11 Verdades proibidas sobre os samurais que nunca chegaram aos filmes

Curiosidades
7 horas atrás

Graças aos filmes e séries, muitos imaginam os samurais como guerreiros destemidos que seguiam um rígido código de honra e estavam sempre prontos para sacrificar a própria vida por seu senhor. No entanto, essa visão idealizada está longe da realidade. Fomos atrás da verdade para descobrir quem realmente eram os samurais e quais crenças sobre eles não passam de mito.

Os samurais surgiram no Japão por volta do século IX

Algumas pessoas acreditam que os samurais surgiram no Japão em tempos antigos. No entanto, segundo muitos historiadores, essa classe de guerreiros apareceu no período Heian, entre os anos 794 e 1185. Foi nessa época que membros influentes do clã Fujiwara assumiram cargos importantes no governo, levando muitos proprietários de terras ricos a se afastarem da corte imperial em busca de novas oportunidades. Eles eram acompanhados por seguidores armados, que passaram a ser chamados de samurais.

Em japonês, a palavra samurai significa algo como “aquele que serve”. Ou seja, originalmente, o termo não estava necessariamente ligado a guerreiros ou combatentes. O auge dos samurais começou em meados do século XII, quando o imperador perdeu influência e outras famílias entraram na disputa pelo poder. Foi o talento militar de um samurai que garantiu a vitória decisiva de um dos clãs, consolidando o status privilegiado dessa classe de guerreiros a partir de então.

Os samurais estavam longe de seguir sempre um código de honra

Acredita-se que os samurais seguiam um rígido código moral conhecido como Bushidō. Esse conjunto de regras realmente existiu, mas passou por diversas mudanças ao longo do tempo. Além disso, o termo Bushidō, como referência a um código de conduta, era pouco utilizado até épocas mais recentes. No início, os samurais não tinham um vínculo inquebrável com seus senhores — se seu líder morresse em batalha ou os tratasse mal, eles poderiam simplesmente buscar um novo mestre.

Tudo mudou com a ascensão do clã Tokugawa ao poder no início do século XVII. Com o estabelecimento da paz no Japão, a necessidade de tantos guerreiros experientes diminuiu. Foi nesse período que o código samurai sofreu alterações.

Os próprios samurais enfrentaram dificuldades para se adaptar a uma vida sem guerras, e algumas diretrizes do Bushidō surgiram como uma tentativa de dar significado a essa nova realidade. No entanto, traições e revoltas contra os senhores aconteceram em todas as épocas e nunca foram consideradas algo extraordinário. Um viajante europeu que esteve no Japão no século XVI chegou a se chocar com os costumes da corte, onde conspirações e intrigas eram comuns. Em suas observações, ele notou que ninguém confiava em ninguém — todos fingiam amizade, mas estavam prontos para trair ao menor sinal de oportunidade.

O status de samurai podia ser comprado ou conquistado

Os primeiros samurais realmente eram descendentes da aristocracia, mas, com o passar dos séculos, qualquer guerreiro habilidoso e corajoso no campo de batalha poderia receber esse título. Em períodos de guerras intensas, o status de samurai chegou a ser concedido indiscriminadamente. Durante o período Edo (1603–1868), qualquer pessoa poderia se tornar samurai simplesmente pagando uma quantia significativa de dinheiro.

Além disso, até mesmo estrangeiros podiam conquistar esse título. Um dos casos mais famosos é o de Yasuke, que, segundo registros, nasceu possivelmente em Moçambique e chegou ao Japão acompanhando um missionário jesuíta. Não se sabe ao certo se o sacerdote o encontrou na África ou na Índia, mas decidiu contratá-lo como guarda-costas. Sua pele escura e estatura impressionante (cerca de 1,80 m) chamaram a atenção dos japoneses, embora africanos já tivessem aparecido no país antes.

Em uma das cidades por onde passou, tanta gente se reuniu para ver o guarda-costas que a multidão acabou causando danos a alguns prédios. O famoso comandante Oda Nobunaga, impressionado por Yasuke falar um pouco de japonês, decidiu recrutá-lo para seu serviço. Os historiadores ainda debatem se Yasuke pode ser considerado um verdadeiro samurai, mas sabe-se que Nobunaga lhe presenteou com uma espada — um sinal claro de prestígio e alto status. Outros estrangeiros também se tornaram samurais, como o navegador William Adams, cuja trajetória inspirou o protagonista do romance Shōgun.

A katana não era a principal arma escolhida pelos samurais

Outro equívoco comum é a ideia de que a katana era a principal arma dos samurais. Na realidade, esse tipo de espada tinha um valor mais simbólico do que prático. Durante a Idade Média, era comum que os governantes presenteassem seus seguidores com espadas como forma de reconhecimento por feitos heroicos ou serviços prestados. As katanas eram extremamente caras, tornando-se um luxo inacessível para muitos guerreiros. Em muitos casos, elas eram passadas de geração em geração dentro das famílias.

No campo de batalha, os samurais preferiam utilizar lanças e longos arcos, e não hesitavam em adotar armas de fogo ocidentais quando estas chegaram ao Japão. Já a katana era mais comum em duelos, brigas de rua e até em saques. Embora os samurais levassem suas espadas para a guerra, elas eram usadas principalmente como armas secundárias.

Os samurais nem sempre foram guerreiros

Muita gente acredita que os samurais eram uma pequena elite de guerreiros, mas, na realidade, seu papel na sociedade mudou bastante ao longo dos séculos. No início, eles atuavam na cobrança de impostos, manutenção da ordem pública e como guarda-costas. A partir do final do século XII, os samurais tomaram o controle das províncias e passaram a tentar impor sua vontade ao imperador, muitas vezes recorrendo à força.

