A história de um refugiado de guerra que foi indicado ao Oscar
Pessoas extremamente talentosas existem em qualquer lugar do mundo, isso é fato. E, mesmo que nem sempre seja fácil ir em busca de um sonho, nunca se sabe quando uma grande oportunidade de mostrar seu talento chega.
Para provar que essas oportunidades jamais devem ser ignoradas, o Incrível.club contará a história de Barkhad Abdi, um jovem de origem somali que passou de refugiado de guerra a um respeitado ator que foi até mesmo indicado ao Oscar.
Um início difícil em uma terra conflituosa
Seu caminho começou na capital da Somália, Mogadiscio. Ele nasceu lá, em 10 de abril de 1965. A nação do oriente da África sofre constantemente com conflitos de todo tipo, a ponto de ser considerada por quase todos os órgãos internacionais um Estado falido. A isso é necessário mencionar uma sangrenta guerra civil que começou na nação quando Abdi era apenas uma criança, em 1991. A esse respeito, ele disse ao site de notícias Huffington Post: “Fui testemunha do início da guerra, o que foi extraordinariamente insano. Virou um desastre da noite para o dia”.
Com poucas opções para ter esperanças em um futuro melhor, a família do menino emigrou para o Iêmen, onde seu pai trabalhava como professor. Abdi viveu nesse país até seus 14 anos.
A chegada aos Estados Unidos
A mãe conseguiu obter uma permissão para poder residir nos Estados Unidos, e a família se mudou para a cidade de Minneapolis, em Minnesota, um importante enclave de refugiados somalis. Lá, aprendeu inglês graças à televisão e ao rap do lugar.
Chegou a frequentar a Universidade de Minnesota e trabalhou como DJ e motorista de limousines. Abdi levava um estilo de vida tranquilo, mas a mudança radical de vida estava prestes a acontecer.
O chamado para a atuação
Enquanto via um programa na televisão local, informou-se sobre um casting para um novo filme do cineasta Paul Greengrass (diretor de A Supremacia Bourne) sobre o sequestro de um barco por parte de piratas nas águas africanas. Cerca de 700 indivíduos se apresentaram para as audições, incluindo Abdi, que terminou obtendo o papel de Muse, líder dos assaltantes das embarcações. Tal papel requereu muito preparo: foram seis semanas de treinamento constante onde aprendeu a nadar, manusear armas e até operar um bote, tudo para fazer com que sua interpretação ficasse mais autêntica e convincente.
Finalmente, em 2013, chegou sua estreia nas telas com o filme Capitão Phillips, ao lado de Tom Hanks — ele se manteve distante dos atores de origem somali, como uma tentativa do diretor de não deixa-los intimidados por compartilhar o set com uma estrela. O truque pareceu funcionar, e a imprensa não tardou em perceber isso.
Um salto para a fama
O filme recebeu muitos reconhecimentos, assim como a atuação de Abdi. Capitão Phillips terminou sendo um sucesso, tanto no comercial como na crítica e, rapidamente, o jovem passou de um completo desconhecido a um nome falado entre diferentes corredores de estúdios. Também deu entrevistas em diferentes programas, promovendo seu filme, compartilhando sua incrível experiência de vida e até mesmo revelando que uma de suas melhores falas foi improvisada.
“Você apenas improvisou uma frase, e logo se transformou em uma frase muito conhecida. “Você se surpreende com isso?”, perguntou o comediante e apresentador Conan O’Brien.“Eu a amo, acho que foi boa, sabe? É uma bênção”, respondeu Abdi ante a popularidade de suas palavras, que acabaram virando meme.
E os reconhecimentos não demorariam a chegar e ele foi indicado para uma infinidade de prêmios, incluindo um Globo de Ouro, um prêmio do Sindicato de Atores, e chegou a ganhar um BAFTA (o maior prêmio do cinema inglês). Mas a mais alta homenagem no circuito de premiações foi o de estar entre os três indicados a Melhor Ator Coadjuvante no Oscar, ao lado de atores de alto nível como Bradley Cooper ou Jonah Hill.
Uma carreira que está apenas começando
Longe de considerar que tenha alcançado o auge, Abdi decidiu comprovar que não se tratava de uma mera carreira de apenas um sucesso. Em 2015, participou de seu segundo filme, Decisão de Risco, onde colaborou ao lado de estrelas como Helen Mirren, Alan Rickman e Aaron Paul.
Em sua filmografia, já participou de projetos de Sacha Baron Cohen (a comédia Irmão de espião) e até um papel em Blade Runner 2049 (estrelada por Harrison Ford e Ryan Gosling). Em 2019, participará de mais três filmes (A Girl from Mogadishu, Beneath a Sea of Lights e Tyson’s Run), sendo dois primeiros já em fase de pós produção e o último ainda sendo filmado.
Mais que apenas atuar
Embora ainda não receba os cachês milhonários de atores mais consolidados, ele já dedica parte de seus esforços à caridade. É embaixador da Adeso, uma organização não lucrativa dedicada à luta humanitária pelo desenvolvimento em nações africanas. “Você sempre deve permanecer humilde e gentil”, afirmou em um tuíte, mostrando seu enorme agradecimento pelo rumo que sua vida tomou.
A trajetória dessa ator é muito inspiradora, não acha? Conhece histórias similares? Comente!