9 Conselhos de psicólogos que curtimos e compartilhamos na Internet, mas em vão
É inegável: o avanço das redes sociais em nosso dia a dia provocou um aumento da divulgação de dicas de autoajuda, algumas delas super úteis e outras, clichês vazios sem o menor sentido prático e que muita gente segue compartilhando.
Você já deve ter lido, por exemplo, expressões como “a felicidade começa fora da zona de conforto”, “é preciso mudar de trabalho a cada 3 a 5 anos” e “é importante se esforçar mais que 100%”. Mas quais delas são válidas e quais não passam de chavões?
O Incrível.club decidiu avaliar mais a fundo esses conselhos que circulam nas redes sociais para procurar entender quais são úteis.
Sempre dê 100% de si mesmo
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Aparentemente, esse é um conselho útil que serve como receita para alcançar uma carreira de sucesso ou uma vida pessoal em plenitude. No entanto, a realidade é que esse tipo de comportamento pode levar a um perfeccionismo patológico e gerar esgotamento. Fisicamente, somos incapazes de dar sempre o máximo e o perfeccionismo, em si, é perigoso porque desenvolve ansiedade e aumenta o risco de padecer pouco a pouco de doenças mentais.
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Você precisa descansar, às vezes ser preguiçoso e até mesmo cometer erros: tudo isso permitirá que esteja em forma e se livre do estresse.
Você deve mudar de trabalho a cada 3-5 anos
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Há centenas de livros e palestras de supostos gurus pregando a importância de mudar de emprego a cada cinco anos — alguns falam em 3 ou 4 anos. Independentemente do tempo, o fato é que, segundo esses “especialistas”, as mudanças de trabalho são necessárias. Mas a pergunta é: são necessárias para todos? Há algumas décadas, uma pessoa, trabalhava em uma empresa durante 10, 20 ou até 30 anos e se aposentava. Estudos em diferentes países sugerem que a frequência das mudanças de trabalho está relacionada, em grande medida, à idade e que as pessoas de mais de 35 anos já são menos propensas a mudar de profissão.
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As mudanças estão associadas a uma busca por identidade pessoal e profissional. Mas até por entenderem essa nova visão de mundo, muitas empresas oferecem oportunidades de mudança de carreira de uma área para outra, de modo que não é tão necessário buscar uma mudança de emprego que, por definição, costuma ser traumática e arriscada. Além disso, muitas profissões modernas dão certa flexibilidade, de modo que o crescimento profissional seja possível dentro do mesmo trabalho.
Sempre seja você mesmo
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Esse conselho é “furado” por dois motivos. Em primeiro lugar, é uma dica um tanto subjetiva: o que é “ser você mesmo?” Para “ser você mesmo”, em primeiro lugar, você precisa entender você mesmo e conhecer todas as facetas de sua personalidade.
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Em segundo lugar, esse conselho parece negar todas as deficiências que temos e, assim, fazer com que nos acomodemos com elas. Ou seja, os outros que se acostumem conosco.
Sempre dizer o que pensa
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Dizer sempre o que você pensa pode parecer ser uma grande ideia. Mas, na prática as coisas são um pouco diferentes. Não é possível viver sem se adequar a certas regras da sociedade. Além disso, todos estamos sujeitos a cometer erros. Podemos, por exemplo, dizer certas coisas que não gostaríamos no calor das emoções. Ou até mesmo julgar certas pessoas e certas situações incorretamente pelo fato de não termos uma clareza em relação a um determinado cenário ou por conhecermos apenas parte de um caso. Como resultado, podemos ferir as pessoas apenas porque queríamos ser “autênticos”.
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Há ainda aquelas pequenas mentiras que quase todo mundo conta como forma de contornar uma situação. E mesmo que pelo ponto de vista moral isso não pareça muito certo, em certas ocasiões alguns meios são necessários para proteger uma pessoa ou um colega de trabalho querido.
Mudar sua atitude
“Se você não pode influenciar a situação, mude sua atitude em relação a ela”. É claro que há certas situações em que realmente não podemos fazer nada, e nesses casos, o melhor é mudar nossa percepção sobre elas.
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Mas “mudar de atitude” às vezes significa se omitir em situações em que seria possível fazer algo. Por isso, antes de mudar de atitude, vale a pena enxergar a situação de uma maneira mais ampla e experimentar diferentes opções.
Distraia-se ou pense em outra coisa quando uma situação for desagradável
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Esse conselho é especialmente comum no mundo da psicologia infantil: se a criança está chateada ou incomodada com algo, o melhor a fazer é distraí-la. Só que, depois, essas crianças se tornam adultos que não sabem lidar com as emoções negativas.
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Como resultado, a ira, o medo ou a agressividade reprimidos “transbordam”, na forma de certos vícios (em comida, álcool ou cigarro), de birras ou de compulsões por compras, por exemplo. As emoções negativas são, sim, importantes para o nosso crescimento, tanto quanto as positivas. E é fundamental encará-las para aprender a lidar com frustrações.
Não se deve sentir pena de si mesmo
O paradoxo de sentir pena de si mesmo consiste no fato de que aqueles que nós vemos como pessoas de sucesso, na verdade, não sentem pena de si mesmos. Uma pessoa saudável mentalmente é piedosa consigo mesma, o que se manifesta na forma de momentos de descanso, de autocuidado e de menos exigências em relação aos próprios resultados. Já uma pessoa que não consegue sentir pena de si mesma, em geral procura compensar essa situação fazendo com que outras pessoas tenham pena dela, contando, para isso, um sem fim de histórias sobre seus problemas.
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Não vale a pena rejeitar o sentimento de autocompaixão. Você pode orientá-lo na direção correta e utilizá-lo para seu próprio bem-estar.
Pense positivamente em qualquer situação
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Você não deve pensar nas coisas ruins, e assim não as atrairá; deve, sim, mentalizar somente coisas boas e esquecer tudo o que for negativo. Mas... onde estaria a armadilha nisso? Na verdade, assim, o estado de ânimo melhora e a vida se torna mais agradável. Mas uma atitude positiva desvaloriza nossas experiências de vida e impede que nos beneficiemos delas.
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Se na vida você se depara constantemente com situações desagradáveis e reage sempre da mesma forma, é preciso parar para pensar. Afinal, o que você tem feito de errado? Se acontece algo desagradável, é importante aceitar os erros e aprender com eles.
Não se deprima: ainda há muitas oportunidades pela frente
“Os namorados não são eternos e, se um foi embora, logo virá outro”, costumam dizer as amigas a uma moça que acabou uma relação. Nesse caso, incluem-se também as crenças do tipo “haverá outros mil empregos assim”, “mas essas competições não eram importantes”, “há muitas empresas melhores que essa”, e outras tantas afirmações similares. Dessa maneira, minimizamos a magnitude de nossas perdas e, na maioria dos casos, isso nos ajuda a virar a página.
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Mas adotar constantemente esse tipo de abordagem significa desvalorizar também suas conquistas: um trabalho de sucesso, uma relação harmoniosa, uma boa qualificação. O medo de uma perda aumenta o valor daquilo que temos e nos ajuda a estruturar melhor nossas vidas.
A autoajuda pode ser útil na vida de todos, mas vale a pena entender e interpretar seus ensinamentos sabiamente. E você, que conselhos considera prejudiciais? Compartilhe conosco suas reflexões nos comentários!