A Sombria História da Cinderela dos Anos 1950: Como Virou um Desenho que Capturou as Tendências da Época

Curiosidades
há 1 mês

Cinderela, da Disney, foi lançado nas às telonas há quase 73 anos e, na época, foi um sucesso absoluto. Hoje, muitos criticam o filme, achando o enredo meio ultrapassado. Mas a gente continua amando a história pela sua bondade e pela crença no impossível. Só que, nem sempre, a “Cinderela” foi essa fofura toda. Vamos contar como uma história antiga e bem triste virou esse filme mágico. E, no final, revelamos um significado alternativo da história que a gente nem percebeu enquanto assistia ao desenho.

A primeira Cinderela era grega

A versão mais antiga da história, que conhecemos, é do historiador grego Estrabão. Ela foi escrita há mais de 2.000 anos. Nessa versão, a protagonista se chamava Ródope. Ela era grega, mas morava no Egito.

A Ródope não tinha sapatinhos de cristal. Na verdade, ela nem perdeu o sapato e nem conhecia o futuro marido. O que aconteceu foi que uma águia roubou uma das suas sandálias enquanto ela lavava roupas e levou para o palácio do faraó. O rei, impressionado com a delicadeza da sandália, mandou procurar a dona. E quando encontrou a Ródope, casou-se com ela.

A versão moderna da Cinderela tem suas raízes na Itália. E lá, a protagonista acaba se casando contra a própria vontade

A história que a gente conhece, com a madrasta malvada e as irmãs malvadas, surgiu no século XVII. Ela foi publicada numa coletânea do escritor italiano Giambattista Basile. Mas, mesmo nessa versão, há algumas diferenças.

Zezolla (era assim que se chamava a protagonista) era filha de um príncipe. Ele acabou se casando com a empregada da filha, e a nova esposa começou a maltratar Zezolla, transformando-a em uma cozinheira.

Mais tarde, Zezolla conheceu seu “salvador” — um rei. Mas essa história não é sobre amor verdadeiro, e sim sobre um casamento forçado. Zezolla fugiu do palácio 3 vezes, e o rei a trouxe de volta todas as vezes, até que finalmente se casou com ela à força.

A versão mais sombria foi escrita pelos Irmãos Grimm

Junto com a versão de Charles Perrault, uma das mais famosas da história é a dos irmãos Grimm. Mas essa versão é muito mais dramática que todas as outras. Por exemplo, a Cinderela tinha que dormir no meio das cinzas, perto da lareira.

E as irmãs nessa versão eram bem mais cruéis. Elas jogavam grãos na cinza só pra fazer a Cinderela passar horas catando tudo. Mas no final da história, os autores não perdoaram as irmãs. Tentando forçar o pé na pequena sapatilha da Cinderela, elas acabaram machucando os próprios pés. E, como castigo pela maldade e mentiras, ainda ficaram cegas.

Na versão dos irmãos Grimm, o príncipe enganou a Cinderela para conquistá-la

Nessa versão, a Cinderela nem pensava em se casar com o príncipe. Ela nem perdeu o sapatinho! O príncipe foi esperto e conseguiu a sapatilha de maneira bem trapaceira. Ele passou piche na escada do palácio de propósito, pra que o sapato ficasse preso. Foi assim que o futuro noivo encontrou o “ponto de partida” pra procurar a garota.

Charles Perrault deu uma boa suavizada na história. E é na versão dele que o famoso desenho animado foi baseado

Na versão de Perrault, todas as partes tristes da história foram deixadas de lado. Foi nessa versão que apareceram a abóbora que vira carruagem e os famosos sapatinhos de cristal. Em outras variações, a Cinderela nem usava sapatos de um material tão frágil, e em algumas histórias ela perdia um anel ou uma pulseira.

A Fada Madrinha também é uma criação exclusiva de Charles Perrault. Em todas as outras versões da história, essa personagem nem existe. Em vez dela, são os animais que ajudam a Cinderela. No caso da China, é um peixe, e em algumas versões gregas e asiáticas, uma vaca. Esses animais representam o espírito da mãe da Cinderela.

Os roteiristas da Disney se basearam justamente na versão de Perrault para o famoso desenho. Quando o filme foi lançado, os críticos disseram que ele “não só embelezou a velha história, como também a apresentou de uma forma leve, sem vilões assustadores que causariam pesadelos nas crianças.”

O desenho animado quase foi o último trabalho de Walt Disney

Quando Walt Disney decidiu adaptar a história da Cinderela, ele já tinha lançado alguns filmes que não foram muito bem e estava à beira da falência. Diziam que, se “Cinderela” não fizesse sucesso, a empresa teria que fechar as portas. Então, Disney precisava de um sucesso garantido.

Pra se reerguer, ele apostou numa história infalível — a versão de Charles Perrault. Primeiro, porque essa trama já era super popular entre as crianças. Segundo, porque Disney queria mostrar uma verdadeira história de conto de fadas, cheia de roupas bonitas, magia e encantos, pra inspirar o público.

