20+ Fatos da Grécia Antiga que podem surpreender até os professores de história
Muito do que temos hoje parece ter sido inventado pelos gregos antigos: os mapas, o teatro, o azeite, as Olimpíadas, a filosofia, o ioiô, os robôs e até o acompanhamento profissional da gravidez.
Nós, do Incrível.club, adoramos vasculhar os segredos de épocas antigas, então decidimos compartilhar com você, alguns fatos curiosos sobre Hellas, uma das maiores civilizações do mundo.
- O alfabeto grego foi desenvolvido no início do século VIII a.C. e, pela primeira vez no mundo, foram introduzidos caracteres para as vogais.
- O ioiô também foi inventado na Grécia Antiga. A primeira menção ao brinquedo data de 440 a.C. Os primeiros ioiôs eram feitos de madeira, metal ou discos de terracota pintados e eram chamados simplesmente de ’’disco’’. Quando as crianças atingiam a maioridade, elas ofereciam seus brinquedos a certos deuses.
- Falando em deuses, o principal do panteão grego antigo era Zeus, mas isso não é totalmente correto. O fato é que Hellas não era uma única entidade estatal, havia um sistema das pólis, que não dependiam umas das outras. Cada uma tinha seu próprio culto. Por exemplo, Zeus, em Dodona e Olímpia, Apolo, em Delfos e Delos, Atena, em Atenas e Lindos, Hera, em Argos e Samos, Asclépio, em Epidauro.
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Na mitologia antiga, não havia os conceitos de bem e mal. Os reverenciados deuses e heróis frequentemente cometiam atos desonestos: Hércules roubou uma joia de uma jovem apaixonada por ele; Aquiles brigou com o rei por uma mulher e abandonou seus companheiros no meio da Guerra de Troia. Uma história horrível aconteceu com Medusa: Poseidon abusou da moça no templo de Atena. Mas a dona do templo, uma parente “olímpica” de Poseidon, não ficou brava com ele, mas com a infeliz vítima, e a transformou em um monstro, mais tarde morta por Perseu.
- Um dos deuses gregos favoritos era Dioniso, o padroeiro da fertilidade. Em sua homenagem, eram organizados festivais barulhentos, as chamadas Festas Dionisíacas. Seus participantes faziam procissões com comida e bebida e se vestiam com peles de cabra. Desse último costume, surgiu a palavra tragédia, literalmente “o canto do bode” (τράγος — ’’cabra’’, ᾠδή - “canção”). Já o termo comédia veio da palavra κῶμος, que significa “festejos”.
- Outro feriado adorado pelos gregos eram os Jogos Olímpicos. Eles gostavam tanto que até adotaram um calendário tomando os jogos como base. O evento icônico era realizado uma vez a cada cinco anos, em julho. Assim, o ’’1º Ano da 1ª Olimpíada’’ começou em julho de 776 a.C., o ’’2º Ano da 1ª Olimpíada’’, em julho de 775 a.C. e assim por diante até os próximos jogos em 772 a.C.
- Os jogos duravam cinco dias e, um mês antes do seu início, todos os conflitos militares em território grego ficavam estritamente proibidos, para garantir que os visitantes pudessem chegar com segurança ao local das competições.
- Os atletas competiam nus, por isso as mulheres não podiam comparecer às Olimpíadas, nem como espectadoras, nem como participantes.
- No entanto, elas podiam participar à distância. A princesa espartana Cinisca, inclusive, ganhou as competições, sem ter comparecido aos jogos. Sua parelha de cavalos foi a primeira colocada nas corridas dos jogos, em 396 e 392 a.C., e a dona dos cavalos foi considerada a vencedora.
- O mito de que em Esparta meninos fracos eram jogados no abismo, é um dos mais comuns. O antigo historiador grego Plutarco foi quem escreveu a esse respeito. No entanto, de acordo com os dados mais recentes, ele distorceu as informações para agradar às elites políticas da época. As escavações arqueológicas no desfiladeiro, onde supostamente as crianças eram jogadas, não revelaram nenhuma evidência das palavras de Plutarco. De fato, ali eram executados os prisioneiros e os criminosos.
- Porém, a educação espartana era realmente muito dura. Aos sete anos, os meninos eram enviados para campos militares especiais. Dormiam em colchões de palha e só podiam se vestir a partir dos 12 anos. Alguns colocavam urtiga sobre os seus colchões para se aquecer, chegando a se queimar. Os garotos estavam constantemente se exercitando, aprendendo a empunhar a espada e a lança. Eram obrigados a procurar comida e, muitas vezes, a roubavam.
- Um dos pratos tradicionais da Lacônia era a chamada sopa preta. Sua composição exata é desconhecida (supostamente, os principais ingredientes eram sangue de boi e lentilhas). Segundo alguns escritores antigos, seu sabor era nojento. Piadas que associam a lendária bravura dos espartanos à sopa preta são encontradas em muitos autores. A ideia se resume ao fato de que aqueles que constantemente comiam um prato tão repugnante, não davam mais valor à vida.
- O exército de Esparta era o melhor do mundo grego e por muito tempo foi considerado invencível, mas muitas das suas histórias certamente são exageradas. Por exemplo, a famosa Batalha das Termópilas, que constituiu a base do filme “Os 300 de Esparta”. De fato, contra o exército de Xerxes lutaram também os coríntios, os micênicos, os tespianos e os tebanos, entre outros. No total, os persas foram confrontados por mais de 7.000 soldados gregos. O destacamento de 300 espartanos foi acompanhado por cerca de 900 hilotas (escravos de propriedade do estado), que também participaram da batalha.
