12 Questões intrigantes de quem voltou do estado de coma
É um pouco desconfortável admitir que, no mundo moderno, o estado de coma tenha se tornado um fenômeno, de certa forma, ’idealizado’. Explicando melhor: quantas histórias e roteiros de filmes se baseiam, por exemplo, na ideia de que uma pessoa reavalia sua vida, conserva a juventude, consegue o perdão ou até mesmo sai da zona de conforto depois de ter passado por essa situação?
O Incrível.club decidiu pesquisar o que as pessoas que realmente experimentaram o estado de coma sentiram e como vivem agora.
Antes falar sobre o mundo da perda de consciência, queremos lembrá-lo de que esse estado pode ser ocasionado por acidentes muito mais triviais do que costumamos imaginar. Pode ser por uma lesão cerebral simples, uma intoxicação ou até problemas na circulação.
Por quanto tempo uma pessoa pode ficar em coma?
Nenhum coma dura mais do que 4 semanas. O que acontece a seguir não é mais coma, mas um dos seguintes estados: ou recuperação, ou estado vegetativo (por exemplo, quando os olhos estão abertos), ou a condição de mínima consciência (quando a pessoa inconscientemente reage ao ambiente), ou o estupor (um sonho profundo e contínuo) ou a morte. Em qualquer caso, existe uma lei universal: quanto mais tempo uma pessoa ficar em coma, menor a chance de sair dele.
Mas a história da medicina conhece muitas exceções ou casos em que uma pessoa acordou não de um coma dezenas de dias depois, mas dezenas de anos depois. Por exemplo, uma década atrás, notícias de que um ferroviário polonês, Jan Grzebski, tinha saído de um coma que durara 19 anos se espalharam pelo mundo. E o coma mais longo, de acordo com o Guinness Book of Records, o da americana Elaine Sposito (que entrou nesse estado por conta de uma anestesia mal feita) durou cerca de 37 anos. Mas, infelizmente, a paciente nunca saiu dele.
Devido a esses casos, os médicos e parentes da vítima muitas vezes têm de enfrentar uma das questões éticas mais complexas: deixar o paciente em coma ou desconectá-lo dos aparelhos que o mantêm vivo. Em boa parte dos casos, no final, tudo é decidido pelo dinheiro. Os custos hospitalares para manter um paciente em coma são altíssimos.
Na Internet há apenas uma estatística mais ou menos confiável sobre o assunto, e de 2002. Naquele então, a manutenção anual de um paciente em coma custava, em média, cerca de 140 mil dólares. Para pacientes de baixo risco, esse custo era de aproximadamente 87 mil dólares por ano.
Uma pessoa em coma ouve algo?
Aqui a resposta é bastante complicada, pois tudo depende da profundidade do coma, de sua classificação e das razões que o causaram. A maioria dos médicos aconselha, em qualquer caso, a tratar o paciente como se ele estivesse ouvindo. Isso porque muitas das pessoas que experimentaram esse estado o descrevem como um sonho comum ou algo como o seguinte:
O que as pessoas em coma viram?
Como sabemos, a maioria das pessoas lembra do coma como se fosse um sonho rápido. Mas há também aquelas que ’veem’ algo durante esse estado misterioso e aqui estão as principais variedades dessas visões:
- Um túnel. Existe a suposição de que é assim que as pessoas veem a luz das lâmpadas sobre a mesa de operações.
- Batalhas.
- Lembranças próprias (especialmente com a participação de membros da família).
- Reações ao meio ambiente.
- Conexões espirituais
Uma pessoa pode realmente estar consciente enquanto está em coma?
Sim. É a chamada síndrome de encarceramento. É quando o paciente é diagnosticado com coma e tem a consciência clara, vê e ouve tudo, mas como resultado de uma paralisia e perda completa da fala, não consegue se expressar. O pior é que, na presença de tal paciente, todas as questões médicas formais são discutidas livremente, incluindo a probabilidade de morte, a subsequente distribuição de seus órgãos (sim, aconteceu), ou mesmo atos de natureza violenta (isso também já aconteceu), que podem causar um transtorno mental traumático.
O lado bom é que esses casos mostram que existe uma saída possível do coma. E isso confirma novamente o fato de que você sempre deve falar com o paciente, como se ele pudesse entender o que está sendo dito.
É possível sair do coma, fugir correndo e imediatamente reconstruir a vida, como nos filmes?
