9 Lições cruéis por trás dos contos infantis que não percebemos quando criança
A maioria das crianças já ouviu ou leu um conto de fadas, assim como muitos adultos se deixaram ser influenciados por eles. Essas histórias fantásticas nos mostram metaforicamente as verdades mundanas, fazendo com que nos familiarizemos com os valores morais da sociedade. Só que, de vez em quando, alugmas lições cruéis estão escondidas nessas fábulas, que nos fazem questionar como não as notamos antes.
O Incrível.club releu algumas histórias infantis e descobriu nelas várias verdades sombrias escondidas, que praticamente nenhuma criança notaria. Confira!
As pessoas muito feias que perdoem, mas beleza é fundamental: Henrique, o Topetudo
Esse conto fala sobre a história de uma rainha que deu à luz a um filho feioso. Contudo, uma fada garantiu que a criança seria muito inteligente e capaz de transferir toda sua sabedoria para a pessoa que ele mais amasse no mundo.
Em outro reino, nasceram duas princesas gêmeas, uma bela e a outra nem tanto. A mesma fada disse à rainha que a menina bonita seria desprovida de inteligência, mas que teria o dom de conceder beleza a quem ela amasse.
Depois de um tempo, o feioso rapaz e a linda moça se conheceram e se casaram. No entanto, a irmã feia da bela princesa foi simplesmente esquecida pelo autor da história.
Seguindo a lógica, a moral do conto é bem simples: não importa o intelecto de uma garota, se ela for bonita, então tudo dará certo na vida dela. O mesmo vale para o oposto: por mais inteligente que seja a mulher, nada de bom surgirá espontaneamente em sua vida caso não tenha uma boa aparência.
Não importa quantas vezes acerte, você só será lembrado pelo erro: As Fadas
Essa obra do escritor francês Charles Perrault fala sobre duas irmãs, uma muito simpática e a outra um tanto grosseira, que ao irem buscar água se encontraram com uma bruxa. A velha feiticeira concedeu a cada uma um dom de acordo com seus temperamentos. Enquanto a irmã mais nova e educada, que ofereceu água à bruxa, passou a soltar flores e pedras preciosas pela boca sempre que falava, a outra garota soltava sapos e víboras só por não ter dado de beber à senhora.
No final, um belo príncipe surgiu e casou com a irmã mais simpática, enquanto a outra irmã tornou-se tão perversa que foi expulsa de casa e depois morreu, abandonada por todos. Nesse caso, pode-se concluir que o autor do conto não deu à pobre garota a menor chance de melhorar.
Passar por cima de tudo e todos para conseguir o que quer: O Gato de Botas
Segundo a história, o gato malandro usava ameaças forçando as pessoas a mentirem ao rei para fazer seu dono parecer o melhor de todos. Um trecho diz especificamente assim: “O rei está chegando. Se não lhe disserem que todas estas fazendas e campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça”.
Posteriormente, o mesmo gato enganou o ogro para que ele se transformasse em um rato, comendo-o imediatamente e tomando posse de sua propriedade. Todas as falsificações, ameaças e violação das leis de hospitalidade (pois o ogro não maltratava o gato, pelo contrário, tratava-o com petiscos e divertia-se com suas conversas) levaram o protagonista felino a alcançar todos os seus objetivos.
Não vale a pena se sacrificar por uma paixão esperando que ela seja recíproca: A Pequena Sereia
Na história original, a sereia salva o príncipe do afogamento e se apaixona por ele. Para se aproximar do seu amado, ela recorre a uma bruxa que lhe concede pernas humanas em troca de sua voz. Ariel finalmente conhece o príncipe, que, claro, se apaixonou por ela. Mas isso tudo tem um preço, já que a cada passo dado ela sente uma dor insuportável. Apesar de todos os seus esforços, o príncipe se casa com outra, que acredita ter sido a sua salvadora no acidente. Ariel, então, se atira ao mar e se transforma em espuma.
