Falei no trabalho que não quero ter filhos e agora o RH se envolveu

Gente
5 horas atrás

Recentemente, uma leitora nos contou sobre uma situação que começou com uma conversa aparentemente inocente durante o almoço e acabou se transformando em uma reunião com o RH. Tudo começou com uma pergunta comum no ambiente de trabalho: alguém quis saber se ela tinha filhos ou quando pretendia “ter”.

A carta dela

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Num almoço recente, alguém me perguntou se eu tinha filhos ou “quando pretendia ter”. Respondi com naturalidade: “Não, não pretendo ter filhos. Fiz uma laqueadura.”

Na hora, o clima ficou super constrangedor, seguido daqueles comentários clássicos do tipo: “Você ainda vai se arrepender”.

Achei que o assunto morreria ali. Mas não. Uma semana depois, o RH me chamou para uma reunião, dizendo que alguém tinha se sentido desconfortável porque compartilhei “informações médicas”.

Tudo o que fiz foi responder honestamente a uma pergunta.

Engraçado que todo mundo fala o tempo todo sobre gravidez, fralda, creche, tratamento de fertilidade... Mas é considerado demais eu falar que fiz uma laqueadura?

Não levei nenhuma advertência, mas, desde então, percebo olhares diferentes. As pessoas começaram a me evitar no almoço, a agir estranho, até uma colega de trabalho parou de me seguir no LinkedIn.

Então quer dizer que ser uma mulher feliz e sem filhos agora é motivo de preocupação para o RH? Tá bom, então."

Optar por não ter filhos: Uma luta silenciosa

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A escolha voluntária de não ter filhos, conhecida como childfree, refere-se à decisão consciente de não gerar nem adotar crianças. O termo surgiu pela primeira vez em 1901, mas ganhou mais destaque nos anos 1970, impulsionado pelos movimentos feministas.

Hoje, cada vez mais mulheres estão optando por não ter filhos, especialmente em países desenvolvidos. Na Europa, as maiores taxas de mulheres entre 40 e 44 anos sem filhos estão na Áustria, Espanha e Reino Unido.

Muitas mulheres acabam se tornando mães mais por medo de se arrepender, de enfrentar o julgamento social ou de lidar com a solidão, do que por um desejo genuíno. Psicólogos relatam que atendem mulheres em todas as fases dessa jornada: desde aquelas que têm plena certeza de que querem ser mães, até as que sabem com clareza que não querem, passando por muitas outras que enfrentam um conflito interno intenso e difícil de resolver.

Para essas mulheres, a decisão de ter ou não filhos é um processo delicado e pessoal. Envolve escutar a própria voz, distinguir o que realmente se quer daquilo que a sociedade espera, e encarar os medos que existem dos dois lados — o de ser mãe e o de não ser.

Também é essencial considerar como experiências passadas — como traumas ou negligência na infância — influenciam essa relação com a maternidade. Quanto mais honestamente encaramos esses fatores, mais sólidas e conscientes se tornam nossas escolhas.

Optar por não ter filhos nem sempre é uma jornada fácil. Mas dar a si mesma a liberdade de fazer essa pergunta, sem pressa para responder, é um gesto profundo de respeito e amor-próprio.

Por que os colegas de trabalho podem julgá-la

Muitas pessoas recorrem a alguma ajuda para manter o foco no trabalho — seja um café bem forte, um remédio para ansiedade ou uma medicação para TDAH. Mas, de acordo com pesquisas, temos a tendência de julgar colegas que usam os mesmos recursos que nós também utilizamos.

Um estudo publicado no Journal of Consumer Research mostrou que as pessoas costumam enxergar os próprios apoios como “aperfeiçoamentos” legítimos, enquanto veem os dos outros como trapaça ou sinal de incompetência. E esse julgamento se intensifica em ambientes competitivos, como o mercado de trabalho.

O resultado é um estigma silencioso: admitir que precisamos de ajuda pode gerar consequências sociais ou profissionais, mesmo em locais onde quase todos estão, de algum jeito, buscando melhorar seu desempenho.

Em outras palavras, você pode ser criticada por escolhas que muitos só ainda não tiveram coragem de assumir.

Perder o emprego nunca é fácil, mas há casos em que o próprio comportamento dos funcionários torna a demissão inevitável, e até cômica. Essas histórias servem de alerta sobre a importância da postura profissional. Por outro lado, também há demissões por motivos absurdos, envolvendo bons profissionais que se cansaram de chefes tóxicos ou decidiram sair de ambientes onde não se sentiam realizados.

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