Não.
Os músculos de uma pessoa que não acorda há muito tempo e não realiza nenhum exercício físico perdem massa e enfraquecem. O mais provável é que não consiga sequer movimentar seus membros imediatamente, muito menos se levantar e correr.
Se uma pessoa entra em coma quando criança, seu corpo vai crescer e se desenvolver?
Em um coma prolongado, o trabalho de todos os órgãos e sistemas do organismo em geral diminui, ocorre atrofia muscular, o nível de hormônios e o volume de sangue circulante se reduzem, mas tudo continua a funcionar. Portanto, a pessoa crescerá ou envelhecerá de qualquer maneira, embora muito mais lentamente do que seus contemporâneos.
Por exemplo, a já mencionada Elaine Esposito, entrou em coma aos 6 anos de idade e assim ficou por 37 anos, apenas abrindo os olhos algumas vezes, mas nunca acordando completamente. Durante esse tempo, ela chegou a ganhar 39 kg e seus cabelos ficaram ligeiramente grisalhos.
As mulheres que estão em coma menstruam?
Como já descrevemos no parágrafo anterior, o organismo e, em particular, o útero, continua funcionando normalmente. Por isso a menstruação ocorre. Nesse período, os enfermeiros usam absorventes higiênicos especiais ou fraldas para adultos.
Se uma mulher grávida entrar em coma, o que acontecerá com seu filho?
É possível entrar em coma devido a um trauma mental?
Apenas indiretamente: até mesmo um estresse banal pode causar ataques ou acidentes que, por sua vez, podem levar ao coma.
Por que algumas pessoas adquirem habilidades incomuns depois de sairem do coma?
Mesmo sem levar em consideração os casos paranormais, em que as pessoas supostamente descobrem que têm superpoderes depois de deixar o coma, coisas estranhas acontecem. Há casos registrados de pessoas que, depois do coma, de repente começaram a falar em outro idioma.
- O australiano Ben McMahon estava estudando chinês. Em 2012, após um acidente de carro, ficou em coma por uma semana e, quando acordou, começou a falar chinês perfeito. Mas, ao mesmo tempo, não sabia mais falar inglês. Algum tempo depois, ele se lembrou de sua língua materna, mas não perdeu a capacidade de falar chinês, o que o ajudou a encontrar uma namorada em um programa de televisão naquele país. Que destino!
- A mesma história (embora menos romântica) aconteceu com a croata Sandra Ralic, que estudou alemão. Depois de um dia em coma, Sandra não se lembrava da língua croata, mas falava um alemão perfeito.
- Uma situação ainda mais estranha ocorreu com o americano Michael Boatwright, um viajante e professor de inglês que, depois de um coma, acordou falando sueco e afirmando que seu nome era Johan Ek.
Esses tipos de anomalias ainda não têm explicação científica.
Como você pode ajudar uma pessoa que está em coma?
Embora haja casos surpreendentes de pessoas que acordam ao ouvir determinadas palavras que são importantes para elas, como um som familiar (como, por exemplo, este homem acordou graças a uma música dos Rolling Stones), isso não é uma panaceia.
De qualquer forma, como já dissemos, vale a pena conversar com o paciente, colocar suas músicas favoritas, acalmá-lo e tocá-lo.
Além disso, é possível ver ou sentir respostas a alguns sinais não verbais, que indicam uma reação positiva e que podem ser usados para configurar um sistema de comunicação (sim / não): uma pessoa pode se comunicar, mesmo apenas com a contração de algum músculo da mão.
É possível se recuperar completamente depois de um coma?
Cada caso é individual: ninguém pode dar uma previsão precisa. Mas, geralmente, até mesmo uma semana em coma deixa sequelas e termina em uma reabilitação de muitos anos. Por exemplo, aqui estão as histórias de pessoas que acordaram do coma.
Apesar das complicações, mesmo depois de um coma prolongado, é possível voltar à vida normal. Mas não se sabe quanto tempo isso leva (cada caso é único) e as chances de que a pessoa possa viver como antes são muito remotas.
Portanto, no final deste post, queremos voltar a uma das questões mais difíceis: temos de lutar até o fim por uma pessoa, cujo cérebro pode ter morrido há muito tempo, ou devemos permitir que essa pessoa vá embora sem sofrimento, pressionando o botão da “desconexão”?
A questão é mais que complexa. Qual a sua opinião?