E se o Titanic afundasse hoje?

Curiosidades
há 9 meses

Hoje, as viagens marítimas são mais seguras do que em qualquer época da história, mas isso não significa que algumas pessoas não tenham medo quando se trata de navegar mar afora. Todos podem citar pelo menos um naufrágio famoso, e alguns preferem manter os pés em terra firme, em vez de arriscar uma estadia no armário de algum pirata.

Mas quão preocupados deveríamos estar? Um desastre semelhante ao Titanic poderia acontecer hoje?
Bem, aperte seus coletes salva-vidas e guarde os botes salva-vidas, porque você está prestes a descobrir.
Não que seu navio esteja prestes a afundar ou algo assim. Não quero ninguém entrando em pânico assistindo isso no meio do Atlântico. Por falar nisso, conte pra gente na seção de comentários sobre qual destino você mais gostaria de visitar em um cruzeiro!

Hum, mais alguém ouviu barulhos na água? É... Provavelmente não foi nada.
Antes de podermos responder à nossa pergunta principal, precisamos saber o que levou o naufrágio do Titanic a se tornar um dos piores desastres marítimos da história.
Todo mundo conhece a história básica: o navio atingiu um iceberg, não havia barcos salva-vidas suficientes e a Rose estava com o colar o tempo todo.
Oh, isso foi um spoiler? Desculpeee.
Ignorando as façanhas dos personagens fictícios, tudo isso está basicamente correto, mas faltam alguns detalhes importantes.

O primeiro grande problema que contribuiu para o desaparecimento do navio tinha a ver com a cultura dos transatlânticos do início do século XX. Os capitães desses navios ficavam sob pressão constante para manter um horário apertado de chegadas e partidas. Essa agenda era difícil de manter em circunstâncias ideais e frequentemente exigia que as embarcações chegassem ao limite.

Também não está claro se o capitão estava ciente do perigo. Naquela época, era comum os operadores de rádio do navio trabalharem para uma empresa terceirizada. Retransmitir mensagens para a tripulação era a segunda prioridade depois do envio de telegramas particulares para os passageiros. Isso era tão corriqueiro que o operador de rádio do Titanic mandou o outro navio silenciar sobre os icebergs, porque ele tinha um acúmulo de correspondências particulares.

Além disso, acreditava-se amplamente que os icebergs não representavam nenhum perigo significativo para as embarcações. De fato, alguns anos antes, um navio alemão chamado SS Kronprinz Wilhelm conseguiu concluir sua rota depois de ter sua proa amassada por uma colisão com um iceberg. Naquela época, o futuro capitão do Titanic, Edward Smith, descartaria a possibilidade de um possível desastre marítimo dizendo: “A construção naval moderna foi além disso”.

Atualmente, as pessoas zombam que o Titanic foi anunciado como inafundável, mas naquela época isso nem era considerado um diferencial.
Independentemente do motivo, o capitão Smith escolheu continuar seguindo em frente a toda velocidade. Ele teve a presença de espírito de ordenar que os vigias do Titanic ficassem de olho no gelo, mas devido a um erro burocrático, eles não haviam recebido binóculos.

A falta de botes salva-vidas também ocorreu por um mal-entendido de que poderiam acontecer colisões em potencial, e não apenas porque seriam redundantes em um navio invencível. Na época, era geralmente aceito que, se uma embarcação precisasse ser abandonada, os passageiros e a tripulação seriam apanhados por outra na mesma área. Ninguém jamais havia previsto a necessidade de evacuar todos a bordo de botes salva-vidas.

Isso também ajuda a explicar por que a evacuação foi tão desorganizada, com muitos barcos saindo apenas parcialmente cheios.
Embora este seja um rápido panorama apenas, o plano original poderia ter funcionado se alguém tivesse atendido a chamada de socorro a tempo. Veja, em 1912, os navios ainda não eram obrigados a ter alguém operando o rádio 24 horas por dia. Isso significava que o operador de rádio do SS Californian, o navio mais próximo, e para quem o operador do Titanic havia dito para não atrapalhar, estava dormindo quando os pedidos de socorro foram emitidos.

Para piorar, o operador do Titanic relatou as coordenadas erradas em seu pedido de socorro. Isso significa que mesmo os navios que receberam a ligação tiveram dificuldade em descobrir onde o Titanic havia afundado.
Então, esses foram os principais problemas enfrentados pelo Titanic naquela fatídica noite; excesso de confiança, falta de comunicação, botes salva-vidas insuficientes e a incapacidade dos socorristas em encontrá-lo.

Agora que apresentamos tudo isso, é hora de responder à nossa pergunta principal: E se o desastre do Titanic acontecesse hoje?
Depois que o icônico navio afundou, muitos procedimentos novos foram estabelecidos com a esperança de evitar desastres semelhantes. Um dos primeiros foi a presença de patrulhas de gelo regulares naquela região do Atlântico Norte. Nos primeiros dias, isso significava indivíduos com binóculos congelando o nariz em barcos e aviões, mas, felizmente, hoje não é cem anos atrás.