A conclusão é simples: não há necessidade de renunciar nada em nome do amor e esperar que a pessoa amada retribua esse sacrifício.
Meninas amadurecem mais cedo do que meninos: Peter Pan
Wendy, ao contrário de Peter Pan e seus próprios irmãos, não queria ficar na Terra do Nunca para sempre, até porque ela corajosamente aceitou seu amadurecimento.
Havia também indícios de romance nesse conto de fadas. Wendy claramente esperava de Peter não só as brincadeiras, mas também algum tipo de relação com a expectativa de um amor futuro. Mas Peter ficou preso na infância e não podia dar à garota o que ela queria.
Familiares podem ser mais cruéis do que pessoas estranhas: O Pequeno Polegar
Um casal não conseguia alimentar os sete filhos e, por isso, decidiu abandoná-los na floresta. Enquanto vagavam pelo bosque, as crianças encontraram a cabana de um ogro e foram aprisionadas. O Pequeno Polegar, caçula da família, conseguiu enganar o ogro, iludindo-o a degolar suas sete filhas. Os pobres irmãos, então, fugiram de volta à floresta, enquanto eram perseguidos pelo monstro, mas o Pequeno Polegar conseguiu ludibriá-lo novamente, voltando para a casa do ogro e levando seu saco de dinheiro. Então, as crianças finalmente retornaram para casa de seus pais, que ficaram muito orgulhosos do filho esperto que tinham.
Naturalmente aqui se levanta a questão sobre o que acontecerá novamente com todos eles quando o dinheiro acabar.
Os tolos têm mais sorte: todas as aventuras de Ivan, o Bobo
Esse conto fala sobre dois irmãos espertos que lutavam para atingir seus objetivos (casar com uma princesa ou conseguir parte do reino) e o caçula Ivan, desprovido de inteligência. O irmão mais novo não se esforçava para nada e literalmente tudo caia do céu para ele. Assim surge a pergunta: para que estudar e se empenhar se quem não faz nada consegue tudo?
Frio, fome e ameaça usados como método de correção: O Rei Bico de Tordo
Quando a orgulhosa princesa recusou todos os pretendentes (um era feio, o outro não tinha dinheiro e o terceiro não era inteligente), o pai da jovem perdeu a paciência e ordenou que ela se casasse com o primeiro mendigo que batesse à sua porta, que foi o candidato a noivo que a princesa mais zombou. Após o casamento, o marido aprisionou a moça em uma cabana fria, forçando-a a trabalhar e a deixou passando fome até que ela se transformou magicamente em uma esposa recatada e obediente.
A história em si não trata tanto da questão da humildade, mas do método de correção através do uso da força e violência, o que é assustador para um conto, especialmente infantil.
Para cada espertinho, sempre haverá um mais malandro ainda: Kolobok e O Homem Biscoito de Gengibre
Trata-se de um pãozinho redondo, chamado Kolobok, que fugiu de seu velhos criadores e rolou pela floresta afora, cantando suas canções a todos os animais (coelho, lobo, urso e raposa) que queriam comê-lo. O pãozinho conseguiu sobreviver e fugir deles, exceto da raposa que era ainda mais esperta do que ele. A mesma coisa aconteceu com o famoso biscoito de gengibre. A conclusão que essas histórias sugerem é que, por mais esperta e hábil que seja uma pessoa, sempre haverá alguém ainda mais astuto e sagaz que ela.
Se os personagens principais nos contos de fadas fossem todos gentis e felizes, então seria perdido o propósito de ensinar as crianças sobre o significado do mal. Contudo, a questão da necessidade de inserir certas verdades nos textos ainda é polêmica, tornando difícil para professores e psicólogos chegarem a uma conclusão comum sobre a medida exata que tais lições cruéis, e muitas vezes violentas, devem ser apresentadas às crianças.
Que outras histórias infantis, na sua opinião, sugerem a dureza e até mesmo a crueldade do nosso mundo? Acha que esses contos devem ser lidos para crianças? Comente!