“Eu não tinha mesmo o que comer”. A história de Seu Jorge, de morador de rua a astro internacional
A história da música e da cultura é feita de diversos exemplos de superação. Para ser artista, muitas vezes, é necessário ter garra e ultrapassar os obstáculos que a vida nos impõe. E um dos grandes representantes que temos da nova MPB é Seu Jorge. Com vários talentos, ele trilhou seu caminho rumo ao sucesso com muito esforço e a ajuda de diversos amigos e parceiros. Assim, consolidou seu nome no mundo da arte e traz muito orgulho para a nossa população, sendo a cara de nosso povo.
O Incrível.club reconhece que a história de Seu Jorge é muito bonita e merece ser contada. Por isso, revelamos um pouco da trajetória desse grande artista brasileiro. Veja!
O cantor, compositor, músico, ator e produtor Jorge Mário da Silva nasceu em 8 de junho de 1970, na cidade de Belford Roxo (RJ). Ele é o irmão mais velho de quatro filhos criados pela mãe, que era separada do pai das crianças. Apesar disso, ele conta que o pai foi presente e educou os filhos com diálogo, algo que o inspirou na criação de suas próprias filhas.
Desde bem cedo ele quis ser músico, influenciado por músicos como Carlos Dafé, que conheceu na casa de sua tia, mãe do primo Dudu Nobre. Mais tarde, passou a frequentar bailes de charme e rodas de samba, formando seu caráter musical próprio. Contudo, apesar do desejo, ele precisava ajudar a família e com 10 anos já trabalhava como borracheiro, tendo diversos outros trabalhos, inclusive servindo o exército por um curto tempo.
Quando tinha 19 anos, seu irmão do meio, Vitório, faleceu e isso desestruturou a família, o que acabou por fazer Jorge sair de casa e ir morar com um tio. Contudo, seu dinheiro acabou e essa situação o fez ir morar nas ruas por cerca de três anos. Nesse tempo, ele frequentava alguns locais onde tinha música ao vivo e pedia para dar uma canja. Um desses bares era onde Xande de Pilares tocava com sua banda, que conta: “Ele pegou o violão e começou a cantar. Roubou a cena de uma tal forma que eu não quis nem voltar a tocar”.
Segundo o próprio Seu Jorge: “Minha situação era muito ruim, eu não tinha mesmo o que comer. Então, o lance de tocar não era por dinheiro, era porque tinha uma pizza no final, que o Xande dividia comigo. Esse cara é minha família desde que eu não tinha nada”.
Nesse tempo, foi visto cantando pelo músico Paulo Moura, que o convidou para fazer um teste em uma peça de teatro musical. Assim, entrou para grupo TUERJ (Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no qual participou de mais de 20 espetáculos e aprendeu funções técnicas como iluminação, cenografia e produção musical, além de conhecer diversos artistas e fazer amizades.
Um desses amigos era o então baterista da banda O Rappa, Marcelo Yuka, que foi quem deu o apelido Seu Jorge, que adotaria como nome artístico. Além dele, também conheceu os integrantes do grupo Farofa Carioca, que passou a fazer parte e lançou com eles, em 1998, o disco Moro no Brasil, com destaque para a música A Carne, escrita em parceria com Yuka e que ficou famosa na voz de Elza Soares.
Seu Jorge conta que sua intenção não era fazer uma carreira na música, que ele começou “pensando em fazer amigos e se aproximar de algo especial. A profissão aconteceu de forma orgânica e se desenvolveu gradualmente até chegar aqui”.
Com o destaque como cantor e compositor, Seu Jorge foi convidado a produzir seu primeiro álbum solo, Samba Esporte Fino, lançado em 2001. No ano seguinte, um trabalho marcaria sua carreira e impulsionaria sua fama ao grande público, o papel de Mané Galinha no filme Cidade de Deus, um imenso sucesso dentro e fora do país. Assim, deu início a uma trajetória meteórica, que consolidou o artista que, segundo suas palavras, “trabalha para promover o Brasil no mundo inteiro”.
Já em 2003, gravou o disco CRU e compôs músicas em parceria com Ed Motta e Ana Carolina. Em 2004, gravou um clipe em Roma com os atores de Hollywood Willem Dafoe e Bill Murray, dirigido por sua então esposa, Mariana Jorge. No mesmo ano, gravou o show MTV Apresenta Seu Jorge, tocou ao lado das bandas Black Eye Peas e Foo Fighters e começou uma turnê pela Europa, após tocar no Festival de Jazz de Montreux, juntamente com Jorge Benjor, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Os anos seguintes foram de muitos sucessos, com destaque para os álbuns Seu Jorge & Ana Carolina — ao vivo; América Brasil; Seu Jorge & Almaz e Músicas para Churrasco Vol. 1, de 2011. Também, fez shows em todo o Brasil, nas principais cidades dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa. Ainda, gravou um documentário para a BBC, de Londres, sobre a sua vida e participou da Cerimônia de Encerramento das Olimpíadas de Londres, em 2012.
Após essa década de intenso trabalho, em 2013, Seu Jorge decide ir morar na Califórnia, EUA, e dar uma melhor educação para suas três filhas: Flor de Maria e Luz Bella, do casamento com Mariana Jorge; e Maria Aimmé, fruto do casamento de cinco anos com Fernanda Mesquita. Com isso, ele também pôde focar em outra área que também ama, a carreira de ator.
Entre as muitas produções que Seu Jorge participou, é possível destacar os filmes A Vida Marinha com Steve Zissou (2004); O Escapista (2008); Tropa de Elite 2 (2010); Pelé: O Nascimento de uma Lenda (2016); Medida Provisória (2020) e Pixinguinha, Um Homem Carinhoso (2021).
Hoje, Seu Jorge é um nome consolidado na música brasileira e um grande representante da nova geração do Brasil no exterior, responsável por difundir o samba-pop. Ele já colaborou com muitos artistas da música e do cinema, nacionais e internacionais, e até se arriscou em outro tipo de arte, ajudando o estilista Rachel Roy a criar uma coleção de roupas, joias, calçados e bolsas, em celebração à cultura brasileira.
Mesmo com todo o sucesso, ele sabe reconhecer as oportunidades e agradece “a confiança das pessoas que me convidam a ingressar em projetos nos quais posso colocar toda minha dedicação, tudo que aprendi e aprendo junto a tantas pessoas incríveis com quem trabalhei”. Ainda, diz que tudo o que passou “vale a pena sim, vale a pena com luta, vale a pena como um trabalho elaborado”. E aconselha: “Busque a beleza sempre, a verdade do seu coração, escute sua voz interna e siga suas intuições”.
Essa é realmente uma bela trajetória de vida, não é? Você já conhecia alguns desses fatos? Se lembra de outro artista que também venceu apesar das adversidades? Deixe seu comentário!