Círculos misteriosos no Saara: quem fez isso?
Você está planejando passar as suas férias de verão na África. O destino final é o Deserto do Saara. Ele fica localizado no norte da África, estendendo-se do Oceano Atlântico ao Mar Vermelho. Você está animado para andar de camelo e aprender sobre a rica cultura da região. Embarca em um voo muito longo e, finalmente, chega ao maior deserto quente do mundo. Acredita que são 9,2 milhões de km quadrados? Tudo pronto para a sua primeira aventura depois de beber litros de água gelada. O guia lhe dá uma escolha: você pode passar duas semanas visitando diversos oásis. Ou você pode ajudá-los a resolver um mistério local.
No fundo do deserto, perto dessa cidade argelina, existe um mistério pedindo para ser resolvido. Uma coleção de enormes círculos na areia. São dezenas e estendem-se por quilômetros em linha reta. Os círculos foram identificados pela primeira vez através das imagens do Google Earth há vários anos. As pessoas debatem sobre eles há anos, mas ninguém parece ter a resposta. O estranho é que estão a muitos quilômetros de distância de qualquer cidade, estrada ou atividade humana. A maneira mais rápida de descobrir a verdade por trás dos círculos é... fazer perguntas. Você pega seu caderno e sai para conversar com os locais. Todo mundo é útil nesse cenário: geógrafos, antropólogos, anciãos e historiadores.
A primeira pessoa com quem você fala é um especialista em mapas. É preciso entender se esses círculos são reais ou uma falha de satélite. Você acaba entrevistando as pessoas que tiram as fotos de satélite do Google Earth. Os círculos realmente existem! Eles aparecem em várias fotos de diferentes anos Então, primeiro vamos entender por que eles estão lá. Depois de dois dias de entrevistas, você tem a primeira pista. Os círculos podem ser o resultado da atividade petrolífera. Especialistas explicaram por que isso faria sentido!
A Argélia é uma região rica em recursos naturais, então esse seria um palpite sensato. Normalmente, para descobrir se há algo que valha a pena extrair, as empresas realizariam pesquisas sísmicas. Os levantamentos sísmicos são uma maneira de analisar a superfície da Terra enviando ondas de choque para o solo. Dependendo de como essas ondas retornam, você saberá o que pode ser localizado lá. Um veículo especial pode ter marcado o solo dessa maneira. Então, nós desvendamos o mistério? Não é bem assim. Como você sabe, o deserto do Saara é uma das áreas mais secas do planeta. As altas temperaturas médias no verão são superiores a 40oC. Para sobreviver lá, as pessoas precisam encontrar maneiras de acessar a água. Portanto, esses círculos podem ser uma espécie de ruína ou restos de poços de água antigos.
Novamente, eu diria que é um palpite sensato. Pronto para verificar os fatos? Alguns antropólogos concordaram que esses círculos poderiam ser antigos Foggaras. Foggara é o nome de um estilo de sistema de irrigação de 2.500 anos, geralmente encontrado no norte da África. Também é conhecido como Qanat em outros lugares da mesma região. As pessoas cavavam um poço em um ponto elevado, profundo o suficiente para explorar a água subterrânea. Então cavavam eixos paralelos a distâncias regulares. Após isso, cavavam um canal subterrâneo que conectava a cidade ao poço. Apenas com a ajuda da gravidade, a água corria do poço para a cidade. Essa tecnologia tradicional forneceu água para a agricultura, a pecuária e os seres humanos!
Digamos que esses poços tornaram possíveis oásis feitos pelo homem. Mesmo o nome do município mais próximo era uma indicação de que isso pode ser verdade. O nome Foggaret Ezzaouia é na verdade uma homenagem aos foggaras, esses poços antigos. Essa pista parece ser muito quente! Você decide viajar até lá para se certificar. Então pega um ônibus local, senta e aproveita o passeio. A paisagem no norte da Argélia é cheia de cidades de aparência antiga. Você até vê ruínas de poços ao longo do caminho, nos arredores de cidades menores. Abrindo as imagens de satélite do Google, você pode ver as marcas dos Qanats no chão: uma série de buracos correndo por vários km. Mas, assim que você chega, descobre que estava errado.
