Como eram e como estão hoje 20 pioneiros do rock no Brasil
Ao estourar mundialmente nos anos 1950, o rock’n’roll, tipicamente americano, conquistou a juventude de todo o planeta. No Brasil não foi diferente e, a partir do fim da década, já tínhamos nossos ídolos da música jovem. A grande explosão, porém, aconteceu na segunda metade dos anos 1960, com o programa Jovem Guarda, da TV Record, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, astros supremos do movimento, também chamado de “iê-iê-iê”.
Em seguida, o Tropicalismo (ou Tropicália), idealizado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, invadiu os festivais de música na televisão, muito populares na época. Misturando rock com muitas outras vertentes da música popular brasileira e mundial, os amigos baianos detonaram outra revolução, que influencia músicos até hoje, no Brasil e no exterior.
O Incrível.com relembra os principais pioneiros do rock e da música pop no Brasil. Veja como eram e como estão esses ídolos, muitos em atividade até hoje, nos estúdios e na estrada. No bônus, uma homenagem a estrelas que já se foram.
1. Roberto Carlos
Todo mundo está acostumado a ver Roberto Carlos, nascido no Espírito Santo, como o rei das canções românticas. Mas ele começou a carreira inspirado no som dos ídolos do rock. Nos anos 1960, lançou o primeiro grande movimento de música juvenil do Brasil, a Jovem Guarda. Seu primeiro sucesso, em 1963, foi Splish Splash, versão do hit do cantor americano Bobby Darin.
Em seguida, Roberto firmou-se como compositor, já ao lado de seu grande parceiro Erasmo Carlos. Durante os tempos da Jovem Guarda, os temas mais comuns de suas canções eram carros velozes, garotas e os cabelos compridos dos rapazes que desafiavam os costumes da época. No final da década, deu-se a virada para a música romântica.
2. Wanderléa
Com charme para dar e vender, a mineira Wanderléa foi a cantora mais popular da Jovem Guarda. Também incorporou o espírito rock’n’roll, com hits sacudidos como Pare o Casamento, Prova de Fogo e Exército do Surf. Apelidada de Ternurinha, era também uma lançadora de tendências: as garotas copiavam seu cabelo, sua maquiagem e a moda de usar minissaia com botas de cano longo.
Depois da Jovem Guarda, Wandeca construiu uma carreira brilhante e incorporou outros ritmos brasileiros ao repertório, mas o público sempre pede seus antigos sucessos nos shows.
3. Erasmo Carlos
O carioca Erasmo Carlos foi o ídolo da Jovem Guarda que mais se manteve fiel ao rock ao longo de sua extensa carreira, mas também abriu espaço para outros ritmos, como o samba, uma de suas paixões. E, claro, para as centenas de canções românticas que compôs ao lado de Roberto Carlos.
Depois de ter participado de filmes de aventura com Roberto e Wanderléa no começo dos anos 1970, o Tremendão voltou a exercitar seu lado ator na produção Modo Avião, estrelada por Larissa Manoela.
4. Ronnie Von
Quase todos os ídolos da Jovem Guarda tinham seus títulos e Ronnie Von, nascido em Niterói (RJ), foi aclamado como “o Príncipe” pela apresentadora Hebe Camargo, por sua beleza inconfundível e os modos elegantes. Estourou com A Praça e Meu Bem, versão de Girl, um sucesso dos Beatles.
Curiosamente, Ronnie nunca apareceu no programa Jovem Guarda, comandado por Roberto na Record. Tinha sua própria atração, O Pequeno Mundo de Ronnie Von, na mesma emissora. Nos últimos 20 anos, notabilizou-se como apresentador, primeiro no programa Mãe de Gravata e depois no talk show Todo Seu, que ficou no ar durante 15 anos.
5. Martinha
Martinha foi apelidada de “Queijinho de Minas” por Roberto Carlos, obviamente por sua origem mineira. Ela sempre se destacou pelo romantismo e seu primeiro sucesso foi a canção Eu Daria Minha Vida, também gravada por Roberto. Ao longo dos anos, manteve firme a verve de compositora e supriu o repertório de duplas sertanejas como Chitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo.
