15+ Pessoas que simplesmente não conseguem apagar da memória as mágoas de sua infância
Algumas pessoas acreditam que devemos esquecer os ressentimentos ocorridos na nossa infância e que temos de parar de revivê-los continuamente. Contudo, às vezes, independentemente do quanto você tente, é muito difícil apagar da memória toda a mágoa. Especialmente quando você, uma criança pequena e vulnerável, foi injustamente acusada e punida não apenas por adultos desconhecidos, mas também por pessoas mais próximas.
Nós, do Incrível.club, mergulhamos de cabeça nas histórias de alguns internautas, bem como nas de nossos leitores, e esperamos que elas sirvam de exemplo de como não agir com as crianças.
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Meu pai é construtor, e, pelo que me lembro, estava sempre em viagens a trabalho. Uma vez, ele me trouxe uma boneca da Coreia do Sul, que, aliás, não existia onde morávamos. No início, meus pais não queriam me dar, porque eu supostamente poderia quebrá-la. Então decidiram esperar até o Ano Novo, depois resolveram esperar até o meu aniversário e foram adiando. Eu fazia de tudo para ganhá-la de presente, me comportava bem e tirava só nota boa na escola...
Para encurtar a história, meus pais só me deram a boneca no meu aniversário de 27 anos. No dia, consegui me conter e não chorar na frente deles, mas me senti muito triste quando voltei para casa. E francamente falando, eu só queria queimá-la para não ter mais de ver e reviver todo aquele ressentimento, mas meu marido me convenceu a guardá-la. Depois de um tempo, a boneca foi dada para minha filha pela “fada dos dentes”. © Kaiyurist / Pikabu
- Na minha adolescência (final dos anos 1980), eu passava as férias no sítio. Lá tínhamos um galpão com muitas coisas interessantes guardadas, inclusive uma moto que meu tio costumava andar. Mas depois de um tempo, a moto quebrou e, como ele não sabia consertá-la, simplesmente a largou no galpão por vários anos.
Até que no meu aniversário de 14 anos, durante uma refeição em família no sítio, meu tio me entregou a chave da moto e disse: “Pegue, desmonte, conserte. Faça o que quiser, ela é sua agora”. Nem preciso dizer que aquelas foram as férias mais incríveis que eu tive, sendo que passei quase três meses consertando a moto. Mas finalmente consegui. Eu e meus amigos conseguimos combustível e demos partida na moto! Todos os meus parentes saíram de casa olhando para mim e minha moto, surpresos. Meu tio foi até a moto, montou nela e imediatamente começou a andar. Quando voltou, ele apenas murmurou: “Bom trabalho!” e, sem explicações, estacionou a moto no galpão, levando a chave com ele. Quando tentei contestar, meus pais disseram que ele me daria a chave de volta na manhã seguinte.
Só que no dia seguinte, a moto foi vendida e eu não recebi nenhum dinheiro do meu tio. Ele disse que eu havia entendido errado e que ele nunca havia me dado a moto. Hoje, já estou com 40 anos e nunca esqueci isso. © xdizas / Pikabu
- Na minha infância, morei algum tempo com meu avô. Sempre que eu lavava a louça e deixava, por exemplo, a tampa escorregar acidentalmente das minhas mãos fazendo barulho, ele gritava tanto comigo que eu temia que ele me batesse. Eu ficava quieta o tempo todo e tinha medo até de respirar na frente dele. Sou casada e vivo muito longe do meu avô, mas mesmo hoje, quando deixo cair alguma coisa, tenho um ataque de pânico. © “Подслушано” / Ideer
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Meu tio trabalhava em uma fábrica de caminhões e eles tinham um departamento que produzia miniaturas dos veículos para venda.
Ele me presenteou com um desses caminhõezinhos no meu aniversário de 7 anos e, desde então, ganhava um novo a cada ano. Eu ficava tão feliz! Porém, toda vez que meu tio ia embora, minha mãe tirava o brinquedo de mim, colocava na prateleira e dizia: “Você vai quebrar se tocar neles. Isso não é brinquedo, é souvenir. Vou devolvê-los quando você crescer”. Os sete caminhõezinhos que ganhei ao longo dos anos ficaram na prateleira por muito tempo até que, quando voltei do exército, descobri que não estavam mais lá.
