16+ Histórias de leitores do Incrível que conseguiram se livrar de péssimos empregos

Clarice Lispector é uma das maiores autoras da literatura brasileira, com romances premiados. De origem ucraniana, ela veio para o Brasil durante a emigração de sua família em direção à América, em 1920. Isso porque seus pais estavam fugindo de uma perseguição aos judeus na Rússia, durante o período da Revolução Russa. Mesmo tendo perdido seus pais, Clarice começou o curso de Direito e, posteriormente, os estudos de Psicologia e Antropologia, para então começar sua carreira de escritora e jornalista.
O Incrível.club, impressionado com o histórico dessa autora, resolveu compartilhar um pouco dos escritos dela com você. Confere só!
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.
Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Se perder também é caminho.
A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais.
Nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir.
Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.
Sou uma filha da natureza: quero pegar, sentir, tocar, ser. E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só. (...) Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo.
O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.
Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser.
A forma como Clarice escrevia duras verdades é impressionante, não é mesmo? Há quem já seja apaixonado por suas palavras e nem se deu conta — uma vez que a grande maioria já está disseminada nas redes sociais.
Mas conta para a gente: de qual você mais gostou? Sentiu falta de algum outro?