Médico conta uma história engraçada sobre o sistema imunológico
Alexey Vodovozov, blogueiro russo, ex-médico militar, jornalista e divulgador de medicina, escreveu uma história engraçada sobre o funcionamento do nosso sistema imunológico. Ele viu o início da história em um site e depois criou uma série de contos médicos.
Nós, do Incrível.club, não sabíamos que no nosso corpo se estimulam tais paixões. Saca só!
Eu: “Imunidade, que diabo está fazendo? Por que é que estou com febre de 40º?”
Imunidade: “Enviei pirogênios na corrente sanguínea que atingiu o centro de termorregulação no hipotálamo e mudei o ponto de equilíbrio para a produção de calor”.
Eu: “Pro inferno com essa fisiologia! Por que tão alto?”
Imunidade: “Detectei a invasão de um vírus que não pode viver a temperatura de 40º por isso enviei os piro...”
Eu: “E eu?! Também não posso viver com temperatura de 40º”.
Imunidade: “Foi detectada a invasão de um vírus que...”
Cérebro: “Chega de falar! Desligo a consciência como o processo mais consumidor do corpo, ainda temos que aquecer para 41º”.
Eu: “Por quê?!”
Imunidade: “Foi detectada a invasão de um vírus...”
Cérebro: “Imunidade, ele já não está ouvindo nada. Mas não vou aquecer para 42º”.
Imunidade: “Foi detectada a invasão de um cérebro que...”
Cérebro: “Tá bom! Tá bom, linguarudo”.
Eu: “Bom dia, galera!”
Cérebro e Imunidade em coro: “Como assim?!”
Eu: “Conheçam o Paracetamol”.
Paracetamol: " Hipotálamo, você podia reduzir a sensibilidade de seus receptores de pirogênios?“
Hipotálamo: “Não há problema”.
Imunidade: “Então, foi possível fazer isso?”
Vírus: “Ai que bom! 37,2º! Eu vou viver!
Imunidade: “Não é nada disso! Fígado!”
Fígado (parando de pôr o glicogênio no esconderijo): “Ah é?”
Imunidade: “Ligue o citocromo P450”.
Fígado (bocejando): “Qual deles?”
Imunidade (surpreendido): “Tem vários?”
Fígado (colocando os óculos, com tom de professor): “Os citocromos podem ser encontrados em todos os reinos de organismos vivos. Existem mais de 50 mil tipos diferentes dessa enzima. E agora vou enumerar todos...”
Imunidade: “Pera aí... O que você tem contra o Paracetamol?”
Fígado (folheando o prontuário): “Bem... CYP2E1 e CYP3A4, mas depende do que vamos fazer: glucoronisar, sulfatar ou N-hidroxilar, porque o processo tem algumas peculiaridades...”
Imunidade: “Não, está gozando de mim? Liga tudo”.
Fígado: “Tem certeza?”
Cérebro: “Olhe... Imunidade, Fígado tem razão, vamos pensar nisso”.
Imunidade: “Calem as bocas! Eu supervisiono a operação de ‘Infeção’. Então, Fígado, ligue os citocromos. Cérebro, desligue, esse idiota”.
Eu: “Assim não dá! Já estou com 36,6º”.
N-acetil-p-benzoquinonaimina: “Oi, pessoal” (Puxa uma espada e começa a destruir hepatócitos).
Imunidade: “E quem é ele?”
Fígado: “... E neste caso, cerca de 15% do Paracetamol vai para este caminho, e como resultado obtemos um metabólito alquilante extremamente ativo e forte que se chama... Ah, aqui está. Imunidade, lide com ele”.
Imunidade: “E por que eu?”
Fígado: “Mas você insistiu!”
Imunidade: “Não sei de nada, tenho um vírus, tenho que fazer alguma coisa”.
Fígado: “Psiu, Cérebro, você quer alguma insuficiência hepática aguda?”
Cérebro: “Tá maluco? Claro que não!”
Fígado: “Então, pense no que vamos fazer com a N-acetil-p-benzoquinonaimina”.
Cérebro (remexendo na memória de longo prazo no hipocampo): “Ataque com Glutationa!”
Fígado (folheando os prontuários): “Que boa ideia! Tem grupos sulfidrilas lá. Deixe-os se juntar a eles, em vez de desativar as proteínas normais”.
N-acetil-p-benzoquinonaimina: “Pera, pera! O efeito é irreversível”.
Fígado: “Eu sei. Glutationa, ataque!”
Glutationa: *atacando*
Vírus: “E eu já estou em cardiomiócitos”.
Eu: “Imunidade, o que é isso?!”
Imunidade: “Não tenho nada a ver com isso, a temperatura está normal, façam o que quiserem!”
Eu: “De qual temperatura você precisa?”
Imunidade: “Pelo menos 38,5º”
Eu: “Ô, cérebro, podemos arranjar isto?”
Cérebro: “Bem ... Hipotálamo?”
Hipotálamo: “Sim, já podemos, o fígado lidou com todo o Paracetamol”.
Fígado (fazendo mais um remendo): “Não poupando o seu estômago...”
Eu: “Ora bem, quando eu me recuperar vou te enviar glicose com bolos”.
Fígado (sonhando): “Vou fazer outro esconderijo para o glicogênio”.
Pâncreas: “Eu estou ouvindo tudo”.
Hipotálamo: “38,5º”.
Imunidade: “Beleza, é isso, vou acabar com ele” (Acelera a síntese de anticorpos, ativa linfócitos assassinos).
Vírus: “Uai!”
Anticorpos (aderindo ao vírus): “Nosso pre-ci-o-soooo”.
Macrófagos: “Pum!”
Linfócitos assassinos: “Bam!”
Vírus: “I’ll be back...back...back”.
Imunidade: “Nem pense nisso! Lembrarei de você!”
Hipotálamo: “Bem, posso devolver o ponto de equilíbrio ao lugar?”
Todos em coro: “Claro que sim!”
Eu: “Ufa! Bom trabalho, galera”.
Imunidade: “Foi detectada a intrusão de bactérias. Pirogênios, preparem-se!”
Todos: “Pô, cara, de novo não!”
E como você combate o resfriado? Toma logo um antitérmico ou dá tempo ao seu sistema imunológico para lidar com a doença? Comente!