A verdadeira história dos dragões: de onde surgiram essas bestas que cospem fogo
Reza a lenda que um duende chamado Fafnir era famoso por sua força e coragem. Ele era filho de um famoso rei duende. Por causa de suas qualidades, foi incumbido de proteger o reino.
Os duendes são conhecidos por acumularem muitas riquezas, então um pouquinho de segurança a mais era essencial. Quer dizer, eles moravam em uma casa feita de ouro e pedras preciosas. Mas Fafnir também tinha outro talento especial: ele conseguia se transformar! Enganado por Loki, o espírito nórdico da trapaça, Fafnir se deixou levar pela ganância e pelo brilho do tesouro de seu pai. Ele decidiu que queria tudo para si, sem dividir aquela riqueza com seu pai ou com seus irmãos. Roubou tudo e fugiu sozinho para um lugar onde seria difícil encontrá-lo: o meio do deserto.
Para proteger sua riqueza, Fafnir se transformou em um dragão gigante. Sua nova aparência parecia com uma grande serpente, poderosa e assustadora. Porém, seus poderes mágicos não acabavam por aí. Pelo fato de o dragão não conseguir voar, ele também espalhou veneno ao redor de sua nova casa, para que ninguém tivesse a chance de sobreviver se quisesse levar seu ouro embora. Pouco depois, Fafnir foi derrotado por um jovem herói chamado Sigurd.
A lenda de Fafnir tenta explicar por que a família é mais importante que a ganância. Ela também mostra os vários poderes mágicos que os dragões têm. Mas a parte mais interessante é que ela é um bom exemplo de como os dragões foram parar em nossos contos de fadas.
Mas ei, essa é só uma das muitas histórias que mencionam dragões. Basta ligar a TV ou dar uma olhadinha em exemplares de qualquer livraria que você vai se deparar com algum dragão. Variações de criaturas parecidas com dragões têm sido descritas em histórias pelo mundo afora, da Ásia ao Norte da Europa. A maioria dessas criaturas é descrita com corpo de réptil, asas e garras. E o traço mais assustador é que elas podem cuspir fogo!
O nome dessas criaturas vem da palavra latina ’draconem’, que significa ’grande serpente’. Mas vamos viajar para a terra da memória para ver como tudo começou.
Um historiador asiático, por exemplo, descobriu alguns fósseis no século IV antes de Cristo e acreditou ter encontrado dragões. É fácil entender por que ele ficou tão confuso se você observar um estegossauro fossilizado. Ele tinha 9 metros de comprimento e 4 de altura, e era coberto por placas ósseas blindadas e espinhos.
O crocodilo do Nilo também poderia ter sido considerado um dragão. Ele existe até hoje e vive na África subsaariana. Mas ele pode ter sido mais conhecido em outras épocas. Quando alcançam a maturidade, os crocodilos do Nilo podem ter até 5 metros de comprimento! Mas isso não é tudo: eles conseguem andar com o corpo fora do chão e alguns já foram vistos em pé sobre duas patas!
Os goannas são lagartos monitores parecidos com dragões que vivem na Austrália. Eles são grandes, têm dentes e garras afiados, e são conhecidos por produzir veneno. É fácil entender por que os goannas podem ser a fonte da versão australiana dos dragões.
Quando os humanos descobriram ossos de baleia pela primeira vez, muitos anos atrás, não tínhamos ideia de que esses animais viviam no mar. Considerando o tamanho deles, certamente pensamos que deveriam ter sido criaturas muito perigosas. E por raramente virmos baleias (a menos que mergulhemos até as profundezas do mar, é claro), elas eram desconhecidas e facilmente confundidas por dragões também.
A fonte mais interessante da mitologia dos dragões provavelmente é o cérebro humano. Em um livro chamado “An Instinct for Dragons”, havia uma teoria de que dragões existiram em quase todas as culturas antigas, pois evoluímos para temer grandes predadores a fim de sobreviver. E não somos os únicos mamíferos a fazer isso: os macacos têm um medo instintivo de cobras e felinos de grande porte, também. Agora quando se juntam esses traços naturais com folclore, temos um monte de histórias de dragão espalhadas pelo mundo afora, adaptadas a cada região.
