História única: uma gêmea siamesa encontrou o amor, enquanto a outra abraça sua assexualidade
Lupita e Carmen, gêmeas siamesas, não se consideram pessoas com deficiência e acreditam que essa condição é apenas uma questão de mentalidade. Nascidas em 2002, as irmãs inicialmente receberam um prognóstico de apenas três dias de vida. Ao serem informadas de que a separação poderia resultar em morte ou exigir cuidados médicos extensos, decidiram permanecer unidas. Desde então, aprenderam a lidar com a vida juntas, mesmo quando Carmen começou a se relacionar com um namorado.
Quando nasceram, os médicos não lhes deram nenhuma chance de sobrevivência
As gêmeas Andrade, Carmen (esquerda) e Lupita (direita), têm uma conexão especial. Nascidas no México em 2002, unidas do peito à pélvis, inicialmente, receberam dos médicos um prognóstico sombrio: apenas três dias de vida. A complexidade dos órgãos compartilhados e da parte inferior da coluna vertebral fez com que os especialistas acreditassem que separá-las acarretaria riscos significativos.
Mas a decisão também foi delas
Quando questionadas sobre o desejo de se submeterem à cirurgia de separação, tanto Carmen quanto Lupita se recusaram. Para as irmãs, mesmo que o procedimento fosse bem-sucedido, o longo tempo de fisioterapia, que se seguiria por anos, seria um desafio extremo. Carmen acrescentou: “Sem falar em toda a situação psicológica, pois nos acostumamos muito ao fato de estarmos unidas. Acho que não teria sentido.”
Eles compartilham diversos órgãos vitais
Quando o tema da cirurgia de separação surgiu, Lupita e Carmen fizeram uma pergunta contundente à mãe: “Por que você quer nos cortar ao meio?” As irmãs, que residem em Connecticut desde os dois anos, são unidas ao longo da parede torácica, com a conexão se estendendo até a convergência de suas colunas, na pélvis. Dividem a corrente sanguínea, o torso, o fígado e também o sistema reprodutor. Cada uma tem uma perna, Carmen controla a direita e Lupita, a esquerda. Ambas têm os dois braços.
As irmãs siamesas têm opiniões e aspirações diferentes
Em uma entrevista recente, Carmen e Lupita responderam abertamente a perguntas comuns sobre sua condição de siamesas. Esclareceram o processo de realizar as atividades cotidianas, seja dirigir ou namorar, e como decidem sobre roupas e amizades. Além disso, revelaram informações quanto à dinâmica de seu relacionamento, inclusive a maneira de lidar com desentendimentos e frustrações ocasionais.
Ambas buscam trilhar carreiras profissionais no campo da veterinária, mas com aspirações diferentes — Carmen planeja ser enfermeira, enquanto Lupita pretende se tornar técnica.
Carmen está apaixonada, Lupita é assexual
As irmãs também enfrentaram desafios em suas vidas amorosas. Lupita se identifica como assexual, enquanto Carmen se aventurou há alguns anos no mundo dos encontros on-line, usando um aplicativo de relacionamento. No entanto, constatou que, ao revelar sua condição de gêmea siamesa em seu perfil, passou a receber inúmeras mensagens de pessoas com fetiches. Carmen também compartilhou sofrer de ansiedade social, o que dificulta a abertura a novas pessoas.
Em outubro de 2020, Carmen encontrou Daniel no aplicativo, e a conexão foi instantânea. O que diferenciou Daniel dos outros foi o fato de não ter imediatamente perguntado sobre sua condição de siamesa, o que a tocou profundamente.
“Estamos juntos há dois anos e meio e até conversamos sobre ficarmos noivos”, disse animada. “Mas queremos viver juntos primeiro.”
Estar em um relacionamento sendo gêmea siamesa apresenta seu próprio conjunto de desafios, mas Carmen afirmou que Daniel e sua irmã Lupita se dão muito bem. Às vezes, ficam acordados conversando até tarde depois que ela dorme. Ao falar sobre o relacionamento de sua irmã, Lupita disse em tom de brincadeira: “Eu tiro sarro dos dois”.
Carmen também revelou que se esforça para chegar a um acordo quando sai com Daniel, buscando ser justa com Lupita, sempre presente. Por exemplo, ela deixa a irmã escolher aonde vão jantar ou qual atividade fazer para garantir que se sinta incluída e valorizada no relacionamento.
Uma sente as emoções da outra e compartilham o mesmo círculo de amigos
As irmãs compartilharam que sempre tiveram o mesmo círculo de amigos, e Carmen observou: “Lupita tem uma ótima intuição sobre as pessoas, então, se ela gosta de alguém, eu também gosto”. Elas estão determinadas a normalizar a vida de gêmeos siameses, sendo sinceras sobre sua história. “É preciso lembrar: não somos apenas gêmeas siamesas, somos pessoas”, enfatizou Carmen.
As irmãs também revelaram ter uma conexão emocional única, muitas vezes uma sentindo as emoções da outra. Carmen lembrou de um incidente recente ocorrido em uma loja, quando Lupita se sentiu incomodada com um homem que as filmava. Lupita acrescentou: “Consigo sentir quando Carmen está ansiosa ou prestes a chorar. É a mesma sensação de estômago embrulhado”.
A condição de irmãos siameses apresenta desafios médicos complexos, tanto para os gêmeos quanto para suas famílias, e o tratamento geralmente envolve cirurgias arriscadas, dependendo da extensão da fusão e da viabilidade de vida independente para cada um. Conheça também Abby e Brittany Hensel, gêmeas siamesas que estão fazendo história!