5 Motivos pelos quais o mundo não precisa de mais igualdade
Há quem defenda que o mundo de hoje precisa de mais justiça do que de igualdade. E ainda que as palavras “igualdade” e “equidade” sejam muitas vezes usadas como sinônimos, elas têm significados diferentes. Enquanto a igualdade estabelece um tratamento igual para todos, equidade tem a ver com garantir a cada pessoa o que ela precisa para chegar ao sucesso.
Como igualdade e a equidade podem ser conceitos difíceis de serem definidos, o Incrível.club resolveu explicar em cinco pontos as principais diferenças entre eles.
Cada pessoa tem seus pontos fortes e suas fraquezas
Fazer com que um professor de xadrez enfrente um alpinista profissional numa competição de montanhismo pode parecer um exemplo de igualdade de oportunidades, já que a montanha e as dificuldades são iguais para os dois participantes. Porém, na verdade, isso não seria justo. Enquanto o alpinista terá uma vantagem em testes de resistência física, o professor de xadrez se sairá melhor em atividades que requeiram raciocínio lógico e estratégia.
Portanto, querer comparar as fraquezas de um com os pontos fortes do outro, ou vice-versa, não é algo positivo.
Tratar as pessoas de maneira justa é mais importante que tratá-las igualmente
Numa sociedade que é intrinsicamente desigual, proporcionar as mesmas oportunidades para todos não é exatamente fazer justiça. Os fortes e os fracos devem ser apoiados de maneira diferente, de acordo com as capacidades de cada um. Por exemplo, as necessidades de uma pessoa doente são diferentes das de alguém saudável.
A igualdade não é obtida nem mesmo numa sociedade utópica
Uma utopia para todos, independentemente de ser maravilhosa enquanto ideia, é simplesmente impossível de realizar. Não porque não se pode proporcionar um início igual para todos, e sim porque fazer isso não seria garantia de se chegar ao final esperado. Por outro lado, tentar forçar todo mundo a ser igual estimularia uma sensação de descontentamento na sociedade.
Os professores Lise Bourdeau-Lepage e Jean-Marie Huriot, das universidades de Dijon e de Borgonha, na França, respectivamente, acreditam que uma sociedade utópica não pode atingir a justiça social. Eles consideram que as regras que acompanhariam a realização da utopia, na verdade acabariam bloqueando o caminho em direção à justiça e à equidade.
A equidade impulsiona as pessoas. A igualdade, não
Observemos o exemplo de uma fábrica de montagem de luminárias. Tratar todos igualmente significaria que todos os trabalhadores receberiam o mesmo salário, independentemente do número ou da qualidade de luminárias produzidas. Isso também significaria que um funcionário não poderia ser demitido por montar poucas luminárias, ainda que elas tivessem uma qualidade aceitável. Se esse sistema fosse implementado, os trabalhadores perderiam o interesse no trabalho, pois não haveria a valorização daquilo produzido por cada um. Outra alternativa seria pagar cada funcionário com base na qualidade e quantidade de seu trabalho.
Mark Sheshkin, especialista em cognição da Universidade de Yale, nos EUA, aponta que, ainda que a questão da igualdade seja tão discutida na Web e motive protestos mundo afora, a maioria das pessoas aprecia um pouco de desigualdade. Para Sheshkin, “deveríamos desejar uma desigualdade justa, não uma igualdade injusta.”
As pessoas concordam com a desigualdade, contanto que ela seja justa
Os psicólogos Alex Shaw e Kristina Olson, também da Universidade de Yale (EUA), realizaram uma experiência para testar essa hipótese. Eles reuniram um grupo de crianças com idades entre seis e oito anos. Foi dito a elas que duas crianças, chamadas Dan e Mark, tinham limpado aquele cômodo. Como recompensa, cinco borrachas seriam dadas a eles, então uma divisão igual seria impossível. As crianças apoiaram fervorosamente a eliminação da quinta borracha, em vez de realizar uma divisão desigual. Elas mantiveram a opinião mesmo quando foram informadas que nem Dan nem Mark sabiam quantas borrachas cada um ganhou.
Pode parecer que essas respostas mostrem uma grande defesa da igualdade, mas o mais provável é que indique um desejo de equidade. Isso só ocorreu porque as crianças deduziram que Mark e Dan fizeram o mesmo esforço para limpar o cômodo. Mas quando os psicólogos revelaram que Dan tinha trabalhado muito mais do que Mark, as crianças participantes da pesquisa concordaram que o certo seria dar três borrachas a Dan e duas a Mark. Em outras palavras, as crianças concordaram com a desigualdade, contanto que ela fosse justa.
Você concorda que a equidade é mais importante que a igualdade? O que pensa sobre o assunto? Comente!