— Mãe, onde estão os caminhões?
— Eu dei pro meu sobrinho, você não brinca com eles mesmo.
Eu ainda sinto mágoa disso! No começo, ela não me deixava brincar com eles e depois simplesmente deu os MEUS caminhões. © guzel77 / Pikabu
- Minha mãe me culpava por ela não ter conseguido reconstruir a sua vida após o divórcio com meu pai (ele nos deixou quando eu tinha 3 anos). Ela era uma mulher linda, mas sempre foi uma pessoa bastante egoísta, ou melhor, egocêntrica. Ainda me lembro dela dizendo: “Que pena que não te mandei para um orfanato”. Depois de muitos anos, quando eu falei sobre isso, ela negou fervorosamente.
Essa atitude dela em relação a mim me afetou? Sim, sem dúvida: a falta de autoconfiança e a sensação de que ninguém precisa de mim me acompanham por toda a vida. © Таня / AdMe - Eu tinha entre 10 e 11 anos. Como outras crianças, sonhava em ter uma bicicleta. Quando contei a meus pais sobre meu desejo, eles me disseram para ir ao sítio da minha avó e ganhar o dinheiro que eu precisava colhendo pepinos na plantação. E foi o que fiz: levantava todas as manhãs às 4h30 e colhia pepinos até as 16h debaixo de sol, por dois meses. Eu trabalhava nas mesmas horas que os adultos e meu salário também era bom... mas era minha avó que recebia o dinheiro por mim. No fim, minha avó entregou todo o salário que eu recebi (que dava para comprar oito bicicletas do modelo que eu queria) para os meus pais.
Acontece que um garoto vizinho havia sofrido um acidente de bicicleta e, por isso, meus pais ficaram preocupados e não permitiram que eu comprasse uma.
Mesmo hoje, aos 63 anos, sinto ressentimento por causa do que fizeram. É por isso que meu filho tem cinco bicicletas e até um carrinho de kart. © TomasKaukaz / Pikabu
- Sempre fui uma boa menina, uma excelente aluna, ajudava meus avós e não gostava de festas. Quando fiz 13 anos, minha escola decidiu organizar um baile que acabaria às 21h. Meus pais me disseram que, quando tudo acabasse, eu deveria ir imediatamente para casa (a escola ficava bem ao lado de onde morávamos). “Sim, claro. Estarei em casa assim que o baile acabar”. Eu realmente ia fazer isso, mas não esperava que nossos professores estendessem nossa diversão tocando mais duas músicas.
Por causa disso, cheguei em casa às 21h20. Meus pais furiosos, disseram que haviam me procurando em todos os lugares na escola e não conseguiram me encontrar e me acusaram de fazer coisas ruins. Minhas explicações, de que eu estava na escola dançando com meus amigos, que minha promessa de voltar para a casa quando o baile acabasse havia sido cumprida, e que por não ter um relógio não sabia que já passava das 21h, não foram aceitas. Comecei a chorar, porque eles não acreditaram em mim e ficaram pensando que eu era uma menina má. Levei muito tempo para deixar isso de lado. © Ирина Чубарова / Facebook - Sempre fui um excelente aluno e um dia colocaram um aluno que não ia muito bem na escola ao lado da minha carteira para que eu pudesse ajudá-lo.
Uma vez ele copiou todo o meu trabalho, vírgula por vírgula. Tirei uma nota baixa por isso e o menino também. Minha mãe me puniu, e ainda me lembro de como fiquei chateado. Mas a professora viu que ele copiou, porque eu estava sentado na primeira carteira, bem na frente dela. © Svetlana Frank / Facebook
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Não lembro quantos anos eu tinha exatamente. Meu pai nos deixou quando eu tinha 4 anos e minha mãe trabalhava muito. Uma vez, eu estava realmente ansioso esperando ela voltar do trabalho e decidi preparar o jantar. Os ovos fritos que resolvi fazer queimaram e a frigideira sujou, mas ainda assim eu estava contente e esperando por ela. Ela voltou para casa com uma amiga e começou a gritar muito comigo. Até a amiga dela tentou me defender.