Já no século XVI, com a chegada de um período de paz no Japão, os samurais se tornaram administradores e burocratas, vivendo em cidades densamente povoadas ou em suas propriedades rurais. Por isso, a imagem retratada em O Último Samurai está longe da realidade. Nenhum samurai teria se isolado nas montanhas para treinar com sua espada todos os dias — caso fizesse isso, suas terras entrariam em declínio e ele rapidamente ficaria na miséria. Além disso, por volta do século XIX, os samurais representavam cerca de 5% da população japonesa, mas controlavam a maior parte das riquezas do país. Assim, quando perderam seus privilégios, a sociedade japonesa não demonstrou grande pesar.

Alguns samurais sonhavam em se tornar ronins

Em japonês, a palavra ronin pode ser traduzida como “andarilho” ou “homem à deriva”, alguém levado de um lado para o outro pelas ondas, sem um destino certo. Se um samurai violasse o código de conduta ou se rebelasse contra seu senhor, ele poderia se tornar um ronin. Nesse caso, perderia todos os seus privilégios, seria rebaixado ao status de camponês e tratado com desprezo.

Os ronins eram temidos, e com razão — muitos recorriam ao banditismo, à pirataria e, de modo geral, representavam uma ameaça à ordem social do Japão. No entanto, alguns samurais se tornavam ronins por escolha própria e até buscavam esse destino. Eles acreditavam que, sem um senhor a quem deviam obediência absoluta, poderiam seguir o código moral de maneira mais fiel e autêntica.

Um samurai não podia punir um camponês por qualquer motivo

Em séculos passados, existia uma lei que permitia a um samurai punir imediatamente um camponês ou comerciante — qualquer pessoa de status social inferior — caso se sentisse ofendido. No entanto, ao contrário do que é mostrado na recente série Shōgun, os samurais não tinham liberdade para matar camponeses indiscriminadamente e sem motivo. Essa lei era restrita por várias regras rigorosas e, após qualquer incidente, um julgamento sempre era realizado para avaliar a situação.

O samurai não podia demonstrar seus sentimentos por sua esposa em público

Os samurais buscavam o casamento, mas, em geral, ele tinha um propósito bem definido: garantir a continuidade da linhagem e gerar um herdeiro. Acreditava-se que o amor por uma mulher enfraquecia o guerreiro, tanto fisicamente quanto mentalmente. Demonstrar afeto em público era malvisto — se um samurai beijasse sua esposa diante de outras pessoas, poderia ser chamado de fraco, o que era considerado uma grave ofensa.

As katanas costumavam quebrar muito

Uma katana tradicional era afiada ao longo de vários dias com diferentes pedras de amolar, até que sua lâmina ficasse com apenas alguns milímetros de espessura. Essa técnica permitia que o fio se mantivesse afiado por anos, sendo capaz até de cortar fios de cabelo com facilidade. No entanto, contra materiais mais resistentes, seu desempenho deixava a desejar.

Quando o Japão enfrentou a invasão mongol no século XIII, os samurais tiveram que lutar contra guerreiros equipados com armaduras pesadas. As katanas frequentemente ficavam presas nas couraças de couro e, em muitos casos, quebravam. Como resultado, os ferreiros japoneses começaram a produzir espadas mais pesadas e robustas. Além disso, a qualidade do aço japonês, muitas vezes enaltecida, nem sempre correspondia à realidade.

Os samurais mal podiam se movimentar com a armadura tradicional

A armadura tradicional dos samurais, usada do século X ao início do século XIV, foi projetada para combates a cavalo, permitindo que os guerreiros disparassem flechas com eficiência. No entanto, quando um samurai precisava lutar corpo a corpo usando uma espada, a armadura se tornava mais um obstáculo do que uma vantagem. Além disso, o peso do equipamento — cerca de 25 a 26 quilos — tornava a movimentação ainda mais difícil.

No século XVI, Tokugawa Ieyasu ordenou que os capacetes dos samurais fossem forjados em ferro. Mas a intenção não era necessariamente aumentar a proteção dos guerreiros — e sim permitir que eles usassem os capacetes para cozinhar arroz durante as paradas militares. Há também uma lenda de que as tradicionais calças hakama, usadas pelos samurais, serviam para esconder os movimentos das pernas, dando-lhes uma vantagem no combate. Na prática, porém, esses trajes largos eram desconfortáveis e podiam até dificultar a mobilidade, aumentando as chances de derrota em batalha.

Além disso, durante o período Edo, os samurais eram obrigados a usar um modelo ainda mais longo e desconfortável de hakama, conhecido como naga-bakama, ao frequentar a corte imperial. Essas vestimentas restringiam os movimentos, tornando impossível caminhar rapidamente. Dessa forma, um samurai não poderia atacar de surpresa seu senhor ou qualquer outro membro da corte.

O penteado Tenmage não surgiu por acaso

Durante o período Edo, os samurais raspavam a parte frontal do topo da cabeça, alisavam os cabelos restantes para trás e os amarravam em um rabo de cavalo. Inicialmente, esse penteado tinha uma função prática: o coque ajudava a manter o capacete firme, enquanto a parte raspada reduzia a transpiração sob a armadura. Com o tempo, o Tenmage passou a simbolizar status e prestígio. No entanto, quando o imperador Meiji revogou os privilégios dos samurais em 1871, ele também ordenou que cortassem os cabelos curtos, marcando simbolicamente o fim de sua era.

Aliás, muitos peculiaridades do dia a dia no Japão moderno podem confundir completamente os viajantes.

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