6. Golden Boys
Os cariocas Golden Boys fazem parte da primeira leva de artistas pop brasileiros, com carreira que começa em 1958 no rádio e na televisão. Os irmãos Corrêa — Ronaldo, Renato, Roberto (1940-2016) — e mais o primo Valdir Anunciação começaram inspirando-se em conjuntos vocais americanos como The Platters. Na época da Jovem Guarda, fizeram sucesso com versões de músicas dos Beatles e nos anos 1970, lançaram hits como O Cabeção e Fumacê. Estão na ativa até hoje.
7. Evinha (Trio Esperança)
Talvez não exista família brasileira mais musical que a dos Corrêa. Além de revelar os Golden Boys, os caçulas Mário, Regina e Evinha (a menorzinha) lançaram-se como Trio Esperança, inundando as rádios de sucessos como Filme Triste, Bolinha de Sabão e A Festa do Bolinha (da dupla Roberto e Erasmo). Eva continua cantando em projetos solo e, volta e meia, reúne-se com as irmãs Regina e Mariza, em uma nova formação do Trio Esperança.
8. Leno e Lílian
A dupla Leno e Lílian foi revelada no programa Jovem Guarda e lançou hits como Pobre Menina e Devolva-me (regravada por Adriana Calcanhotto). Nos anos 1970, seguiram carreiras próprias, com breves reencontros. Lílian Knapp sentiu o sabor do sucesso alguns anos mais tarde, com a gravação Eu Sou Rebelde, uma canção espanhola vertida para o português por Paulo Coelho.
9. Eduardo Araújo
Eduardo Araújo mudou-se de Minas Gerais para o Rio de Janeiro no começo da década de 1960, destacando-se no programa juvenil de TV Hoje é Dia de Rock. Com a chegada da Jovem Guarda, estava preparado para o sucesso e estourou com a música O Bom. Nos anos seguintes, experimentou com o rock psicodélico e firmou carreira na música country. Foi casado com outra estrela da Jovem Guarda, Sylvinha Araújo (1951-2008), com quem também gravou em dueto.
10. Rosemary
Enquanto Erasmo, Roberto e Wanderléa comandavam o Jovem Guarda em São Paulo, a jovem Rosemary ganhou seu programa, Menina Moça, na TV carioca. Assim lançou sua carreira. Um de seus primeiros sucessos foi o iê-iê-iê Feitiço de Broto (como os jovens eram chamados na época).
Ao longo das décadas, Rosemary gravou canções românticas, sem nunca deixar de prestigiar sua escola de samba do coração, Mangueira. Em 2006, lançou o CD Mulheres da Mangueira, cantando sambas em homenagem à verde e rosa.
11. Renato Barros (Renato e Seus Blue Caps)
O grupo Renato e Seus Blue Caps surgiu em 1960 com o nome de Bacaninhas do Rock da Piedade, em referência ao bairro carioca em que seus integrantes viviam. Lançaram grandes sucessos, muitos deles versões de músicas estrangeiras, como Menina Linda, Até o Fim e Tudo que Sonhei, cujas melodias eram dos Beatles. A banda passou por várias formações e segue na ativa, sob liderança do cantor e guitarrista Renato Barros.
12. Netinho (Os Incríveis)
Bem antes do filme de animação, o Brasil teve os seus Os Incríveis, banda que estourou com Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones. Netinho, o baterista, era o galã do grupo, que chegou a acompanhar outros artistas no programa Jovem Guarda. Teve um romance com a cantora italiana Rita Pavone, uma sensação mundial da música jovem na época.
Netinho sempre foi dedicado ao rock e, nos anos 1970, montou a banda Casa das Máquinas, com grande sucesso nas rádios. Porém, continua fazendo shows com Os Incríveis.