Dale Lightfoot, um dos principais especialistas mundiais em Qanats, disse que os círculos definitivamente não eram Qanats. Até as imagens de satélite confirmam essa diferença. ô-ou. Estávamos tão perto! Aparentemente, Qanats ou Foggaras não corriam em linha reta. Eles não teriam a forma de círculos. Outra pista de que esse não era o caso era que não havia cidades no final. Os círculos estavam muito longe de qualquer atividade humana. E os Qanats foram explicitamente construídos para fornecer água aos assentamentos humanos. Bom, com certeza foi uma boa tentativa.
Você quase desistiu de tentar resolver esse mistério quando decidiu fazer mais uma viagem. Foram dias de preparação: carros, comida, equipamentos. Tudo para que o mistério dos círculos do Saara pudesse ser desvendado. No primeiro dia, você dirigiu por mais de 160 km até o deserto. Você sempre teve curiosidade para ver como era essa parte do mundo. Lá, não vê nada além de dunas amarelo-mostarda. O céu noturno é agradável — é possível ver toda a Via Láctea com seus próprios olhos! Você acampa e dorme sob as estrelas.
No dia seguinte, a tensão aumenta. Não há recepção de celular. Ah não! Mas, felizmente, você adicionou as coordenadas dos círculos ao seu Google Maps. E surpresa: o modo offline funciona! Você segue as coordenadas, mas acaba indo para o lugar errado. O nervosismo aumenta, e parece que tudo foi em vão. Mas você e a equipe entram no carro e dirigem mais alguns quilômetros além das coordenadas do seu telefone. Depois de uma viagem muito acidentada, vocês não acreditam nos que olhos veem!
Aí está: uma enorme cratera escavada na areia. Cercada por doze buracos menores. Do alto, parece um relógio, sem os ponteiros, é claro. No chão, eles são muito fracos. Tão fracos que você quase não os viu! Pesquisando a área, você percebe que todos os buracos tinham algo semelhante: fios de metal. Fios finos que você pode puxar do chão. Eles estão enterrados profundamente, então você começa a cavar. Um objeto começa a aparecer — ô-ou. Parece uma velha dinamite. Isso certamente surpreende você. É melhor parar de cavar, para evitar acidentes!
Ao terminar a pesquisa, você se sente satisfeito, mas ainda curioso. O que toda essa dinamite poderia significar? E quem colocou isso lá? O que vem a seguir é o ponto de virada na sua aventura. Voltando para o carro, você vê algo brilhando no chão. E se aproxima do item com curiosidade. É redondo e enferrujado e parece... uma lata de sardinha? O que isso está fazendo aqui? É algo que poderia te dar mais pistas sobre o mistério dos círculos? Por precaução, você pega e coloca no carro.
De volta à cidade, as peças do quebra-cabeça começam a revelar a história por trás dos Círculos do Saara. Você traz as fotos e a lata de sardinha e mostra tudo para especialistas locais. Eles analisam o material e dão um veredicto intrigante. Acontece que a primeira teoria foi a mais próxima da verdade! Então, o que aconteceu com o primeiro palpite? Por que precisávamos continuar cavando mais fundo? Bom, porque estava apenas meio certo.
Os círculos do Saara não são uma pegada histórica de levantamento sísmico. Quando os círculos foram feitos, essa tecnologia nem existia. Mas eles com certeza estão relacionados à exploração do petróleo. Os buracos cheios de dinamite eram um método antigo para buscar petróleo. Os círculos são as sobras de pesquisadores à procura de recursos no subsolo! E as latas de sardinha? Bom, elas foram deixadas lá pelos trabalhadores que realizavam as obras de explosão. Todos têm que comer, certo? De acordo com o modelo da lata, isso aconteceu mais ou menos por volta das décadas de 1950 e 1960. Então esses círculos nem são tão antigos! São até modernos! Bom, espero que você esteja feliz por ter concordado e ajudado a desvendar esse mistério. Te vejo na próxima aventura para resolver outros mistérios!