A história da inglesa Lucy Irvine que aceitou passar um ano numa ilha deserta com um desconhecido

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há 2 anos

Lucy Irvine estava entediada e ansiosa para fazer algo diferente. Até que apareceu a oportunidade perfeita para que ela pudesse escapar de sua rotina. A jovem inglesa respondeu a um anúncio de uma revista um tanto inusitado e quando deu por si, se viu em uma ilha deserta com um “marido” que ela mal conhecia.

Esse foi só o início da história de Lucy, que se apaixonou pela beleza de uma ilha, cujo poder de encantá-la e surpreendê-la também pelo negativo não diminuiu durante toda a aventura. Será que estava preparada para ser uma náufraga? Nós, do Incrível.club, contamos o que aconteceu durante o ano que ela esteve isolada e sua vida após a experiência.

A sua vida antes do anúncio

Apesar da pouca idade, Lucy Irvine já havia feito um pouco de tudo na vida. Aos 16 anos, viajou sozinha de carona pela Europa, e adaptava-se muito facilmente a qualquer trabalho que pudesse render algum dinheiro.

Ela já havia trabalhado como tratadora de macacos em zoológico, cuidadora de cadeirantes, padeira, modelo fotográfico, assistente de escultor de lápides de cemitérios, caseira, porteira, pintora de barcos, garçonete e, por fim, atendente em um escritório de impostos em Londres, emprego que tinha quando viu o tal anúncio.

“Escritor procura esposa para passar um ano numa ilha deserta com ele”

No início dos anos 80, o jornalista e escritor inglês Gerald Kingsland, publicou um anúncio numa revista inglesa, dizendo que estava à procura de uma parceira para se juntar a ele num “experimento isolado” numa ilha tropical.

Para muitos poderia parecer uma ideia absurda, mas Lucy Irvine não deixou a oportunidade escapar e aceitou a proposta que mudaria sua vida para sempre. O desejo dela de simplificar a vida conquistou Gerald, que ansiava querer viver uma experiência de autossuficiência e isolamento, visando escrever um livro, e, de imediato, aceitou a jovem candidata.

O início da jornada e o casamento às cegas

O paraíso escolhido foi a ilha de Tuin, no Estreito de Torres, entre a Austrália e Papua Nova Guiné, jamais habitada. Rapidamente, os 12 meses de estadia se tornaram tudo menos idílicos. Logo de início, Gerald e Lucy foram obrigados a casar para obter permissão para morar na ilha, que pertencia à Austrália, pois assim impusera o governo daquele país continental.

Afinal, a ilha não era o paraíso que esperavam e os dois quase passaram fome

O objetivo de Gerald com a empreitada era apenas sobreviver feito náufragos, contudo, a falta de informação sobre o local e a ausência de planejamento logo se fez sentir quando a comida se tornou escassa. O casal contava que lá conseguiriam pescar, plantar e, eventualmente até caçar, porém a vida na ilha era muito mais dura que isso.

Os mantimentos que os dois levaram para a ilha não eram suficientes para o plano, que era ficar durante um ano. Eles tiveram de lidar com a seca, doenças e ferimentos, e então sobreviver passou a ser o único objetivo do casal. Lucy acredita que se não fosse por uma tribo da ilha vizinha de Badu, que lhes trouxe comida e água, eles teriam perecido em seu “paraíso”.

Lucy começou a gostar da ilha e levou o projeto até o fim

Ao contrário de seu parceiro, que ficava cada vez mais desanimado com o projeto, a inglesa, mesmo face às circunstâncias, permaneceu firme quanto à decisão de passarem um ano isolados. Ela se apaixonou pela ilha, bem mais do que pelo seu companheiro de aventura. “Depois de um tempo, comecei a sentir tanto prazer pela descoberta da minha própria força que ele [Gerald], em grande medida, tornou-se bastante irrelevante para minha experiência na ilha.”

Era Gerald Kingsland que esperava obter um livro de sucesso, mas a imaginação do público foi capturada pelo lado da história de Lucy

A jornada terminou em junho de 1982 e a vida dos dois acabou tomando direções diferentes. Quando Lucy voltou para a Inglaterra, transformou sua experiência única no livro best-seller, Castaway, publicado pela editora britância Victor Gollancz, em 1983.

No livro, descobrimos que, durante seu tempo na ilha, ela aprendeu sozinha a pescar para sobreviver. A imagem acima é um registro dessa habilidade que adquiriu enquanto náufraga e pode ser encontrada no interior do livro com outros registros da viagem. Ela também aprendeu a pescar e secar um tubarão, colher ameixas nativas, e coletar ovos e conchas comestíveis. Além disso, conheceu muito sobre uma cultura humana drasticamente diferente da sua.

A maior aventura de sua vida foi transformada em um filme

O relato de sua experiência acabou virando um filme, de mesmo nome, dirigido por Nicolas Roeg, e estrelado por Oliver Reed como Gerald e Amanda Donohoe como Lucy. “Do meu tempo de Náufraga, aprendi que amo minha vida com paixão, tenho uma forte vontade de sobreviver e que a vida é muito curta para criar problemas. Há muito a ser dito sobre a simplicidade da vida em uma cabana.”

A vida após a ilha

Depois do sucesso de Castaway, a britânica escreveu mais dois livros — RunawayFaraway. Também criou a Lucy Irvine Foundation Europe, cujas iniciais, LIFE, significam Vida, em português, onde resgata animaizinhos da rua. Depois de anos vivendo em ilhas remotas, optou por um cenário mais permanente, mudando-se para a zona rural da Bulgária. Agora mora em um velho motorhome no quintal de sua antiga casa, que pegou fogo em 2009.

Lucy é eternamente grata à experiência que vivenciou. Ela passou a viver de maneira mais minimalista e modesta, sem grandes extravagâncias. “Se eu aprendi uma coisa na minha ’ilha deserta’, é que se você tem abrigo, algo para comer e água para beber, você tem sorte. Qualquer outra coisa é um bônus.”

Você teria a mesma coragem de Lucy Irvine? Se sim, e tivesse de escolher entre três itens que pudesse levar para uma ilha deserta, quais seriam? Comente.

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