13. Vanusa
A mineira Vanusa foi revelada no programa de TV O Bom, de Eduardo Araújo, e não parou de fazer sucesso. Virou fenômeno pop com a música Mundo Colorido, lançada no final dos anos 1960. Ao longo de mais de 50 anos de carreira, gravou vários hits radiofônicos, de diversos estilos, alguns compostos por Antônio Marcos (1945-1992), com quem foi casada. Outros de sua própria autoria, como Manhãs de Setembro, tema que é sua assinatura musical.
14. Wanderley Cardoso
Wanderley Cardoso estourou em 1967 com O Bom Rapaz, gravação que vendeu mais de 5 milhões de cópias. Além da música, integrou o elenco do programa de humor Os Adoráveis Trapalhões, com Renato Aragão, o halterofilista Ted Boy Marino e Vanusa. Seguiu durante décadas privilegiando as canções românticas.
15. Sérgio Reis
Sim, o sertanejo Sérgio Reis foi um dos galãs da Jovem Guarda, com o hit Coração de Papel, de 1967. No começo da década seguinte, porém, fincou pé na música de raízes interioranas com o sucesso de O Menino da Porteira, cuja história rendeu um filme estrelado pelo próprio Sérgio, nascido na capital de São Paulo. A carreira rendeu outros grandes êxitos e colaborações históricas com os compositores e cantores Almir Sater e Renato Teixeira.
16. Tony Campello
Tony Campello é um dos roqueiros de primeira hora do Brasil. Lançou sua carreira no final dos anos 1950, ao lado da irmã, a doce Celly Campello (veja nossa homenagem no bônus). Fez grande sucesso com a faixa Boogie do Bebê e atuou como produtor, dirigindo gravações de nomes como Os Incríveis, Sylvinha e Sérgio Reis. Aos 84 anos, segue cantando rock’n’roll.
Depois da Jovem Guarda, a Tropicália
17. Caetano Veloso
Caetano Veloso foi o grande idealizador do movimento Tropicália, que misturou tendências que antes pareciam inconciliáveis, como o rock, a bossa nova, a música nordestina, as canções folclóricas e os experimentos da música erudita. O lançamento da canção Alegria Alegria, em um festival de música brasileira de 1967, foi um escândalo, pelo uso das guitarras elétricas, antes só permitidas no iê-iê-iê.
Caetano é dono de uma das carreiras musicais mais sólidas do Brasil, respeitada por músicos do mundo inteiro.
18. Gilberto Gil
Gilberto Gil foi o grande companheiro de Caetano Veloso na aventura tropicalista. Também sacudiu a música ao misturar guitarras com o som do berimbau na composição Domingo no Parque, apresentada no mesmo festival de 1967, na TV Record. Ao longo de sua gloriosa carreira, seguiu misturando ritmos brasileiros às tendências internacionais, como o funk, a música eletrônica e o rock.
19. Gal Costa
Gal Costa, a musa do tropicalismo, era uma tímida cantora de bossa nova até revelar sua alma roqueira com a música Divino Maravilhoso, em 1968, em um festival da canção na TV. Com sua voz aguda e afinadíssima, passeou por todos os estilos, mas sempre volta ao rock e à música pop, como mostram seus trabalhos mais recentes no palco, Estratosférica e A Pele do Futuro.
20. Rita Lee
Se o rock brasileiro tem um rosto feminino, é o de Rita Lee. Ela apareceu com o trio Os Mutantes, que acompanhou Gilberto Gil no festival que lançou Domingo no Parque. Ao lado dos irmãos Arnaldo e Sérgio Dias, sacudiu as estruturas da música com eletricidade, experimentação e bom humor — características que sempre levou em sua carreira de compositora de sucessos e mais sucessos.
Bônus: uma homenagem a outros pioneiros do rock no Brasil
Celly Campello (1942-2003)
Ronnie Cord (1943-1986)
Jerry Adriani (1947-2017)
Raul Seixas (1945-1989)
Você gosta de ouvir as músicas do passado? Que artistas da Jovem Guarda conhece e mais admira? Ou prefere os tropicalistas? Conte para nós nos comentários!