Outra razão pela qual atualmente é melhor do que há um século é que nossa detecção de icebergs se tornou muito mais sofisticada. A Guarda Costeira dos Estados Unidos e o Serviço de Gelo Canadense patrulham regularmente a área com aeronaves HC-130 equipadas com radar para verificar se há icebergs próximos demais das principais rotas de navegação. Com a assistência adicional de satélites de posicionamento global e relatórios de navios que passam, as duas agências podem fornecer atualizações diárias sobre a posição dos icebergs no Atlântico Norte.

Embarcações individuais também têm muito mais facilidade para localizar icebergs nas proximidades, graças a tecnologias como radar e sonar se tornando comuns.
Esses avanços fizeram muito para tornar as viagens marítimas bem mais seguras, mas não são à prova de idiotas. Os acidentes ainda podem acontecer, por isso é bom que grandes embarcações agora sejam obrigadas a transportar botes salva-vidas suficientes para todos a bordo, e as tripulações recebem treinamento em procedimentos de evacuação adequados.

Os navios modernos também precisam ter um operador de rádio de plantão o tempo todo. Isso é bom por várias razões, uma delas é que ninguém quer ser o cara que dormiu durante uma crise. O capitão do Californian foi demitido por ter perdido a ligação do Titanic, e isso porque ele nem estava infringindo nenhuma regra.
As chamadas de rádio de emergência foram padronizadas para maior alcance do que eram em 1912. Além disso, o rastreamento por GPS significa que, se um navio precisar de ajuda, os respondentes saberão exatamente onde o problema está ocorrendo.

Os esforços de resgate também são muito mais coordenados do que no início do século XX. A Guarda Costeira mantém uma variedade de veículos de atendimento a emergências, que vão de pequenos barcos e helicópteros a grandes navios e aviões. As equipes também têm mais capacidade de coordenar e enviar ajuda de outra embarcação militar ou civil na área.

Então, como seria o cenário moderno do Titanic?
Bem, um bom exemplo pode ser o que aconteceu durante o desastre de 2012 com o Costa Concordia. Claro, esse naufrágio ocorreu nas águas quentes do Mediterrâneo, e o Concordia atingiu uma rocha em vez de um iceberg, mas o resultado foi semelhante o suficiente para que algumas comparações pudessem ser feitas.

A história completa é a seguinte: o navio de cruzeiro italiano estava passando perto da ilha de Giglio quando colidiu com a borda de um platô subaquático. Acreditando que conhecia o canal o suficiente para navegar por conta própria, o capitão desativou o alarme de colisão para o sistema de navegação do Costa Concordia.
Mais tarde, foi revelado que havia inúmeras distrações no navio, como a presença da namorada do capitão.

Ao contrário do Titanic, o Concordia tinha botes salva-vidas mais do que suficientes para tirar todos com segurança. Infelizmente, nenhuma mudança de procedimento pode compensar completamente os erros humanos e a falta de comunicação — e o não cumprimento das medidas de emergência atrasaram a evacuação em mais de meia hora.
Quando a ordem para abandonar o navio foi dada, o Costa Concordia já estava começando a virar tão severamente que a tripulação não conseguiu lançar muitos dos botes salva-vidas. Quando as ondas começaram, 33 pessoas perderam a vida e outras 64 ficaram feridas.

Por pior que isso fosse, as coisas poderiam ter sido muito piores, uma vez que a localização da colisão do Concordia fez com que os passageiros e a tripulação recebessem uma série de favores inesperados. Para começar, eles estavam avistando o continente quando o acidente aconteceu. Isso significa que a ajuda chegou razoavelmente rápido quando o capitão enviou seu SOS. De fato, com a ajuda dos coletes salva-vidas, muitos passageiros foram capazes de nadar até terra firme.

Ninguém nadaria muito longe se ele tivesse atingido um iceberg no Atlântico Norte. Quando o Titanic afundou, estava a cerca de 644 km da terra firme, e a água estava congelante, a menos dois graus.
A boa notícia é que, no mundo atual, as coisas poderiam nunca ter chegado a esse ponto. Se o Titanic atingisse o iceberg hoje, a Guarda Costeira empregaria uma pequena frota de barcos e helicópteros para ajudar na evacuação. Não apenas isso, mas todos os navios na área seguiriam suas coordenadas no momento em que a mensagem de SOS fosse emitida.

Com um comandante competente supervisionando uma evacuação organizada, este Titanic moderno poderia não ser considerado um desastre. Por outro lado, o Costa Concordia mostra o que pode acontecer quando as precauções de segurança são ignoradas.
Agora, não deixe que isso o assuste e não mude os planos de suas férias no Caribe. É muito mais provável que você se machuque dirigindo para o trabalho do que navegando nos sete mares.

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