- A propósito, o mesmo destacamento real, composto por 300 espartanos, era muito mais equipado que o do filme. Os soldados usavam armas de proteção incluindo capacete, carapaça no peito e grevas nas pernas. O peso das armas de proteção totalizava cerca de 30 kg.
- Não foi apenas o destacamento dos 300 espartanos que ganhou fama especial na Grécia Antiga, mas o Batalhão Sagrado de Tebas também. Aliás, foi ele que pela primeira vez conseguiu derrubar os espartanos, considerados invencíveis. Contudo, a principal característica do batalhão de Tebas era o fato de ser composto por casais masculinos homoafetivos que juravam lealdade sobre o túmulo de Iolau, cocheiro e amigo de Hércules.
- Em geral, os gregos antigos eram pessoas muito sensíveis. Eles classificaram o amor em quatro tipos. Eros é o amor da paixão. Philia é uma palavra que significa disposição e atração das pessoas umas pelas outras, que às vezes é traduzida como “amizade”. Storge é um amor familiar que, por exemplo, os pais sentem pelos filhos. Ágape é um amor sacrificial e altruísta pelo próximo.
- Os casamentos por amor eram raros. Entre os cônjuges, no máximo podia haver philia, mas o marido costumava procurar outras mulheres para o eros.
- As mulheres que prestavam serviços íntimos eram fáceis de ser identificadas, pelo vermelho nos lábios. Se aparecessem sem essa maquiagem marcante, podiam ser punidas por não ter destacado o seu status social, enganando as pessoas.
- Os gregos antigos foram os primeiros a abolir a poligamia. Paralelamente, o celibato era severamente punido. O homem que não se casava até os 35 anos tinha de pagar impostos. Em Esparta, as autoridades forçavam os solteiros a contornar a praça central no inverno, nus, cantando uma canção escandalosa explicando por que não estavam dispostos a se casar.
- A mulher casada era totalmente dependente do marido. Não tinham direito ao voto, não podiam possuir terras e herdar propriedades, era extremamente indesejável que andassem não acompanhadas. Até seus nomes não podiam ser mencionados publicamente.
- A vida das espartanas era mais fácil, elas podiam possuir terras e praticar esportes. No entanto, deviam preparar a terrível sopa preta e, muito provavelmente, comê-la.
- Ao mesmo tempo, o gourmet em Esparta não era bem-vindo. Cozinhar pratos refinados, era proibido por lei.
- As mulheres na Grécia antiga tinham uma forma de ganhar a independência dos homens se tornassem uma hetaira ou hetera, às vezes vista como mulher de comportamento fácil, o que não corresponde à verdade. Geralmente eram bem-sucedidas e respeitadas pela sociedade. No entanto, para se tornar uma, era necessário estudar em uma escola especial, e o treinamento começava desde a infância. Além de música, dança e a arte de se vestir, as meninas aprendiam também ciências políticas, filosofia, oratória e retórica. A propósito, a famosa poetisa Safo se formou em um escola assim.
- Outra famosa hetaira, Ródopis, tornou-se o protótipo de Cinderela, no mundo dos contos de fadas. Segundo o historiador Estrabão, quando a menina se banhava, sua sandália foi levada por uma águia, trazida para Mênfis e jogada no colo do Faraó. O monarca, impressionado pela beleza da sandália, ordenou que encontrassem sua dona. O resultado da busca foi a hetaira se tornar a rainha do Egito.
- As mulheres não eram as únicas que podiam ganhar dinheiro com o entretenimento dos ricos, os homens também. Cidadãos empobrecidos eram vistos nas festas com frequência. Sua tarefa era dirigir ao anfitrião palavras lisonjeiras e fazer piadas engraçadas. Eram chamados de parasitas, que pode ser traduzido por “aquele que come da mesa do outro”.
- Falando em mesas, acredita-se que todos os gregos antigos comiam deitados, mas isso não é totalmente verdade. As mulheres e as crianças comiam sentadas à mesa, enquanto as hetairas faziam as refeições deitadas, como os homens.
- As festas de homens próximos em grupos fechados eram chamadas de simpósios (a partir dessa veio a palavra “simpósio”, no sentido atual). Passavam esse tempo se divertindo e arremessando kottabos — os restos de bebida das suas taças, tentando acertar o alvo.
- Na era homérica, a casa da família grega média era muito suja. Em primeiro lugar, o motivo era a fuligem da fumaça da lareira e a gordura da carne assada que pingava nas brasas. A madeira usada para iluminação também gerava muita fuligem, que rapidamente cobria as paredes e era absorvida pela madeira usada na construção da casa. Nos poemas de Homero, frequentemente encontramos queixas de que essa fuligem estragava as armas penduradas nas paredes.
- No auge econômico nos séculos V e IV a.C., a Grécia Antiga foi a economia mais desenvolvida do mundo. O salário médio diário dos gregos pode comprová-lo: correspondia a 12 kg de trigo. Na era romana, o salário médio de um trabalhador egípcio era de 3,75 kg.
Se pudesse viajar no tempo, você gostaria de visitar a Grécia Antiga? Qual a razão do seu interesse por esse período da história?