Gilberto Gil revela a inesperada reação da funcionária do cartório ao registrar Preta Gil
Você sabia que o nome ‘Preta’ causou um alvoroço em um cartório nos anos 70? Pois é, a história de Gilberto Gil e sua filha, Preta Gil, é uma saga de amor, resistência e orgulho que desafia as normas. Descubra como um nome se tornou mais do que uma simples identificação, mas um símbolo de mudança e ressignificação.
Batizando com amor: a saga dos nomes
A escolha do nome de uma criança é um evento sagrado, de importância avassaladora. Em muitas culturas africanas, os nomes pessoais constituem valiosas fontes de informação histórica e etnográfica, ajudando a revelar formas de conhecimento características daquele povo.
Esses nomes e práticas de nomeação desempenham funções específicas da cultura, como religião, identidade e atividade social. No Brasil, inclusive, é comum que os nomes dados sejam de santos católicos ou de parentes mais velhos, como bisavós.
Gilberto Gil e a escolha de um nome único
Em meio a essa tradição, surge a história de Gilberto Gil e sua filha, Preta Gil. Gilberto recordou no Twitter o dia em que registrou o nome de sua filha no cartório. Ele contou que a funcionária do cartório questionou o nome «Preta». Gilberto, sem hesitar, respondeu, «Sim. Se for Branca, Bianca, Clara, pode? Acho que a senhora já registrou muitas». E assim, o nome foi registrado.
Preta Gil, nascida em 1974, é uma das nove filhas de Gilberto Gil. Entre seus irmãos, estão Pedro, que infelizmente faleceu em 1990, e a conhecida apresentadora de televisão, Bela Gil.
Cada nome uma história
Preta Gil também contou o seu lado da história em uma entrevista recente no programa Roda Viva, onde falou sobre esse episódio e revelou a sua relação com o nome. Ela mencionou a resistência que seu pai encontrou no cartório, onde a tabeliã inicialmente se recusou a registrar o nome «Preta». Para a artista, a sociedade não mudou tanto desde que ela nasceu, em 1974.
Para exemplificar, Preta mencionou o caso de Seu Jorge, que teve dificuldades para registrar o nome de seu filho, Samba. Ela refletiu sobre como, mesmo 50 anos depois do incidente com seu pai, esses problemas ainda persistem. «E pensar que, há 50 anos, meu pai passou por isso e o Seu Jorge passou por isso agora recentemente».
Apesar das dificuldades, Preta Gil expressou seu amor pelo nome. «Eu me chamo Preta Maria», disse ela, explicando que o nome Maria foi adicionado por sugestão da avó, presente no dia do registro, como uma espécie de «plano B» caso ela não gostasse do nome Preta quando crescesse. «Eu amo o Preta Maria, amo que me chamem por esse nome, pessoas muito íntimas me chamam de Preta Maria...»
Preta Maria: Um Grito de Mudança e Ressignificação
Hoje, Preta Gil celebra que muitas mulheres e meninas carregam o nome «Preta». Ela vê isso como um sinal de mudança e ressignificação. «Tem muitas Pretas, isso é incrível... Que bom que tem muitas pretas e que bom que as mulheres se autointitulam e botam esse nome, ou no registro, ou nos seus nomes fantasia. É lindo isso, que venham muitas Pretas».
Em meio a tudo isso, uma coisa é certa: o nome Preta Maria, que uma vez causou polêmica em um cartório, agora é amado e celebrado por Preta Gil e muitas outras mulheres ao redor do Brasil.
E, por falar em nomes, você conhece a história da australiana que deu um nome brasileiro ao seu filho, e agora ninguém do país dela consegue pronunciar?