E a estratégia funcionou: “Cinderela” ficou em 5º lugar nas bilheterias!

A Cinderela no desenho quase foi retratada como uma adolescente rebelde

WALT DISNEY PRODUCTIONS / Album / East News, WALT DISNEY PRODUCTIONS / Album / East News

O visual original da Cinderela era bem diferente do que estamos acostumados. Os produtores imaginavam ela como uma garota bem jovem, com trancinhas e nariz arrebitado. Além disso, ela era bem mais ativa e cheia de atitude. A futura princesa era uma rebelde em busca da própria felicidade.

Por exemplo, em uma das cenas, quando sua família mandava ela fazer algo, Cinderela simplesmente se recusava e até jogava objetos na madrasta e nas irmãs. Mas, no final, decidiram deixar a personagem mais passiva e suave. Visualmente, ela ficou mais parecida com uma “dama de pescoço alongado e elegante”.

Os personagens de desenho animado foram interpretados por atores reais

Para economizar na produção, 90% do filme foi feito usando a técnica de live-action. Primeiro, eles escolheram modelos para os personagens e tiraram fotos deles, que serviram como base para os desenhos animados. Os personagens animados repetem até as expressões faciais e os movimentos de seus protótipos.

A Cinderela foi representada pela atriz Helene Stanley. O príncipe foi desenhado a partir do ator Jeffrey Stone e do dançarino Ward Ellis. Todos os outros personagens humanos também foram baseados em pessoas reais.

gato Lúcifer foi inspirado no gato de um colega de Walt Disney. E até a carruagem teve uma modelo real: uma carruagem pintada com listras preto e branco!

A Cinderela de Walt Disney acabou sendo menos independente do que suas antecessoras nas versões literárias

Não foi à toa que Disney escolheu adaptar a versão de Charles Perrault. Na história dele, a Cinderela quase não faz nada sozinha e fica o tempo todo esperando uma ajuda ou um milagre, o que a diferencia das garotas de outras versões da história, como a dos irmãos Grimm.

Na versão dos Grimm, a protagonista criava seu próprio destino e enfrentava desafios muito maiores que a Cinderela de Perrault. Por exemplo, ela passou anos cuidando de uma árvore mágica que a ajudou a criar o vestido dos sonhos para o baile.

Mas Walt Disney não queria uma história tão pesada. Ele queria mais magia e romance em volta de sua heroína. Por isso, a Cinderela de Perrault parecia a escolha perfeita para aquele momento.

O desenho animado refletia as principais tendências da moda da virada dos anos 40-50 do século XX

Historiadores da arte dizem que o filme “Cinderela” pode ser usado para estudar a moda da metade do século passado.

Naquela época, as roupas de Christian Dior estavam super em alta. Seus vestidos com saias volumosas e cinturas marcadas trouxeram de volta a moda do século XIX. Os vestidos da Cinderela foram inspirados justamente nas coleções de Dior. O vestido que ela usa para ir ao baile, por exemplo, é inspirado no modelo Corolla, que tem a saia em formato de botão de flor.

O traje da Cinderela no desenho animado e seu protótipo.

.Já o vestido rosa com o laço grande, que as irmãs da Cinderela rasgam, foi inspirado em um modelo excêntrico da designer Elsa Schiaparelli. Mas o mais importante é que Disney capturou uma ideia-chave da moda daquela época: a roupa tem o poder de transformar uma pessoa e mudar sua vida.

O filme de desenho animado influenciou o setor de cosméticos e perfumes

O filme fez tanto sucesso que referências a ele começaram a aparecer até no mundo da beleza. Por exemplo, a “Cinderela” inspirou a Revlon a lançar um batom laranja chamado “Abóbora da Cinderela”. E a marca Coty criou um frasco de perfume em forma de sapatinho de cristal para seu novo lançamento.

Bônus: na verdade, é um conto sobre a luta pela riqueza

Nos séculos XVII e XVIII, quando surgiram as versões modernas de “Cinderela”, era comum as mulheres não sobreviverem ao parto, e os homens se casavam novamente. O conflito entre madrastas, enteados e enteadas era algo frequente. A briga não era só por amor e atenção do chefe da família, mas também pelo seu patrimônio. Foi assim que a figura da madrasta malvada ganhou força nas artes.

Na história da “Cinderela”, esse conceito também aparece. Alguns até sugerem que o verdadeiro significado da história não é o amor, mas a busca por riqueza. A madrasta queria ficar com a grande casa, e a Cinderela fugiu o mais rápido possível para um príncipe rico. No entanto, no filme, isso não é muito destacado.

Assim como a Disney reinventou a história da Cinderela ao longo dos anos, o artista TT Bret traz uma nova perspectiva às princesas que conhecemos e amamos, imaginando-as com diferentes etnias. No projeto ’Let There Be Doodles!’, ele celebra a diversidade e nos convida a ver essas personagens icônicas sob uma nova luz. Quer saber como seria esse ’mundo completamente diferente’? Confira e se surpreenda com essas versões cheias de charme e inovação!

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