Cadê o resto?
“Com 12 anos, me jogaram no psiquiatra, pois não tinha nome para o que eu era.” A história de Nany People, filha de funcionária pública que ficou famosa
Quando vemos uma famosa como Nany People, que exerce vários papéis na mídia e permanece atual, podemos ter uma tendência a pensar que a vida foi cheia de sorte para pessoas como ela. No entanto, Nany saiu de Minas Gerais para estudar teatro em São Paulo e chegou até a ser bilheteira de casas de espetáculo. Em todos os momentos, ela contou com o apoio de sua amada mãe. É uma linda história que você confere abaixo.
Com a mãe aprendeu sobre respeito
Nany nasceu em Machado, Minas Gerais. Foi a mãe dela, Dona Yvone, que a acolheu e entendeu seu jeito de ser. Quando ainda era uma criança, sua mãe lhe defendeu em uma discussão com o pai da famosa: “Você nunca mais vai falar assim com ele! Eu não coloquei alma no mundo para ser chacota da humanidade”, disse.
Quando morava em Poços de Caldas com a família, Dona Yvone foi chamada na escola de Nany que tinha 8 anos. “Sabia que seu filho tem um problema?” E a amorosa mãe explicou: “Não é um problema. É a condição dele, e cabe a mim, como mãe, e a senhora, como educadora, fazer dele a pessoa mais feliz do mundo”.
Fez tratamento psiquiátrico
Apesar do apoio da mãe, Nany fez um longo tratamento de saúde mental, que durou dez anos, para entender o que havia com ela. “Com 12 anos, me jogaram no psiquiatra porque não tinha nome para o que eu era.” Foi aos 22 anos, quando saiu de Poços de Caldas para estudar teatro em São Paulo, que descobriu ser transexual.
Com a mãe soube a importância da independência financeira
Nany aprendeu com a mãe, funcionária pública, e as tias, bordadeiras, que não existe liberdade sem a independência econômica, por isso, sempre trabalhou para não precisar “depender de homem para comer”, como já disse a artista. Antes da fama, fez inúmeros trabalhos, inclusive como bilheteira de teatro e chegou a se formar em um curso técnico de Química.
“Cada vez mais, reconheço a sorte de ter tido essa mãe que me empoderou para a vida e não deixou que eu tivesse vergonha de mim, independentemente da situação. Graças a isso eu consegui me libertar e me formatei culturalmente”, disse em entrevista.
Se considera um “ponto fora da curva” por causa de sua mãe
Ela considera que Dona Yvone foi uma mulher inovadora e acredita ser um “ponto fora da curva”, devido à sua mãe. A matriarca já havia enfrentado discórdias e preconceitos por ser branca e ter se casado com o pai de Nany, que era negro. Depois, com a filha, ensinou sobre amor-próprio e fez com que toda a família a acolhesse.
“Minha mãe não só me blindou, como me empoderou e fez com que a família toda me respeitasse e apoiasse. Tenho dois irmãos mais velhos e somos muito unidos. Quando ganhei liberdade dentro de casa, o resto do mundo virou meu quintal.”
A mãe revelou que teve uma velhice feliz com a filha
Dona Yvone faleceu aos 77 anos. Em seu leito de morte, abriu o coração para a filha. “Bendita a hora que você perseguiu a sua vida, porque eu pude ter uma velhice mais feliz por causa de você”, contou Nany. A famosa descobriu, depois da morte da mãe, uma caixinha com todos os ingressos das peças que ela pôde assistir com a filha: “Aí, eu vi que essa mulher realmente está comigo”.
’’Honrei pai e mãe’’
Além da matriarca, Nany se inspira em celebridades que ela também ama. As atrizes Lilia Cabral e Rogéria, a apresentadora Hebe Camargo e a cantora Fafá de Belém. Ela conseguiu conquistar o sucesso e, mesmo com a vida corrida de artista, não desamparou os pais.
Nany cuidou do pai após a morte de Dona Yvone, que morou com ela por dois anos, cumprindo o que prometera à mãe. A famosa também conseguiu fazer os irmãos se reaproximarem do patriarca. Ele, então, voltou a morar em Poços de Caldas, onde faleceu. Ela se orgulha de tudo o que fez pelos pais. “O que mais me orgulho na vida é de ter sido uma filha à altura de mamãe. Posso ter muitos defeitos, mas honrei pai e mãe.”
Sabemos que a trajetória de apoio de mãe e filhos, como ocorreu com Nany People, é semelhante à vida de muitos brasileiros. Vamos adorar conhecer a sua! Quem sabe ela não entra em um novo artigo? Comente!