Bestas reptilianas com poderes mágicos são antigas, aparecendo desde a origem da própria civilização humana. Estou falando da antiga Mesopotâmia. Os humanos daquela época acreditavam em todos os tipos de criaturas. Mas o espírito líder deles era Marduque, patrono da Cidade da Babilônia. Se você analisar as obras de arte da época, verá que Marduque era retratado com um dragão em forma de cobra a seu lado. Ele poderia ser bonzinho ou vingativo, dependendo do estado de humor da criatura no dia.
Se você quiser se candidatar ao posto de dragão, a primeira coisa que te perguntarão na entrevista é se você cospe fogo, claro. Então, cientistas estudaram possíveis formas de os dragões realmente cuspirem labaredas sem machucar a própria garganta. Para isso, examinaram um besouro-bombardeiro. Esse inseto excêntrico consegue guardar substâncias super quentes em sua barriga. E quando se irrita com alguma coisa, ele lança uma boa quantidade desses químicos. Sejamos justos — não é fogo de verdade, mas queima — então o resultado é quase o mesmo. Mas voltando aos dragões, eles precisariam ter glândulas parecidas na garganta para produzir fogo.
Mas de onde os dragões surgiram? Eles não apareceram do nada, seja qual for a fonte que você consulte. Algumas histórias, como a de Fafnir, dizem que até humanos podem se transformar em dragão. Mas a teoria mais popular é que os dragões surgiram como ovos. Algumas fontes até elaboraram uma série de etapas pelas quais um dragão precisa passar ao longo da vida. Tudo começa com a eclosão. Dizem que o dragão come a casquinha do ovo até quebrar as laterais dele. Depois, tem a fase de dragoneto que, segundo especialistas em dragão — ou dragonólogos, se preferir — chamam de dragão recém-nascido. Ele ainda é pequenino e fraco. Mas não se preocupe, ele consegue cuidar muito bem de si mesmo. O restante dos estágios de vida de um dragão são bastante autoexplicativos: há os dragões adultos, e depois os idosos. A vida de um dragão termina quando ele atinge a fase do crepúsculo. Algumas fontes afirmam que eles nunca param de crescer. Outras dizem que eles nunca chegam ao fim da vida; apenas passam para outro tipo de existência espiritual.
Os dragões são famosos por representar muitas coisas diferentes, mas tudo depende da origem. Em algumas regiões da Ásia, eles são conhecidos por trazer sorte, poder e riqueza.
Para se tornar um guerreiro poderoso na Grã-Bretanha, era preciso derrotar um dragão primeiro. É por isso que geralmente eles são vistos nas bandeiras. A bandeira de Gales, por exemplo, tem um grande dragão vermelho sobre um fundo verde e branco.
As histórias do Ocidente já não são tão legais com os dragões — eles geralmente são vistos como malvados e vingativos. Outro mito associado com dragões é de que eles amam ouro e pedras preciosas. Esse lado ganancioso do temperamento deles parece ter surgido na Grécia antiga, onde dragões tinham a missão de proteger tesouros. Alguns desses guardiões foram vistos em histórias como O Hobbit e a série Harry Potter.
Quanto às habilidades mágicas dos dragões, elas também podem variar muito. Alguns dizem que eles têm sangue com propriedades supernaturais; outros dizem que eles conseguem falar; outros são famosos por sua sabedoria. Muitos dragões da literatura antiga conseguiam voar ou se transformar — até em humanos!
Algumas criaturas da vida real foram batizadas com nomes que lembram a existência de dragões. Como a libélula, que, em Inglês, é chamada de dragonfly. Ela recebeu esse nome de contos de folclore, pois os europeus da Idade Média as viam como insetos do mal. As libélulas eram acusadas de coisas horrendas, como picar os olhos e boca das pessoas.
Mas a criatura que mais se parece com os dragões da mitologia é o dragão voador. Ele foi visto em áreas arborizadas do Sudeste da Ásia. Eles não têm asas de verdade. Partes de suas costelas são alongadas para sustentar um pedaço extra de pele que permite que eles planem entre uma árvore e outra. Essas “asas” também possuem cores vibrantes que contrastam com seu corpo marrom.