aprendemos com o dia anterior, mantendo-se em constante mudança, como os ponteiros de um relógio”, disse Dell’Orefice ao comentar a forma como incorpora o envelhecimento ao seu estilo de vida. Ela é prova de que modelos com certa idade também podem ter carreiras bem-sucedidas, mostrando ainda que a aposentadoria forçada deveria ser algo para o mundo da moda deixar no passado.
Que aspecto da vida de Carmen Dell’Orefice mais te impressionou? Você acha que a indústria da moda tem se tornado mais inclusiva?