Muitos anos se passaram desde então, e agora eu tenho um filho adulto, mas ainda carrego comigo a mágoa que senti naquele momento. © Леонид Гняздовский / Facebook -
Eu tinha cerca de 10 anos de idade. Meu pai trabalhava em um vilarejo onde minha avó vivia, pois não havia trabalho na cidade onde morávamos. Na véspera de Ano Novo, eu e meu pai fomos ao vilarejo e nos deram três caixas de doces (para mim e minhas irmãs). Uma das caixas sumiu, e minha avó me culpou, pois eu adorava doces.
Como resultado, as outras caixas foram dadas para as minhas irmãs, enquanto eu não pude comer nada. E, claro, fiquei ainda mais chateada por vê-las comendo os doces enquanto eu apenas olhava. Muitos anos se passaram e eu ainda não consegui esquecer isso. © Oxana Haradezki / Facebook
- Meus pais acreditavam que crianças não deveriam ser mimadas. Uma vez, meu pai comprou um melão, e eu e minha irmã ficamos atrás da porta esperando que nos convidasse, mas ele comeu tudo sozinho e saiu em silêncio. Corremos para mordiscar o que tinha sobrado nas cascas e não percebemos que nosso pai havia voltado. Ao nos ver, apenas riu e disse que nós, assim como as vacas, comíamos as cascas. © “Подслушано” / Ideer
- Sempre que eu ficava doente ou me feria, meus pais me diziam para “sorrir e ser paciente”, porque eles próprios não queriam lidar com isso. Por muitos anos, aguentei em silêncio qualquer machucado ou problema de saúde. Agora sou casada e tenho um marido sempre pronto para me ajudar, mas mesmo assim ainda não me sinto à vontade para avisá-lo quando não me sinto bem, pois, graças aos meus pais, sinto que ninguém mais deveria ter de lidar com minha dor além de mim. © KadenzaKat98 / Reddit
- Quando estava me mudando para um país diferente, queria levar comigo as fotos da minha infância, mas minha mãe não deixou, usando a desculpa de que eu poderia perder as fotografias e que com ela o álbum estaria a salvo. Quando convidei minha mãe para visitar minha nova casa, pedi que trouxesse essas fotos, mas descobri que ela tinha jogado tudo fora ao limpar a casa. Agora não falo mais com minha mãe, e ela não entende por quê. Para ela, são apenas fotografias, mas para mim eram lembranças. Sinto como se minha infância tivesse sido tirada de mim. © “Подслушано” / Ideer
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Eu também tenho muitas dessas memórias. Uma delas aconteceu quando eu estava no nono ano da escola.
Meus pais: “Tudo bem se você não tirar 10, mas tente fazer o seu melhor”.
Eu: “Tirei 9”.
Meus pais: “O quê? Como assim? Por que você está alegre? Como vamos sair na rua agora? Que vergonha!”
E continuou assim por uma semana inteira. © Honey / AdMe - Quando eu tinha 10 anos, minha mãe perguntou o que eu queria de presente de aniversário. Eu respondi que queria uma bicicleta que estava à venda em um brechó. Ela argumentou que era muito caro e que não podia comprar. Então, no dia do meu aniversário, saí no quintal e vi que meus pais compraram uma lambreta para o meu irmão mais velho. Eles inclusive fizeram um empréstimo para comprá-la. Comecei a chorar de ressentimento (e nem me deram parabéns). Minha mãe ainda me deu uma bronca e disse que eu era uma garota gananciosa e ruim. Estou com 46 anos e isso ainda me magoa muito. © Лада Кургина / Facebook
Seus entes queridos já fizeram algo que ainda te faz ter mágoa?